Tuesday 5 January 2010

A Opiniao de Noe Nhantumbo

OS FALHANÇOS ÓBVIOS DE UMA POLÍTICA EXTERNA
Continua tudo na mesma...

Copenhaga, Médio-Oriente, Coreia do Norte, Irão, Afganistão, Iraque, são parte dos exemplos que falam mais alto do que qualquer pretensão acadêmica ou discursiva de políticos e outras “sumidades” que abundam no mercado político-diplomático.
Muitos vão teimar e procurar apresentar algo de positivo no meio de tantos problemas que não estão tendo solução. Reconhecer que alguma coisa de positivo tem sido conseguida nas abordagens feitas é verdade mas também que se tenha a coragem de dizer que tem sido quase nada. Na generalidade de Bush a Obama a política externa americana, que domina a diplomacia internacional, tem sido de continuidade mas também de continuidade de falhanços. Os aparente avanços como Guantanamo, a anunciada retirada do Iraque não são mais do que questões que eram já evidentes e necessárias. Obama só deu um pequeno puxão em algo que tem de conhecer uma solução rápida para não se tornar em mais um Vietnam para os americanos.
Os EUA estão fazendo tudo para que se prolongue o seu domínio sobre o panorama internacional. Mesmo quando a força do dólar já não é aquela que se conhecia e se respeitava. Nestes dias e sobretudo após a última crise financeira internacional, o dólar permanece a moeda de troca internacional porque os bancos de reserva dos diversos países assim o querem e acham favorável para as suas economias, não porque o dólar tenha aquele valor que já teve no passado. Os chineses são os detentores da maior quantidade de dólares que alguma potência estrangeira já alguma vez acumulou. Os EUA são um país forte militarmente mas do ponto de vista económico e financeiro estão fortemente endividados. Viveram muito tempo daquilo que não tinham e criaram um cultura de endividamentro insustentável que arrastou empresas de vulto para a falência e muitas das suas companhias mais representativas só sobreviveram graças ao apoio maciço que tiveram do governo. O mesmo aconteceu na Inglaterra, Alemanha e outros países. Afinal toda aquela cantiga contra o proteccionismo era “sol de pouca dura”. Os icones da economia americana foram salvos por intervenção directa do governo dos EUA. O capitalismo representado por grandes corporações como a General Motors quebrou-se. Descobriu-se que o brilhantismo de muitas das empresas representantes do capitalismo era fruto de engenharias financeiras e não de produção e valor real das mesmas. Viciação de contabilidade levou a que durante muitos anos directores tivessem salários fabulosos quando na verdade suas empresas estavam caminhando para a falência.
E os EUA tiveram e mantém a capacidade de influenciar seus parceiros nos G-7 para que o modelo que governa o mundo se mantenha.
Os governos das potências ocidentais, dos membros do G-7, souberam com rapidez salvar as empresas de seus países numa acção que não tem paralelo na história recente. Foi como se de uma guerra se tratasse e houvesse necessidade se unirem todos esforços e definir-se uma agenda única entre todos os integrantes dos G-7. A unanimidade encontrada ou alcançada na abordagem e produção de soluções para os problemas que apareceram com a crise financeira internacional mostra que quando se quer é possível descobrir soluções.
Se na Muaritânia, Ruanda, Burundi, Congo Brazaville, RDC, Sudão, Somália, Zimbabwe, Guiné-Konacry, Cáucaso, Honduras temos problemas considerados de pequena dimensão pelas chancelarias das potências é porque o volume de petróleo de lá proveniente não constitui ainda preocupação. Ou simplesmente porque não petróleo naqueles países ou de lá não passa nenhum oleoduto internacional importante. De contrário toda a música que agora se toca seria competamente outra.
A persistência em políticas musculadas baseadas em vantagens unilaterais impede que se alcancem consensos que façam progredir agendas de paz e estabilidade. Os interesses corporativos e as definições de estratégia política continuam sendo elaborados em centros de estudo privados mas com uma influência capital na manobra dois governos ocidentais. O apoio a um ditador na Guiné Equatorial ou o apoio a um ex-comunista de linha dura p[or Washington são vistos como pragmatismo ou “reapolitik”. Necessidades que o país tem de seguir se quiser continuar a obter vantagens em determinados domínios.
Entre Bush e Obama não existe diferença no que respeita a política externa. Os dois tem uma visão das corporações americanas e estas defendem que os recursos devem continuar a fluir para seu país com rapidez e a preços marcados pelas mesmas.
