Não se pode falar do presente, sem os reflexos do passado
António de Almeida
“Quem não sabe prestar contas de Três milénios Permanece nas Trevas ignorante,
E vive o dia que passa”
JOHANN WOLFGANG GOETHE
Tenho acompanhado muitos debates interessante nos órgãos de comunicação social, mas o que mais me chamou atenção foi a presença do senhor Sérgio Viera, na sua participação no programa Moçambique em Concerto do Jorge Gabriela da TVM, quando questionado, a quem não tirava chapéu?
Aí sim, o Sérgio Viera, troce a tona e perante as várias telas de Moçambique o tamanho desmedido de uma ignorância já mais vista, ao responder que não tirava chapéu aos lacaios do apartheid, os tais que dizem ser pais da democracia em Moçambique.
O Gabriel voltou a perguntar, o Dhlakam?
Sim esse mesmo, disse o Vieira.
Não estou contra ele não tirar o chapéu a Dhlakama, mas fico preocupado quando uma alta patente da FRELIMO, usa a política do macaco, apontando o rabo do outro.
Quando esse senhor usa esse termo, os lacaios do apartheid, já se esqueceu que ele também é um lacaio mas do comunismo?
Se esqueceu que foi esse comunismo que desgraçou os moçambicanos quando ele e seus apaniguados usurpavam os bens de todos os moçambicanos para enriquecer meia dúzia de indivíduos que dizem ter libertado o meu povo?
Se esqueceu das casas que ele e seus amigos tiraram das pessoas que ficaram na rua? Em fim muita maldade sem precedentes, até que os ditos lacaios do apartheid disseram chega! E bum, a bomba rebentou e foi-se o comunismo, e o povo, apesar de ter sofrido com os dezasseis anos de guerra, sentiu pela primeira vez o cheiro da liberdade, sem ter um espia atrás para o mandar para a B.O.
Hoje já não existem as cooperativas de consumo, onde tinha-se que comprar pão na quantidade do agregado familiar, como se a barriga tivesse preço.
Hoje já não temos que andar com guias de marcha como um documento de identidade e confirmação.
Hoje já não se vê fuzilamentos e nem fuzilados como naquele tempo em que o senhor Vieira também mandava para o inferno a quem quisesse, perante uma moldura de crianças obrigadas a assistir tais barbaridades.
Sabe porquê?
Porque aqueles quem o senhor acha de lacaios do apartheid silenciaram as maldades de um regime doentio do qual fizeste parte e conferiste as maldades na primeira pessoa.
Podes até não tirares o chapéu para o Dhlakama, mas não podes negar os factos de que graças a sua luta e de outros que tombaram em terra, o povo sente-se mais ou menos livre.
Negar os factos é próprio de ignorantes, que nem se quer recordam-se nalgum momento já fizeram bem a alguém. E muitas das vezes esse tipo de pessoa, nem se quer sabe fazer as contas do tempo que com ela corre lado a lado.
Até querem acreditar ao povo de que antes de libertarem o povo, como afirmam todos babados, não existiam intelectuais.
Mas que mentira meus senhores!
Este país já teve homens de verdade, que ao invés de combater com as armas, combateram com intelecto e diplomacia, e foram banidos por um sistema que só se enquadra no estrato social dos crocodilos.
Podes não tirar o seu chapéu a quem quiseres, mas espero que não fiques careca de tanto ocultar por dentro aquilo que já poderias dizer por fora.
Este é o momento de começares a fazer uma contagem não de três milénios, mas pelo menos dês do tempo em que a existência te deu a chance de começar a perceber as coisas.
Por favor, não voltem as televisões, rádios e outros órgãos, para ludibriar ao povo de uma verdade que esse mesmo povo precisa de perceber.
Eu até gosto de ver o Sérgio Vieira a falar, mas não gosto de o ver falar trafulhices.
Não acha que este é o momento de buscar a paz entre os homens, em vez de guerrearmos com expressões descabidas nos órgãos de comunicação que deveriam servir a todos os moçambicanos, alias eles deviam dar voz aos que não têm.
A cada dia que passa fico mais decepcionada com quem achei que fosse grande figura. Cada tempo que passa, é mais fácil perceber o mundo e desconhecer os homens.
Mas isso é assim mesmo. Não sei se é o país da marrabenta ou da macuaela.
Por favor temos que saber fazer a conta do tempo e do que fizemos nesse mesmo tempo, caso contrário, quando tropeçarmos com as palavras, ver-nos-ão como um bando de víboras.
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2 hours ago
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