Quinta, 09 Julho 2009 11:42 Jeremias Langa
[Helena Taipo, ministra do Trabalho]
Helena Taipo, ministra do Trabalho
Ministra do Trabalho e as inspecções às empresas
Helena Taipo aborda, de forma desassombrada, as pressões e a corrupção para inibir o trabalho da inspecção laboral, a sua intervenção no Instituto Nacional de Segurança Social, o dossier dos americanos no alegado processo de contratação de médicos e muito mais
No seu programa, o governo diz que neste mandato privilegiou o desenvolvimento de programas que assegurem o aumento das oportunidades de emprego. De acordo com dados conjuntos do INE e IFTRAB, a taxa média de desemprego no país em 2004 e 2005 era de 18,7%, sendo 21,7% entre mulheres e 14,7% entre homens. Que evolução aconteceu nestes 4 anos?
Fazemos uma avaliação bastante positiva em relação à demanda do emprego no país, primeiro, porque no nosso mandato definimos políticas que visavam incrementar o desafio ao desemprego. O emprego foi uma questão primordial na governação deste país. Planificámos ter um milhão de postos de emprego para responder à estratégia de emprego e formação profissional até 2015, e já ultrapassámos, no 1º trimestre deste ano, mais de 500 mil postos criados. Portanto, até 2015 teremos seguramente mais do que 1 milhão de postos de emprego.
No que tange à promoção de emprego, o balanço de meio termo do governo refere que no período de 2005 a 2008 foram inscritos no centros de emprego cerca de 64.676 desempregados. Este número reflecte efectivamente o índice de desemprego no país?
Não, porque é apenas referente às pessoas que se aproximaram dos centros e informaram que estavam desempregadas. Estamos tranquilos, porque a taxa de emprego formal, isto é, os registados, supera a taxa de desemprego. Em todas as províncias existem centros de emprego e formação profissional e o nosso desafio é tê-los, até 2015, em todos os distritos.
LEGISLAÇÃO LABORAL
Visando a simplificação burocrática na contratação de trabalhadores estrangeiros, o governo apresentou uma proposta do novo regime de contratação de mão-de-obra estrangeira, que prevê a contratação por quotas. Vários analistas consideram que no lugar de maior flexibilidade ao processo, o novo regime é ainda mais burocrático...
Uma das grandes vitórias neste país é aprovar leis de forma consensual. nunca fizemos passar uma lei que não tivesse sido aprovada pelos sindicatos, pelo patronato e pelo próprio Governo. Não conheço nenhum país que não controle os estrangeiros que entram no seu território. E, se formos a comparar, Moçambique é o mais flexível em termos de entrada de estrangeiros. As pessoas não lêem o regulamento. há três ou quatro formas de contratação, a primeira é por quotas, mas há mais. Basta uma simples comunicação, e não precisa de nenhuma formalidade de pedido ou autorização, 15 dias depois, dentro dos princípios da quota.
Mas pede-se a declaração de quitação do Instituto Nacional de Segurança Social, a declaração de quitação da entidade que superintende a área das finanças, o talão de depósito comprovativo do pagamento da taxa no valor correspondente a três salários mínimos, entre outros.
É preciso saber se as pessoas estão a honrar com as suas obrigações, é preciso ter garantia de que os trabalhadores estão sendo protegidos e saber se a empresa paga ou não impostos ao país. Portanto, estas duas questões não são problemas que possam emperrar. O que recomendamos é que se comunique 15 dias depois de se contratar um estrangeiro, não interessa o seu nível. Há muita gente que foge ao fisco, ao pagamento da segurança social, que é obrigatória. Em todo o mundo é assim, o que fazemos é criar facilidades, mas temos que saber o que a empresa está a fazer no país. os investimentos que entram no país devem ser sustentáveis, e os mesmos devem servir os interesses do país.
INSPECÇÃO DO TRABALHO
No período de 2005 a 2008 foram inspeccionados um total de 16.802 estabelecimentos, tendo-se registado uma tendência crescente de ano para ano. Segundo o balanço de meio termo do PQG, estima-se que cerca de 263.942 trabalhadores beneficiaram dos serviços de inspecção de trabalho. Quais as principais constatações desse trabalho?
