Frelimistas consideram de grave a renúncia de Jó Capece
-Uns dizem que é sinal da morte da Frelimo na Beira, mas outros dizem que o
MDM teve uma mão no acto e, outros tantos, apontam para uma desorganização
interna, porquanto, referem, Jó António Capece caiu de paráquedas nas eleições
internas sob um empurrão de um grupo oculto de elites da Frelimo ao nível
central.
(Maputo) A renúncia ao cargo de Primeiro Secretário da Cidade da Beira está a mexer com a cúpula da Frelimo, partido que se prepara para a conferencia de quadros a ter lugar a partir da próxima sexta-feira e terminando três dias depois, ou seja,
no Domingo, na Escola central da Frelimo, na Cidade da Matola, Município do mesmo nome, no sul de Moçambique, para a qual estão previstos cerca de três mil participantes vindos de todas as províncias do País.
Quadros seniores do partido no poder contactados, em Maputo, para se pronunciarem sobre esta atitude de Jó Capece em se renunciar do cargo para o qual foi eleito há
sensivelmente um mes, depois de um processo que levou a uma renhida concorrência interna, cujo acto foi dirigido por uma comissão central da Frelimo, na qual pontificava o veterano fundador do Frelimo e da Luta Armada
de Libertação Nacional, Alberto Chipande, bem como o Secretário Para a Mobilização e Propaganda, Edson Macuácua, consideraram de “grave” a medida tomada por aquele quadro.
Outras vozes ligadas ao partido de “batuque e maçaroca”, no Chiveve abordadas telefonicamente na tarde de ontem, dramatizaram o acto, referindo que a renúncia de Jó Capece poderá significar a “morte” da Frelimo na capital provincial de Sofala.
Para outros isto é sinal de desorganização da Frelimo, na Beira, enquanto, para uns tantos, já se esperava que algum dia viesse a acontecer, porquanto, dizem, Jó
Capece caiu de paráquedas nas eleições internas sob um empurrão beneplácito de alguns ocultos mandatados por figuras proeminentes do Partidão. Referem as mesmas
vozes condenatórias da aparição de Capece na internas locais que ele não tinha vindo das bases, daí, não ser o preferido das mesmas. Aliás, referem
até aos últimos dias do processo, ele não constava nas listas concorrentes.
Outras vozes abordadas ainda nas terras de Chiveve apontam o MDM de Daviz Simango ter tido alguma influencia na renúncia ao cargo por parte de Jó Capece.
Entretanto, Capece instado a se pronunciar, telefonicamente, desdramatizou essas acusações de ter sido mexido pelo MDM.
Disse serem infundadas essas acusações, pois, “não tenho nenhumas ligações nem compromisso com esse partido. Não constitui verdade, são pura especulações essa versão de ter algo a ver com o MDM”, refutou.
Questionado como os seus “camaradas” do Comité da Cidade e outros do mesmo partido reagiram em Sofala sobre a sua medida de renúncia ao cargo, Jó Capece frisou que,
primeiramente, foram apanhados em contrapé, daí a dor e, posteriormente,
veio o conformismo. Como sabe fui eleito com maioria absoluta nas eleições internas do partido.
Renúncia do cargo de primeiro Secretário da Frelimo
Jó Antonio Capece, eleito há sensivelmente três semanas, renunciou ao cargo alegando falta de tempo para dirigir os destinos do Partido ao nível daquela cidade capital provincial de Sofala.
Segundo o Secretário da Frelimo para a Mobilização e Propaganda, Edson Macuácuá, Capece remeteu ao Comité do Partido a nível da cidade da Beira um pedido de renúncia ao cargo por “impossibilidade prática de conciliar a sua actividade profissional com o exercício das funções partidárias”.
“O pedido de renúncia refere-se às incompatibilidades da actividade de docente que Capece exerce com a de Primeiro Secretário na Beira, visto que ele é professor nas cidades da Beira, Maputo e na província de Gaza, e esta situação o obriga-o a se ausentar constantemente da Beira e, em tempo de eleições (este ano), não podemos ter um Primeiro Secretário a tempo parcial”, disse Macuácua.
Este caso invulgar na história da Frelimo, acontece numa altura em que a Frelimo está preocupada em identificar o melhor timoneiro para dirigir os seus destinos na Beira, a segunda maior cidade do país ora sob gestão municipal de Daviz Simango, que concorreu como independente nas ultimas eleições autárquicas depois de expulso da
Renamo. Assim, o Comité da Frelimo da Cidade da Beira deverá realizar outras
eleições dentro dos próximos dias para eleger um outro Primeiro Secretário.
Actualmente, a Frelimo na Beira está a ser dirigida interinamente pela
Secretária Provincial para Administração e Finanças, Florência Raso
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