Wednesday, 9 June 2010

A Opiniao de António de Almeida

Não se pode falar do presente, sem os reflexos do passado



António de Almeida


“Quem não sabe prestar contas de Três milénios Permanece nas Trevas ignorante,

E vive o dia que passa”

JOHANN WOLFGANG GOETHE



Tenho acompanhado muitos debates interessante nos órgãos de comunicação social, mas o que mais me chamou atenção foi a presença do senhor Sérgio Viera, na sua participação no programa Moçambique em Concerto do Jorge Gabriela da TVM, quando questionado, a quem não tirava chapéu?

Aí sim, o Sérgio Viera, troce a tona e perante as várias telas de Moçambique o tamanho desmedido de uma ignorância já mais vista, ao responder que não tirava chapéu aos lacaios do apartheid, os tais que dizem ser pais da democracia em Moçambique.

O Gabriel voltou a perguntar, o Dhlakam?

Sim esse mesmo, disse o Vieira.

Não estou contra ele não tirar o chapéu a Dhlakama, mas fico preocupado quando uma alta patente da FRELIMO, usa a política do macaco, apontando o rabo do outro.

Quando esse senhor usa esse termo, os lacaios do apartheid, já se esqueceu que ele também é um lacaio mas do comunismo?

Se esqueceu que foi esse comunismo que desgraçou os moçambicanos quando ele e seus apaniguados usurpavam os bens de todos os moçambicanos para enriquecer meia dúzia de indivíduos que dizem ter libertado o meu povo?

Se esqueceu das casas que ele e seus amigos tiraram das pessoas que ficaram na rua? Em fim muita maldade sem precedentes, até que os ditos lacaios do apartheid disseram chega! E bum, a bomba rebentou e foi-se o comunismo, e o povo, apesar de ter sofrido com os dezasseis anos de guerra, sentiu pela primeira vez o cheiro da liberdade, sem ter um espia atrás para o mandar para a B.O.

Hoje já não existem as cooperativas de consumo, onde tinha-se que comprar pão na quantidade do agregado familiar, como se a barriga tivesse preço.

Hoje já não temos que andar com guias de marcha como um documento de identidade e confirmação.

Hoje já não se vê fuzilamentos e nem fuzilados como naquele tempo em que o senhor Vieira também mandava para o inferno a quem quisesse, perante uma moldura de crianças obrigadas a assistir tais barbaridades.

Sabe porquê?

Porque aqueles quem o senhor acha de lacaios do apartheid silenciaram as maldades de um regime doentio do qual fizeste parte e conferiste as maldades na primeira pessoa.

Podes até não tirares o chapéu para o Dhlakama, mas não podes negar os factos de que graças a sua luta e de outros que tombaram em terra, o povo sente-se mais ou menos livre.

Negar os factos é próprio de ignorantes, que nem se quer recordam-se nalgum momento já fizeram bem a alguém. E muitas das vezes esse tipo de pessoa, nem se quer sabe fazer as contas do tempo que com ela corre lado a lado.

Até querem acreditar ao povo de que antes de libertarem o povo, como afirmam todos babados, não existiam intelectuais.

Mas que mentira meus senhores!

Este país já teve homens de verdade, que ao invés de combater com as armas, combateram com intelecto e diplomacia, e foram banidos por um sistema que só se enquadra no estrato social dos crocodilos.

Podes não tirar o seu chapéu a quem quiseres, mas espero que não fiques careca de tanto ocultar por dentro aquilo que já poderias dizer por fora.

Este é o momento de começares a fazer uma contagem não de três milénios, mas pelo menos dês do tempo em que a existência te deu a chance de começar a perceber as coisas.

Por favor, não voltem as televisões, rádios e outros órgãos, para ludibriar ao povo de uma verdade que esse mesmo povo precisa de perceber.

Eu até gosto de ver o Sérgio Vieira a falar, mas não gosto de o ver falar trafulhices.

Não acha que este é o momento de buscar a paz entre os homens, em vez de guerrearmos com expressões descabidas nos órgãos de comunicação que deveriam servir a todos os moçambicanos, alias eles deviam dar voz aos que não têm.

A cada dia que passa fico mais decepcionada com quem achei que fosse grande figura. Cada tempo que passa, é mais fácil perceber o mundo e desconhecer os homens.

Mas isso é assim mesmo. Não sei se é o país da marrabenta ou da macuaela.

Por favor temos que saber fazer a conta do tempo e do que fizemos nesse mesmo tempo, caso contrário, quando tropeçarmos com as palavras, ver-nos-ão como um bando de víboras.

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