Saturday 6 February 2010

Subsistem assimetrias na expansão da banca

Entre as diferentes regiões do país- Governador do Banco de Moçambique, no encerramento do XXXIV Conselho Consultivo da instituição

NÃO obstante Moçambique estar a registar, desde 2007, uma rápida expansão da oferta de serviços financeiros, ainda se verifica a tendência para a concentração das instituições bancárias nos centros urbanos. A constatação foi feita ontem, em Maputo, pelo Governador do Banco Central, Ernesto Gove, durante a realização do XXXIV Conselho Consultivo do Banco de Moçambique (BM).


O Governador do BM explicou que do total de 352 balcões de bancos que operam no país, 134 encontram-se na cidade de Maputo, representando cerca de 38.4 porcento do total e que situação idêntica verifica-se nos meios de pagamentos electrónicos, como ATM’s e POS’s, com a capital do país a deter 50.26 e 71.24 porcento, respectivamente.
“As desproporções tornam-se ainda mais evidentes se tomarmos em conta que as três principais cidades do país, Maputo, Beira e Nampula, têm no seu conjunto 197 balcões, correspondentes a uma concentração de 56 porcento”, disse o Governador do Banco de Moçambique.

Ernesto Gove, que falava na abertura de um debate subordinado ao tema “ O Papel das Infra-Estruturas na Promoção do Desenvolvimento Económico e na Implantação do Sector e Serviços Financeiros”, afirmou ser necessário continuar a estimular a expansão dos serviços bancários, sem contudo se negligenciar a observância rigorosa dos critérios de gestão prudente das instituições de crédito.

O Governador do Banco Central realçou terem sido já identificados os factores de natureza estrutural que condicionam a expansão das instituições e dos serviços financeiros às zonas rurais.

“Com efeito, o desenvolvimento do sector financeiro e dos serviços por este prestado é fortemente dependente da disponibilidade de um conjunto de infra-estruturas e do fornecimento eficiente de energia eléctrica e de comunicações, facilidades e serviços cuja provisão não depende directamente das instituições financeiras”, afirmou Ernesto Gove.

Falando na mesma ocasião, um dos administradores da empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM, E.P.), Manuel Machiane, disse que a sua instituição prevê, no presente quinquénio, electrificar a totalidade dos 128 distritos do país, contra os 86 que actualmente se encontram nessa situação. Acrescentou que a EDM está, desde o ano 2007, a implementar um programa de electrificação do país que deverá estar concluído em 2017, com um valor estimado em cerca de mil milhões de dólares norte-americanos.

O Presidente do Conselho de Administração da empresa de telefonia móvel, Vodacom, Salimo Abdula, disse que a sua companhia está a realizar um estudo de viabilidade para a implementação dos Serviços Financeiros Móveis (SFM) – que têm como aplicação primária a transferência de dinheiro de pessoa para pessoa, dentro do país.

“São serviços que representam a convergência entre as comunicações móveis e a indústria de serviços financeiros”, disse Salimo Abdula.

O mesmo sentimento foi apresentado pelo Presidente do Conselho de Administração da empresa de telefonia móvel, Mcel, Adriano Salvador, que disse que o facto de mais de 60 porcento da população moçambicana viver em zonas rurais, na sua maioria sem acesso a serviços financeiros, faz com que instituições não bancárias, incluindo a sua, tenham um potencial que pode ser aproveitado para atingir parte considerável da comunidade rural.
Maputo, Sábado, 30 de Janeiro de 2010. In Notícias

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