Algo não está bem na política externa das potências e dos países emergentes. Os BRIC também não dão esperança de contribuir para a solução dos problemas dos países menos desenvolvidos pois logo que ganham algum espaço correm a defender seus interesses unilaterais. Se o Bgrasil ou a China, ou a Índia pudessem ser os novos colonizadores de África o fariam com todo o prazer. A força e maneira de proceder de suas corporações não difere da Ford ou General Motors. Há casos em que parece que o avanço de uma fábrica de anti-retrovirais prometida há muitos anos está dependente do que aconteça na frente do carvão que uma empresa daquele país venceu o direito de explorar. Estamos falando de Brasil e Moçambique (Vale do Rio Doce e Anti-retrovirais em Moçambique).
A China só tem a diferença que agrada aos ditadores de África de não misturar investimentos com direitos humanos dos países receptores do investimento. Em todo o resto é igual aos países europeus e aos EUA. Na cooperação que muitas vezes julgamos receber ou ter com outros países temos é aquilo que os outros determinam que devemos obter. E os países que determinam as agendas na arena internacional por via de seu poderio julgam que podem impor tudo a todos. Só que o evoluir da situação internacional tem levado ou ocasionado mudanças. Algumas vezes imperceptíveis, estas mudanças tornaram muitos factos antes tidos como fundamentais e verdadeiros, em assuntos banais e de domínio público. Já não há novidade em falar de armas nuclerares. Muitos países já possuem a tecnologia para a sua manufactura ou fabrico. As tentativas de impedir o acesso a tecnologias que permitam o fabrico de armas atômicas falharam. Se há alguma contenção no seu fabrico à escala internacional é porque as potências nuclerares combinadas, conseguiram unir esforços, na medida em que não lhes interessa ver seu poder corroído e sua influência desvalorizada.
Mas porque as potências ainda não conseguiram um entendimento adequado sobre muitos assuntos há negócios secretos que fazem crer que algumas tecnologias são habilmente exportadas para destinos que alguns parceiros não querem.
Convenhamos que se algum dia Israel ou a África do Sul desenvolveream tecnologia nuclear foi com apoio e intervenção directa de países ocidentais. Países esses que consideram que alguns países árabes ou nenhum, devem ter armas nuclerares. É nisto que reside alguma ou muita da hipocrisia na arena internacional. O direito de uns não pode diferir do direito dos outros só porque alguém que se considera potência assim o quer ou determinou. Nem um conjunto de potências tem o direito de determinar quem pode ter e quem não pode ter armas nucleares. O mundo já não é aquele que era logo após ao fim da II Guerra Mundial. Aqueles arranjos e preceitos defendidos pelos venbcedores da guerra já não fazem mais sentido nos dias de hoje. Assim como o colonialismo acabou na maioria dos países do mundo também a prerrogativa de alguns países ditarem na arena internacional já não tem mais sustentáculo.
Há alguma falsidade nas abordagens e há muita falta de coerência nos interlocutores. Não há santos na política internacional e a teimosia em dar vantagens a alguns países como Israel só vai continuar a atrasar a solução de vários problemas naquela região e por consequência no mundo.
Há uma ligação muito forte e íntima entre o que acontece no Médio-Oriente e o que se passa no resto do mundo. Os bancos financiam as empresas fabricantes de armas que tem de ser usadas de algum modo em algum lugar para se dar lugar a novas produções e a novas pesquisas. Se o ciclo por qualquer razão é interrompido temos uma crise que pode ser de grandes dimensões. Nunca se viu uma interferência tão directa como a de Dick Cheney (Vice-Presidente de G.W.Bush) e empresas a que ele estava ligado com o curso da guerra no Iraque e Afganistão ou Guantamo ou com decisões de natureza política numa potência como os EUA.
Não se pode esperar ou depositar toda as esperanças de fazer avançar uma agenda internacional de paz e respeitada pelos diversos interlocutores na pessoa do presidente americano pois nem que este quisesse os membros da sua equipa e outras entidades americanas não pensam da mesma maneira.
Temos que ser realistas e entender que só uma força negocial cada vez maior dos outros interlocutores todos é que fará as coisas mudarem da maneira desejada e útil para a maioria do cidadãos deste mundo.
Basta de unilateralismo nas vantagens. Basta de fechar as portas do diálogo aos outros.
O mundo é de todos...

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