Wednesday 23 June 2010

Rio Zambeze transborda


Extensas áreas de diversas culturas alimentares a jusante da bacia do rio Zambeze, nos distritos de Tambara, Mutarara, Chemba, Caia e Mopeia nas províncias de Manica, Tete, Sofala e Zambézia, respectivamente, encontram-se completamente inundadas em consequência da subida do caudal daquele curso de água, esta semana, que deriva da abertura de comportas da barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).

Até ontem previa-se ainda um incremento dos actuais 2.500 para cinco mil metros cúbicos por segundo.

De acordo com o delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) em Sofala, Luís Pacheco, as descargas em curso enquadram-se nas medidas de segurança em relação à capacidade de encaixe da albufeira daquela infra-estrutura hidráulica pelo facto de se encontrar neste momento a receber um elevado volume de água proveniente a montante de alguns países vizinhos com destaque para a Zâmbia e Angola, um fenómeno pouco comum por estas alturas do ano.

Falando ontem à nossa Reportagem, a fonte acrescentou que tudo se deve ao fenómeno de alterações climáticas em que ao nível da região da África Austral o pico das cheias da última estação chuvosa se fez sentir relativamente tarde até aos passados meses de Janeiro e Fevereiro. A HCB deveria então fazer o escoamento de grande volume de água até Março passado o que apenas acontece agora.

Em Dezembro último, entretanto, a mesma barragem chegou a libertar um caudal na ordem de três mil metros cúbicos por segundo, tendo consequentemente provocado inundações moderadas a jusante do Zambeze. Na altura, não se fizeram descargas de grandes volumes pelo facto de as chuvas terem acontecido relativamente tarde no interior e a montante daquele que é um dos principais rios do nosso continente.

Mesmo assim, Pacheco tranquiliza a todos afirmando que neste momento não há qualquer motivo de alarme, pois, segundo suas palavras, o INGC e as Administrações Distritais situadas ao longo do Zambeze em Sofala já se encontram em alerta máximo com a reactivação dos Comités Locais de Gestão de Calamidades.

Consubstanciou que os activistas ligados a esta componente começaram a desdobrar-se pelas ilhas disseminando mensagens de aviso para a retirada das pessoas das zonas susceptíveis a inundações para áreas seguras como forma de evitar uma possível perca de vidas humanas. Deste modo, não se espera que haja qualquer intervenção de emergência no que tange a um provável resgate de vítimas.

Contudo, o delegado do INGC em Sofala realçou que ao nível daquela província as inundações em curso poderão afectar algumas zonas ribeirinhas dos distritos de Chemba e Caia, arrasando culturas alimentares em áreas ainda não calculadas. Por outro lado, as mesmas previsões apontam para inundações de pequena monta em algumas comunidades na região de Marromeu, caso se atinja uma leitura de cinco metros na escala hidrométrica montada naquela vila.

Sobre o assunto, o director da Agricultura em Sofala, Luís Coimbra, disse ao nosso Jornal que o seu sector está já a trabalhar em coordenação com o INGC visando a mitigação dos prejuízos resultantes desta adversidade atmosférica. Sublinhou, entretanto, ter arrancado ainda esta semana o trabalho de levantamento da área e camponeses assolados.

Por seu turno, o administrador de Chemba, António Januário, dedicou todo o dia de ontem à avaliação do impacto negativo das inundações do grande Zambeze.

fonte: Jornal Notícias

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