Wednesday 15 July 2009

DIALOGANDO - Eleições nos partidos

QUEM ouviu ou leu comentários sobre o processo de eleição dos candidatos a deputados da Assembleia da República, nos partidos Frelimo e Renamo, protagonistas da cena política moçambicana, embora este último tenha realizado até agora a nível dos distritos, fica a pensar que a “coisa” não terá sido fácil, aliás, foram eleições que suscitaram alguma controvérsia, em parte por não terem sido eleitos certos “históricos”, numa altura em que se fala de “renovação”, principalmente no primeiro partido.
Isso se esperava, face aos “costumes” destes partidos, neste tipo de eleição. Sem precisar de fazer muitos comentários, e dizer que tudo terá saído mal e pouco convincente, em termos da credibilidade do processo, mas em função do que se diz nos cafés da capital do norte, não apaga que o processo terá reflectido e o que dele emergiu, sobretudo o descontentamento dos de confiança “absoluta” que não foram escolhidos.

Isso se esperava, face aos “hábitos” dos nossos grandes partidos políticos, face à ganância desmedida de certos políticos pelo “tacho” permanente, que os leva, muitas vezes, ao “lambe-botismo”, um dos “caminhos” de ascensão, sobretudo nas funções disto ou daquilo.

Ora, creio indispensável que essas eleições, que dominaram os órgãos de comunicação social, não desfoquem ou até ocultem o essencial, porque, parecendo que não, os próximos pleitos eleitorais serão sérios e renhidos na história da democracia multipartidária do nosso país, daí que precisamos de novos deputados com postura política e particularmente cívica aceitável, de forma a nos representarem condignamente.

Aliás, e porque em tempos de eleições deste género vale a pena ficar atento ao que elas dizem, devemos dizer também que era necessário que os deputados “improdutivos” com destaque para aqueles que, do ponto de vista substancial, há muito que com frequência, e, às vezes, de forma sistemática, praticam actos, fazem afirmações, insultam os seus colegas no parlamento que sempre ficam impunes, fossem penalizados.

Na próximo parlamento moçambicano que se quer muito mais sério do que este que está prestes a terminar o seu mandatado, o que passa necessariamente pela existência de deputados cuja acção e credibilidade se revelem como verdadeira espinha dorsal da produção e produtividade da nossa Assembleia da República.

Para o efeito, era necessário que houvesse na realidade uma “peneirada” dos candidatos a deputados da Assembleia da República, começando logicamente nos partidos onde militam. Onde devem igualmente aprender que ser deputado não é utilizar uma linguagem excessivamente agressiva contra os seus colegas no parlamento, pelo contrário em nada dignifica a eles próprios, revela a falta de civismo, falta de respeito especialmente para com os seus eleitores.

É que, em consequência, além do mais perdem a marca distintiva de falar verdade de um parlamentar de que se reclama, como digno representante do povo, como o melhor candidatado de partidos grandes como Frelimo e Renamo.

É certo que apesar das ingenuidades que se assistiram durante a presente legislatura, alguns deputados são de reconhecer que, de par com aspectos negativos, foram representantes do povo esforçado, capazes e que estiveram na base de apostas e ganhos da nossa Assembleia da República durante o seu mandato. Talvez possa ser isso que lhes valeu para serem escolhidos de novo.

Acima de tudo, é necessária a mudança de atitudes dos nossos ilustres deputados da nossa Assembleia da República. É necessária mudança de tom e postura particularmente para os nossos próximos parlamentares, para que possam ser olhados como símbolos do fim de um tempo de que se quer deixar de assistir nas sessões de debate de determinados assuntos e aprovação de leis que interessam à nação moçambicana e não para a satisfação dos caprichos políticos de alguns.

Contudo, espero que as eleições de candidatos a deputados da Assembleia da República naqueles partidos, embora como está dito, a Renamo só realizou até agora a nível dos distritos, onde houve “chumbos” dos seus “históricos”, tenha conferido efectivamente outra qualidade a estas formações, na perspectiva de que nos trarão pessoas sérias e com postura de um parlamentar na próxima legislatura, que se prevê não possa haver maioria absoluta para “fazer e desfazer”.
Mouzinho de Albuquerque Maputo, Quinta-Feira, 16 de Julho de 2009. In Notícias

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