Wednesday 26 May 2010

Carta Internacional Dos Atingidos Pela Vale

Nós, mais de 160 participantes de 80 organizações, movimentos sociais e sindicais da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Itália, Moçambique,
Nova Caledônia, Peru, Taiwan, nos reunimos nos dias 12 a 15 de Abril de 2010 no Rio de Janeiro para o I Encontro Internacional de Populações, Comunidades, Trabalhadores
e Trabalhadoras atingidos pela política agressiva e predatória da companhia Vale.
A propaganda da Vale nos lembra todos os dias que ela é brasileira e que trabalha com “paixão” para promover o “desenvolvimento sustentável” internacionalmente
e para garantir um futuro para nossas crianças. Utiliza em suas propagandas a imagem de pessoas ilustres e artistas famosos.
No entanto, durante o Encontro Internacional constatamos que sendo ela uma empresa transnacional, trabalha única e exclusivamente para seus accionistas e para o grande
capital. Denunciamos as violações dos direitos humanos, exploração de trabalhadores e trabalhadoras, precarização das condições de trabalho, destruição da natureza e o desrespeito às comunidades tradicionais, periferias urbanas e sindicalistas.
Os depoimentos mostram as resistências e conquistas de trabalhadores e comunidades que convivem com empreendimentos de longo prazo como os localizados em Barcarena,
Marabá, Parauapebas no Pará e em Açailândia e São Luís-MA (Eixo Carajás); Sudbury, Voisey’s Bay, Thompson e Port Colborne, no Canadá; minas de níquel na Nova Caledônia e na Indonésia; minas de ferro em Itabira e Congonhas-MG; hidrelétrica de Aimorés - MG; Siderurgia de Anchieta-ES; Companhia Siderúrgica do Atlântico – TKCSA-RJ. Outras lutas de enfrentamento à instalação de empreendimentos ou contra a sua execução, como: complexo siderúrgico de Pecém-CE; usina termoelétrica de Barcarena-PA, Pantanal-MS; Hidrelétrica de Belo Monte-PA; Projecto Rio Colorado na Argentina, depósito de rejeitos na lagoa Sandy Pond, Newfoundland,Canadá; Serra do Gandarela
e Capão Xavier-MG, novos projetos de mineração em doze localidades da Bahia, Canaã dos Carajás e Ouri-lândia-PA; Projeto Tres Valles no Chile, projetos em Cajamarca
e San Martin de Sechura no Peru e a mina de carvão de Moatize em Moçambique.
A vida das comunidades, dos trabalhadores e trabalhadoras e de todo o planeta deve estar acima do lucro desenfreado das grandes empresas transnacionais.
Atrás de uma falsa imagem verde e amarela, a Vale destrói e mata ecossistemas e comunidades inteiras. Estamos aqui porque acreditamos na vida e no bem viver.
Estamos aqui porque resistimos. Estamos aqui porque os bens da natureza devem estar nas mãos dos povos. Estamos aqui porque acreditamos na humanidade e na sua capacidade
de luta.
A partir desse momento fortaleceremos o seguimento e denúncia de cada passo dessa empresa, ampliando a luta, a resistência e a construção de alternativas a esse
modelo explorador e depredador. Assim, convocamos as comunidades que atualmente sofrem com os grandes empreendimentos mineradores, a sociedade civil, os trabalhadores e trabalhadoras da Vale, movimentos e organizações sociais, pastorais sociais, estudantes e professores para participar da construção desse novo momento da luta internacional de enfrentamento à Vale.
TRABALHADORES EXPLORADOS, FAMÍLIAS DESPEJADAS, NATUREZA DESTRUÍDA... ISSO VALE? GLOBALIZEMOS A LUTA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!
NB. Da Redacção: A carta e assinada por 104 Organizações e Associações, maioritariamente do Brasil, Alemanha, Canada, Itália, Chile, Peru, Chile, Equador e
Argentina, das quais cinco são de Moçambique, nomeadamente Associação Comunitária de Apoio e Assistência Jurídica; Centro para a Integridade Política; Liga de Justiça Ambiental; Sinticim –Sindicato; e UNAC (União Nacional de Camponeses

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