Friday, 21 May 2010

Recebi a momentos o discurso da deputada Maria Ivone apresentado hoje a AR

Senhora Presidente da Assembleia da República,
Senhora Chefe da Bancada Parlamentar da RENAMO
Senhores Membros da Comissão Permanente
Senhor Primeiro Ministro e demais membros do Governo
Senhores Deputados
Senhoras e Senhores

Excelências,

Permitam-me saudar o povo da Zambézia, meu círculo eleitoral e a todos os moçambicanos que, dia-a-dia, lutam por uma condição de vida condigna para si e seus familiares.
À sua Excelência Presidente Afonso Dhlakama endereço votos de saúde e que continue o mais resistente que a milhões de moçambicanos inspira.

Senhoras e Senhores,

Este Governo promete combater a pobreza absoluta e, por certo, não há pobreza mais absoluta do que aquela que todos nós vemos por esse país fora! Não são precisas presidências abertas para se saber das carências deste nosso povo! Basta viver em Moçambique com os pés assentes no chão! Depois das presidências abertas, depois dessas visitas populistas, o que fica? Ficam escolas feitas? Ficam postos de saúde a funcionar? Quando essas visitas presidenciais ou governamentais terminam, quando a poeira, finalmente, assenta no chão, depois dos helicópteros terem levantado voo, o povo continua sem camisa para vestir, continua sem esteira para dormir, continua de barriga vazia! O povo quer arroz no prato, o povo dispensa as palavras bonitas de que se fazem as promessas por cumprir! Os rios de dinheiro que se gastam numa qualquer festa de qualquer membro da “nomenclatura” do partido Frelimo seria suficiente para alimentar uma aldeia a carne de cabrito!

Porém, os governantes deste país só vêem pobreza quando nós e outros – atentos à realidade - apontamos o facto vergonhoso do nosso povo estar a viver na miséria. Pobreza, é não ter que comer, é não ter onde dormir, é não ter acesso a um trabalho condigno. Mas, há quem pense que a pobreza do povo não pode acabar, porque o governo não teria como manipular a vontade de um povo de barriga cheia!

Senhoras e Senhores,

Afinal, que medidas concretas estão sendo tomadas para inverter a situação prevalecente? Este governo lança, a toda a pressa, para o mundo exterior ver, programas altissonantes como o PROAGRI, o PARPA I, o PARPA II, o Fundo de Investimento Local ou a chamada “Revolução Verde”. Todos estes programas e outros, criados por decreto ao longo dos anos, que resultados concretos produziram? Onde estão os moçambicanos que saíram da pobreza absoluta com a ajuda dos governos da Frelimo? Onde ficam essas aldeias, essas cidades onde a fome e a pobreza foram erradicadas?

Senhoras e Senhores,

Neste nosso país e, sobretudo, nesta nossa cidade-capital, a riqueza absurda continua a viver lado a lado com a pobreza absoluta.
De vez em quando, fala-se da pobreza nas primeiras páginas dos jornais e nas capas das revistas. A pobreza sai na televisão, a cores, não parece real. De tempos a tempos, os governantes discursam: «vamos combater a fome» Mas, isso não passa de discurso de quem finge que faz e faz que faz.
A pobreza que se diz hoje combater, neste nosso país, é a mesma pobreza absoluta que se viveu em 1975, em 1982, em 1986! Essa pobreza transformou-se já numa herança de falhanços históricos da Frelimo, de programas vários assumidos por tantos governos passados, governos esses que estão na origem deste governo que agora nos quer convencer que faz, mas não faz! Ou, quando faz, faz para os amigos, para os do partido Frelimo. Quem não for do partido, fica de fora! Essa é a verdade!

