Queixas de execuções sumárias na cadeia distrital de Mossurize
Chimoio (Canalmoz) – No distrito de Mossurize, na província de Manica, o presidente da República, Armando Guebuza, foi confrontado com queixas sobre execuções sumárias, alegadamente praticadas por agentes da Polícia e guardas prisionais da cadeia distrital local. Segundo os cidadãos que há dias falavam num comício dirigido pelo chefe do Estado, os agentes que guarnecem a cadeia, em coordenação com o chefe do posto administrativo de Chiurairue, no distrito de Mossurize, “têm feito cobranças ilícitas, torturas e até execuções sumárias de reclusos encarcerados naquela penitenciária”.
Segundo as queixas, as execuções têm sido praticadas em pleno dia, sob o olhar do povo. Simula-se de fuga dos reclusos que se pretende matar, e depois a Polícia dispara contra estes à queima-roupa. O argumento que usam, segundo os denunciantes, é que as vítimas tentavam a fuga. Esta versão foi contada por Lúcia Fourteen, antiga combatente da Luta de Libertação Nacional, e residente em Mossurize, no posto de Chiurairue.
A par do que foi contado pela antiga combatente, uma outra pessoa contou que, ainda, neste ano, um cidadão foi morto em pleno dia, no mercado daquele posto. A vítima terá sido baleada por um agente da Polícia.
“Tudo aconteceu por causa de uma dívida de cinco mil meticais ao polícia em causa. O agente apareceu no mercado, armado, exigindo o valor ao tal comerciante, para minutos depois ouvirmos eco de balas proveniente daquele local”, e o jovem comerciante morreu, contou Samuel Paulo, também comerciante no mesmo mercado.
“Quando nos dirigimos ao local, aquele agente já não estava lá, tentámos procurá-lo, e, chegados à esquadra, encontrámos o polícia, e questionámos as causas do acto bárbaro. O polícia só nos olhou e respondeu que não nos devia satisfações”, disse Samuel Paulo, tendo acrescentado que, minutos depois, apareceu o chefe do posto local a intervir no caso, perguntando “quem éramos para questionar a um polícia sobre a morte de um ladrão”, disse.
“Levado o caso ao tribunal, o agente em causa foi julgado e o juiz da causa disse não haver matéria para o acusar, e, de imediato, soltou-o, e ele voltou ao seu posto de trabalho, onde continua até hoje”, prosseguiu Samuel Paulo.
Outros casos de tortura e cobranças ilícitas denunciados ao PR “têm acontecido” na cadeia distrital de Mossurize, onde os guardas prisionais cobram valores exorbitantes às famílias que pretendem visitar os reclusos.
Guebuza reage
Na ocasião, o presidente da República, Armando Guebuza, afirmou que tanto o agente, que assassinou o comerciante, assim como o juiz e, principalmente, o chefe do posto local, violaram a lei. “Nós vamos investigar isso, e, se de facto se vier a concluir que há estas lacunas no funcionamento do aparelho do Estado naquele posto, tomaremos medidas severas contra os seus praticantes”, prometeu o chefe de Estado.
(José Jeco)
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