Relativamente ao primeiro trimestre, subimos o número para cerca de 18.600 estabelecimentos inspeccionados. Tivemos 1.550 acidentes de trabalho e 4.496 conflitos mediados por nós. Os grandes problemas que encontrámos são jornadas longas de trabalho, prazos longos de pagamento de salários e também maus tratos aos trabalhadores nas empresas, falta de higiene e segurança no trabalho.
Um dos sectores onde o trabalho da inspecção do trabalho ainda não se nota é o das empresas de segurança. Queixam-se de muitas horas de trabalho, contratos precários, etc.
Por um lado, é falta de responsabilidade das empresas. Recentemente, assessorámos uma negociação entre a direcção e trabalhadores de uma empresa privada. As duas partes assinaram um acordo, mas a direcção depois não honrou. Chegado a um certo limite, o governo vai ter que encontrar uma solução que não seja as negociações.
Também há queixas em relação aos próprios inspectores e à ministra. Em Cabo Delgado, os empresários locais não gostaram da forma como a sr.a ministra interveio. Chamaram-lhe prepotente...
As pessoas podem pensar que esta é uma atitude nova, mas tivemos denúncias de trabalhadores para irmos lá. A relação entre trabalhadores e empresas não é de favores. E as pessoas estavam habituadas a tratar os trabalhadores como se fossem seres que estivessem somente para servir os interesses da empresa. As pessoas não estavam habituadas a ver uma inspecção actuante. Quando fomos a Cabo Delgado, já tínhamos sido solicitados por várias empresas. E há pessoas, no meio empresarial, que pensam que são “intocáveis”, que têm relações com personalidades e nada lhes pode acontecer. mas na relação do trabalho o cumprimento da lei é igual para todos.
Por isso andou sempre a trocar de inspectores...
Não trocámos todos eles. Queremos inspectores que, de facto, fiscalizem as empresas. E as empresas têm a obrigação de cumprir a legislação. Não foi má-fé, há coisas em que, quando não estamos habituados, achamos que é melhor fazer subornos. A palavra de ordem do MITRAB é não aceitar subornos, trabalhar em prol da justiça social.
Ainda estou à espera dos documentos dos americanos
Quer explicar a polémica que houve em relação aos americanos?
Até agora, não dispomos de nenhum pedido formal em termos nominais para a vinda de médicos americanos. O que se pretendia naquela altura é que fizéssemos uma autorização numérica, sem apresentação de documentos individuais dos referidos médicos.
Exacto. Até hoje, o Ministério do Trabalho não tem nenhuma informação relativa aos nomes e cadastro de cada estrangeiro que se pretendia contratar. O encarregado de negócios da embaixada dos EUA dizia que o pedido fora feito há mais de um ano...
No pedido pretendia que se contratasse 20 médicos e dissemos: tratando-se de uma área específica, a lei de contratação explica claramente o que isto significa. As áreas específicas devem pronunciar-se, como o Ministério da Saúde. Até hoje, estou à espera de uma formalização. Queriam excepções, não há excepções para ninguém. Todos que sigam os trâmites legais.
No dossier dos médicos e técnicos americanos, a Ministra do Trabalho disse que o encarregado de negócios dos EUA, Toddy Chapman, estava a fazer chantagem ao Governo...
Não gostaria de repetir, mas quando o investimento é condicionado nestes moldes, tem de ser. Eu disse pessoalmente ao próprio Toddy Chapman, no encontro que teve comigo no meu gabinete, que estava a fazer chantagem.
Nunca utilizei dinheiro do INSS para meu proveito pessoal
Helena Taipo responde às acusações de interferência na gestão do INSS
O seu mandato coincide com muita turbulência no INSS. Um dos conselhos coordenadores do Ministério do Trabalho recomendou que, em curto espaço de tempo, se reconquiste a confiança e a respeitabilidade por parte dos empregadores e trabalhadores. Ora, todos os dias há denúncias de desvios de fundos pelo país fora no INSS. O que se passa, efectivamente?