E esses sete biliões destinados que não chegam nada aos distritos, como a própria Frelimo é obrigada a admitir. Está nos jornais a noticia da corrupção dos dinheiros prometidos ao povo. Uma vez mais, a Frelimo não cumpre! A necessidade de reconstrução da linha férrea Quelimane-Mocuba, um dos pilares para o desenvolvimento da Zambézia, constitui uma inquietação de todo povo da Zambeziano e do país em geral dado o estado de abandono total e destruição da mesma.
Por que é que o plano de construção de troços de estradas por esse país fora não foi cumprido e para quando se prevê o início das obras? Porque alguém da Frelimo comeu o dinheiro? O “bolo” foi dividido em “tranches” e nada restou? Nalguns casos, pôs-se mesmo uma camadinha de alcatrão e um pouco de areia, mas a chuva veio e destapou os buracos, para nossa vergonha, senhores governantes!
E já que aqui estamos a questionar o governo e as suas políticas, respondam, sem rodeios, perante esta Casa do Povo: Que acções têm sido tomadas com vista a estancar os desmandos e o desrespeito pela lei de exploração das espécies florestais deste país? A resposta, senhores governantes só pode ser esta: “Como estancar, se somos os promotores? Mas, vocês pedem-nos muito – dirão: “São nossos amigos os usurpadores das riquezas florestais de Moçambique ! Comemos com eles à mesma mesa, estamos amarrados a compromissos feitos nas costas do povo”. Essa é, a meu ver, a resposta que aqui deveria ser dada ao país.

O fracasso das políticas da Frelimo é um facto! Apesar de estar há 35 anos no poder, a Frelimo não aprendeu com os seus erros! É preciso mudar, é urgente deixar de empurrar este país com a barriga! É absolutamente urgente!

Senhoras e Senhores,

Digam-nos sem rodeios, que medidas em curso estão sendo tomadas pelo governo para acabar em definitivo com a partidarização ou frelimização das instituições do Estado, das empresas públicas e das empresas maioritariamente participadas pelo Estado? Que está a ser feito para evitar favoritismos político-partidários na atribuição de bolsas de estudo, na selecção dos membros das mesas de voto, para não continuarmos a assistir à violação do princípio de igualdade previsto no artigo 35 da Constituição da República?
A resposta verdadeira a esta pergunta só pode ser uma. Nenhuma medida está a ser tomada por este governo para evitar o favoritismo, o nepotismo, a usurpação de cargos pelo partido no poder porque, sem a partidarização do Estado, a Frelimo nada seria. Nada faria!
A Frelimo iniciou desde a nossa independência uma ideia falhada de igualdade obrigatória para todos. Hoje, essa mesma Frelimo do post-marxismo-leninismo é praticante da mais absurda desigualdade. Enquanto oposição, a RENAMO está aqui para contribuir para resolver os problemas reais que o povo moçambicano enfrenta por causa da governação deficiente da Frelimo. Queremos ver este país enveredar por uma democracia que sirva a todos os cidadãos, sem distinção de cor, de etnia e de filiação politica, contrariando, assim, a vossa política de exclusão que é aquela por vós sempre praticada.
Chegou a altura do governo deixar de governar por impulso e de adoptar uma estratégia ponderada que não tenha que passar por grandes viagens e visitas de mera ostentação e que apenas parecem servir ambições de propaganda pessoal e partidária. Os desafios que se apresentam a este nosso país só poderão ser resolvidos com uma boa governação. Uma governação transparente, democrática, justa e sem corrupção. A RENAMO defende estes princípios e continuará sempre atenta ao cumprimento das promessas feitas aos moçambicanos!

Muito obrigada,

Maputo, aos 20 de Maio de 2010.
Deputada Maria Ivone Rensamo Bernardo Soares

--
Mª Ivone Soares, MP
2ª Vice-President do Gabinete Parlamentar da Juventude
Presidente Substituta da Comissão das Relaçoes Internacionais
Assembleia da Republica

2 comments:

V. Dias said...

Grande discurso.

Zicomo

Abdul Karim said...

Viriato,

Eu estou muito satisfeito com a Ivone,

Eu tinha muitas esperancas nela, e esta ai,

A Ivone !