Já foram encontrados os que mataram o director da Lei e Ordem de Maputo
- revela o porta–voz do Comando da Policia na Cidade de Maputo, Arnaldo Chefo, ao «Canal de Moçambique»
Maputo (Canal de Moçambique) – O porta-voz do Comando da PRM, (Polícia da República de Moçambique), Arnaldo Chefo, no seu habitual informe semanal à comunicação social, quando questionado, ontem, pelo «Canal de Moçambique» sobre a quantas andava o processo de assassinato do director da Ordem e Segurança Pública, Feliciano Juvane, disse que “os autores do crime já foram encontrados”.
Escusando-se a revelar os nomes dos tais “autores” do crime e outros pormenores à volta do caso, Chefo limitou-se a dizer que o assunto, pelo menos no que diz respeito à Polícia estava encerrado e que o mesmo já havia sido encaminhado às demais autoridades competentes, neste caso, o Ministério Público, restando a esta entidade proceder como lhe compete.
Faltam dois dias para completar-se quatro meses que Juvane perdeu a vida, vítima de baleamento pelas costas e na cabeça, disparados de rajada por quem se presume que o tenha vindo a persegui-lo. O acto deu-se quando o malogrado ainda se encontrava na viatura. Acabava de estacionar na garagem da sua residência e ainda se encontrava ao volante quando foi atingido.
A reportagem do «Canal de Moçambique» viu o então director da Ordem e Segurança Pública a dar entrada ao Hospital Central de Maputo em agonia, cerca das 21h40 do dia 16 de Dezembro de 2008. Ao auscultar a equipa médica de serviço na Reanimação do Hospital Central esta assegurou que a vítima não iria sobreviver dado a gravidade com que havia sido atingida. Foram vários os tiros que atingiram a vítima pelas costas.
Feliciano Juvane foi baleado dentro da viatura em que se fazia transportar quando estava já estacionado na garagem de um prédio na Praceta Beato João de Brito, nº 283, onde residia, no 1.º andar. Trata-se de uma praceta na sua segunda entrada à direita de quem sobe a Av. Maguiguana vindo da Lenine no sentido da Av. Amílcar Cabral.
A ocorrência, segundo vizinhos, deu-se cerca das 21 horas. Ouviram-se tiros de rajada e viu-se depois que estilhaçaram o vidro de trás da cabine dupla 4x4 em que a vítima se encontrava. Alguns projécteis furaram a chaparia da viatura.
Segundo informações médicas de fontes no banco de socorros do Hospital Central de Maputo, que na ocasião falaram ao «Canal de Moçambique» pedindo-nos anonimato, Feliciano Juvane corria perigo de vida uma vez que a bala que o havia atingido perfurou-lhe a cabeça apresentando à saída massa encefálica.
“O perfurar da bala na cabeça foi extremamente grave razão pela qual estamos reunidos de forma a encontrar uma saída caso entre para sala de operações”, adiantou-nos na altura uma fonte médica, que asseverou desde logo que havia “pouca esperança de vida”.
Ontem, Chefo garantiu que há duas semanas, ou seja, desde os fins do mês de Março já se encontram à guarda da Polícia os autores do crime.
“Temos todos os dados e até os respectivos autores que tiraram a vida do director da Ordem e Segurança Pública da Cidade de Maputo”, garantiu Chefo ao «Canal de Moçambique.
Ainda segundo o porta-voz da PRM, não é apenas o caso Feliciano Juvane que poderá ser esclarecido em breve. Existem outros em que se produziram desenvolvimentos com vista ao seu esclarecimento. Há segundo Arnaldo Chefo detenções de possíveis implicados noutros casos.
“Temos dados concretos sobre o dossier Feliciano Juvane como também do caso da morte de polícias na Av. de Angola que no devido momento serão anunciados aos órgãos de comunicação social”, afirmou Chefo.
Instado pelo «Canal de Moçambique» a se pronunciar sobre as possíveis causas da morte de Juvane, nomes dos autores do baleamento e os passos a seguir, Chefo limitou-se a dizer que “no devido momento serão anunciados aos órgãos de comunicação social o que realmente houve, os seus respectivos autores e até que medidas serão tomadas aos envolvidos no crime macabro”.
Sobre Anibalzinho
Arnaldo Chefo aproveitou o momento também para confirmar que ainda não foi encontrado o cadastrado Aníbal dos Santos Júnior, (Anibalzinho), autor confesso do assassinato de Carlos Cardoso, que deixou, de forma ainda não convincentemente esclarecida pelas autoridades, as celas do Comando da Policia da República de Moçambique na Cidade de Maputo, a 7 de Dezembro de 2008 em companhia de mais dois outros reclusos, dos quais, um já abatido pela Polícia e sepultado no cemitério de Lhanguene, Jesus Samuel Tomás, vulgo Todinho, e outro, Samuel Januário Nhari, (Samito), que conforme informação policial foi recapturado em Caia, província de Sofala, na travessia do rio Zambeze. Este actualmente encontra-se nos calabouços do mesmo Comando da PRM da cidade de Maputo, de acordo com informações disponíveis até aqui.
Execuções policiais extra-judiciais
Por outro lado questionado pelo «Canal de Moçambique» sobre o caso de execuções de três indivíduos na altura à guarda da Polícia do mesmo Comando da PRM da cidade de Maputo e que segundo relatos bem confirmados pelas autoridades foram retirados misteriosamente das celas na calada da noite e mais tarde os respectivos corpos descobertos numa zona de cultivo no distrito da Moamba, mais concretamente no círculo de Chiboene, Arnaldo Chefo diz que “ainda não existem informações tendo em conta que este caso é sensível e complexo”.
Como assim?
O «Canal de Moçambique» quis entender, para melhor informar os leitores das razões que estariam por detrás do facto do caso Juvane já ter os possíveis implicados descobertos pela Polícia e o contrário estar a acontecer com o assunto das execuções sumárias protagonizadas, aparentemente, por agentes da PRM. Chefo respondeu: “tanto o caso de Feliciano Juvane como a solução das execuções são pertinentes. Todos os casos tocam com vidas humanas. O caso Juvane foi tratado tendo em conta como ocorreu a situação”, concluiu.
As execuções sumárias ainda não esclarecidas ocorreram no distrito da Moamba, mais concretamente no círculo de Chiboene, numa zona de cultivo, ou seja, machamba, no círculo de Chiboene. Os autores foram aparentemente agentes da Polícia. A ocorrência deu-se entre os dias 31 de Julho e 1 de Agosto de 2008. Vinte (20) dias depois foram depositados numa vala comum, de acordo com dados disponíveis. Foram vítimas três indivíduos. Uma das vítimas usava o nome de Almeida Daniel Mucobo. Segundo se apurou na altura, foi retirado, pela calada da noite, das celas do Comando da PRM da Cidade de Maputo, onde se encontrava Aníbal dos Santos Júnior, (Anibalzinho), chefe confesso do esquadrão da morte que assassinou o jornalista Carlos Cardoso. A vítima também tinha por companheiro de cárcere os comparsas desaparecidos na mesma circunstância em que Anibalzinho deixou o cárcere no Comando da PRM na cidade de Maputo.
Importa reter, que o caso das execuções no distrito da Moamba foi confirmado na altura pelo porta-voz do Comando da PRM da Cidade de Maputo, Arnaldo Chefo.
(Conceição Vitorino)
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