Wednesday 25 August 2010

No balanço do VI Festival Nacional da Cultura

Ministro advoga que os artistas devem valorizar-se diante do empresariado

Maputo (Canalmoz) – Alguns sectores sociais consideram que o sexto Festival Nacional da Cultura (FNAC), decorrido recentemente em Chimoio, foi um fiasco, senão mesmo o pior em relação aos anteriores festivais. Todavia, o ministro da Cultura, Armando Artur, considera que o Festival em alusão “correu bem”. Argumenta que através do mesmo se contribuiu para a consolidação da unidade nacional do povo moçambicano.
Armando Artur diz mais: o Festival Nacional da Cultura serviu igualmente para promover o intercâmbio entre os artistas e as artes nas suas diversas vertentes.
Contudo, o ministro reconhece, por um lado, ter havido fraco apoio aos fazedores da arte moçambicana. No seu entender, o que originou tal situação foram as dificuldades enfrentadas pelos mesmos artistas. Por isso, segundo advoga, eles devem, perante o empresariado, fazer valer a sua condição de criadores de arte, conforme clarifica a lei de mecenato.
Armando Artur falava ontem em Maputo à margem de um encontro com jornalistas a área cultural, após o balanço do VI Festival Nacional da Cultura (FNAC) havido em Chimoio. A ocasião serviu para projectar o próximo evento que terá lugar em Nampula, em 2012.
Por outro lado, Armando Artur diz que avarias do sistema de fibra óptica da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM) também embaraçaram a comunicação no decurso do FNAC.

Faltou a eficácia

O governante reconheceu ainda que faltou eficácia no FNAC. Contrariamente às 1500 pessoas previamente contabilizadas e que deviam estar sob cuidados do Ministério da Cultura, garantindo-lhes logística e alimentação, “tivemos que suportar um pico de 3 mil pessoas”. Ele acrescenta que “o maior problema, comparativamente aos outros festivais, foi a gestão do evento”. “Não conseguimos responder eficazmente à demanda”, afirma.

Jornalistas e artistas terão um Gabinete Central

Ontem, Armando Artur, momentos antes de se reunir com os profissionais de comunicação social, manteve um encontro com os fazedores da arte. Com estes profissionais a agenda era a mesma: a criação de um Gabinete Central, no qual jornalistas, assim como artistas terão um representante para facilitar a sua participação nos festivais nacionais de cultura. “Pretendemos que o festival seja cada vez mais abrangente e inclusivo”, anseia o ministro.
Os artistas prontificaram-se a se organizar com vista a eleger o seu representante. Os jornalistas manifestaram-se ainda sem uma posição clara sobre o assunto. Todavia, haverá mais encontros para se desenvolver a ideia como forma de preparar o VII FNAC.
Enquanto isso, respondendo-se a uma questão colada pelo autor destas linhas, discutiu-se a necessidade de se criar uma página de Internet para divulgação de actividades culturais no país, bem como para servir como um arquivo histórico do FNAC.

Festival deve render dinheiro

Segundo o ministro da Cultura, as dificuldades com que se debateu a equipa da logística do seu ministério e os operadores de diversos sectores em Chimoio, provaram que os festivais nacionais de cultura podem e devem gerar dinheiro.
Armando Artur, para quem os artistas devem vender o seu produto de forma a melhorar a sua condição social, apela à necessidade de se “industrializar” e “criar mecanismo de vender” cada vez mais os produtos artísticos expostos no FNAC, considerada a maior feira cultural nacional.

(Inocêncio Albino)

1 comment:

V. Dias said...

Cria-me dó ver como o país perde por não apostar nas artes, no património. Uma cidade como Évora, sem industrias nem grandes serviços, sobrevive-se a si e dá emprego há muitas famílias graças ao arte, o turismo, o património.

Que pena, temos a ilha de Moçambique à deriva. Temos o país todo que é museu a céu aberto à deriva.

Agora é que me conformo mesmo: o problema não são das moscas é da lixeira que está pobre. Onde anda a lucidez de Armando Artur??? A lei de mecenato??? O incentivo aos jovens??? A recuperação da ilha, das fortalezas de Tete, etc? Tudo abandonado.

Zicomo