Wednesday 29 April 2009

Em Maputo: Trabalhadores em greve no Estádio baleados pela policia


Quarta, 29 Abril 2009 21:35 Ricardo Machava

[Um dos agentes da polícia que se encontravam no local para repor a ordem alvejou a tiro dois dos grevistas]

Um dos agentes da polícia que se encontravam no local para repor a ordem alvejou a tiro dois dos grevistas
Os cerca de 700 trabalhadores afectos na construção do Estádio Nacional, em Maputo, paralisaram as obras esta quinta-feira em protesto contra os baixos salários que dizem auferir.
O pior aconteceu por volta das 14 horas quando um dos agentes da polícia que se encontravam no local para repor a ordem alvejou a tiro dois dos grevistas.

Até ao momento não se sabe se os alvejados perderam a vida. Entretanto, António Fernando, um dos grevistas, disse ao nosso jornal que um foi atingido na perna e o outro nos órgãos genitais. Fernando não sabe ao certo se os seus colegas terão perdido a vida, mas sublinhou que o agente da polícia disparou com intenção de matar.

“Ele recuou e escreveu um risco no chão e disse que caso alguém atravessasse aquele risco ele o matava. Entretanto, eles pegaram um dos nossos colegas, dizendo que é para ir à Esquadra. Nós seguimos e logo aquele polícia disparou contra dois dos nosso colegas”, descreveu António Fernando.

Em contacto telefónico com a nossa equipa de reportagem, por volta das 18 horas de hoje, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique a nível da cidade de Maputo, Arnaldo Chefo, disse que ainda não tinha informação sobre o acontecimento, tendo prometido um pronunciamento esta sexta-feira.



O móbil da greve

A principal causa da greve é o salário, mas adiciona-se os alegados maus tratos por parte dos chineses responsável pela construção. No que tange ao salário, os grevistas dizem auferir cerca de 1890 meticais, que corresponde a um salário diário de 63 meticais, contra os 93 meticais que o patronato comprometeu-se a pagar. Acrescentam ainda que não são pagos as horas extraordinárias.

Até porque esta greve pode ter a sua razão de acontecer porque com base no salário mínimo anteontem aprovado, o sector de construção civil passa a pagar um salário mínimo de 1925 meticais. Ademais, os novos salários deverão ser pagos com retroactivos a partir de 1 de Abril que termina.

Refira-se que esta é a segunda greve em menos de três meses naquelas obras, que até certo ponto refuta o letreiro grafado na entrada da construção, que diz “Amizade entre a China e Moçambique irá prevalecer como o céu e a terra”.

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