Estamos a cumprir com as recomendações do Conselho coordenador. o INSS deve servir os interesses dos beneficiários e estamos a fazer isso. O INSS não pode servir a ladrões e a usurpadores, estamos a tentar fazer do INSS uma instituição robusta, que sirva os interesses dos beneficiários. E, se há estes focos, é porque estamos a fazer um grande trabalho de investigação.
Estamos a resolver vários problemas, por exemplo, violações de contratos celebrados. Encontrámos pagamentos de projectos sem vistos do Tribunal Administrativo, alterações de projectos aprovados pelo Conselho de Administração e sem autorização do mesmo. Estamos a repor a dignidade do INSS, por forma a servir os interesses dos beneficiários.
Mas dá a impressão, se me permite a expressão, que o INSS era uma espécie duma “vaca leiteira”, que estava a alimentar muita gente.
Agora, já não está, temos certeza disso. É por isso que estamos a fazer o nosso trabalho. Começámos na sede e achámos que as pessoas que colocámos estão a responder ao que queremos que aconteça noutras províncias. Muitos problemas não são denunciados, nós é que vimos a público apresentar os problemas que estamos a encontrar. Queremos transparência, daí que este ano vamos publicar as contas que há cinco anos não se publicavam.
A própria ministra do Trabalho, Helena Taipo, é acusada de interferir de forma excessiva na gestão corrente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS); que apesar de o INSS ser uma entidade pública, dotada de personalidade jurídica, de autonomia administrativa e financeira e de património próprio, a senhora ministra gere-o como um departamento do MITRAB...
Eu sou uma ministra política. Respondo na Assembleia da República pelo ministério. Quando pedimos informações ou relatórios, eles chegam, mas não estamos a fazer gestão. O INSS tem Conselho de Administração e direcção-geral que tomam as decisões. Mas estas instituições aparecem menos do que a própria ministra. A ministra do Trabalho começou a aparecer de forma insistente quando descobriu que havia problemas na entidade; quando as denúncias não só dos empregadores, dos empreiteiros, chegam à ministra do trabalho e era preciso tomar um posicionamento, para averiguar as denúncias e resolver as constatações.
Está a falar do inquérito administrativo...
Não só, o inquérito apareceu depois das denúncias. Algumas denúncias não foram feitas por escrito, constatámo-las no terreno.
A ministra é também acusada de recorrer a fundos desta instituição para financiar as suas viagens e dos seus principais colaboradores. O jornal SAVANA publicou uma reportagem exaustiva com documentos que provam que foram usados fundos do INSS avaliados em cerca de 4,5 milhões de meticais para financiar despesas do Ministério do Trabalho como pagamento de passagens aéreas, ajudas de custo, despesas de representação e manutenção de viaturas. A ministra nunca reagiu, são verdadeiros aqueles documentos? A ministra pede perdiems ao INSS para as suas viagens?
- O“Savana” nunca foi ao Ministério do Trabalho comprovar isso, apresentou documentos repetitivos, uma mesma viagem aparecia três, quatro vezes.
Mas existiram essas viagens?
Não sei se existiram. A ministra do Trabalho tutela o INEFP, o INSS, e são formulados convites para participar em encontros para tratar de assuntos de segurança social e, quando é assim, quem paga as viagens são estas instituições que a ministra vai representar. Quando a ministra do Trabalho vai a Cabo Delgado, usa fundos do ministério, mas quando vai à RAS para tratar assuntos de segurança social, é legítimo que seja o INSS a pagar essa viagem.
O Ministério do Trabalho não tem fundos?
Temos fundos, mas não para programas sectoriais.
A sr.a ministra do Trabalho nunca usou dinheiros do INSS para fins pessoais?
São livres de irem ao INSS verificar, fazer a investigação e aferirem a verdade.
Quem dirige, actualmente, o Conselho de Administração do INSS?
Devia saber como jornalista.
Qual é a situação de Armando Pedro Júnior? Já não há lugar para ele no INSS?
Ele teve as situações que teve e saiu. Vai ter que aguardar até que o Conselho de Administração decida se volta ou não.
Que destino foi dado ao relatório do inquérito administrativo que mandou fazer no INSS?
Está na Procuradoria-Geral da República.
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After leaving Hollywood, Gene Hackman retired in Santa Fe, New Mexico,
where he became a fixture in the community.
44 minutes ago
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