Pretoria (Canal de Moçambique) – O interesse chinês pelos recursos agrícolas africanos está a crescer, criando as bases para uma “revolução verde” no continente, e Angola e Moçambique estão entre os eleitos, afirma o investigador Loro Horta.
“Ao passo que a China pode estar motivada sobretudo pela necessidade de responder à crescente procura alimentar no país, a modernização do sector agrícola africano também deverá beneficiar a população do continente”, afirma o investigador no recente artigo “Segurança Alimentar em África: A Nova Taça de Arroz da China”.
“Tem sido dada atenção considerável aos interesses chineses no petróleo e outros recursos minerais africanos, mas é talvez na agricultura e processamento alimentar que a China terá um impacto mais significativo no futuro do continente”, defende o académico, filho do actual presidente timorense, Ramos Horta.
No centro da estratégia chinesa estão países da África Austral, como Moçambique, Tanzânia, Malaui e, “crescentemente” Angola, mas também há uma abordagem à Guiné-Bissau.
Em 2008, recorda, o governo chinês comprometeu-se a investir 800 milhões de dólares na modernização do sector agrícola moçambicano.
O plano passa por quintuplicar a produção de arroz, das actuais 100 mil toneladas para 500 mil, através do reforço dos meios de investigação de colheitas e escolas agrícolas em todo o país, estando já perto de 100 especialistas chineses a trabalhar em Moçambique, incluindo do reconhecido Instituto de Arroz Híbrido de Hunan.
Está ainda projectada a construção de canais e irrigações, incluindo um de grande dimensão entre o lago Malaui, o segundo maior do continente, no país vizinho, para rios e barragens em Moçambique.
“Nos últimos dois anos, a procura de novas terras levou Pequim a procurar agressivamente grandes concessões de propriedades em Moçambique, especialmente nas suas áreas mais férteis, como nos vales do Zambeze e do Limpopo”, sublinha.
Em Junho de 2007, os dois países assinaram um memorando de entendimento prevendo a instalação de cerca de 3.000 agricultores chineses para as províncias de Tete e Zambeze, com o objectivo de estabelecerem explorações agrícolas e pecuárias ao longo do vale.
Quanto a Angola, que já é o maior parceiro comercial chinês em África, tem uma população de 16 milhões de pessoas para uma área superior a 1,24 milhões de quilómetros quadrados, pelo que “oferece grandes oportunidades à China”, afirma Horta.
Estas incluem a produção de carne, mas também bens alimentares de luxo em voga na China, como café, especiarias e frutos tropicais.
“Os investimentos agrícolas chineses estavam inicialmente concentrados na África Austral, mas estão agora lentamente a disseminar-se para outras partes do continente, como a Guiné-Bissau, na África Ocidental, onde a China estabeleceu recentemente diversas explorações experimentais de arroz híbrido”, afirma.
No início de 2007, adianta Horta, empresários chineses comprometeram-se a investir 60 milhões de dólares na indústria de caju da Guiné-Bissau, um dos mais importantes produtores deste fruto no continente.
Para o investigador de origem timorense, o envolvimento chinês no domínio agrícola pode ser a base de uma “revolução verde no continente”, dando “a oportunidade de um melhor futuro a milhões de africanos”.
Contudo, alerta, o desrespeito pelo meio ambiente nas actividades de exploração agrícola pode conduzir a uma situação de esgotamento de recursos, se não forem tomadas as devidas precauções.
Formado pela Universidade de Defesa Nacional do Exército de Libertação do Povo (China), Loro Horta viveu largos anos em Moçambique, colaborando actualmente com diversos centros de investigação em todo o mundo.
(Redacção/macauhub)
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