Wednesday, 4 March 2009

A Opinião de Luís Nhachote sobre a Crise na Guine Bissau

A propósito dos assassinatos em Bissau

Maputo (Canal de Moçambique) - Foram necessários apenas, poucos meses, para que a rotina far-west, que infelizmente tem caracterizado o modus vivendi entre os poderosos da Guiné-Bissau, voltasse à ribalta, e semeasse o luto naquele país.
As armas, sempre elas, voltaram a ser usadas, para matar. Tem sido assim na Guiné-Bissau, infelizmente, de há uns anos a esta parte. Os protagonistas, têm sido os de costume, naquele estado que é considerado o primeiro “Narco-Estado” em África.
Várias declarações repudiaram o acto macabro. O acto merece mesmo repúdio. Num intervalo de horas as vidas do presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira e do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), general Baptista Tagmé Na Waie. Mas dessas declarações a que mais me prendeu a atenção foi a de Mário Soares, antigo chefe de Estado português: “Ele era muito violento e teve uma morte violenta”. Esta frase de Soares encaixa-se perfeitamente na máxima de “quem com ferro mata, com ferro morre”.
Em Novembro passado foi dado o aviso.
Por ironia da história, a História da Guiné-Bissau tem estado a ser escrita por balas. Até quando?
Passando em revista as muitas declarações de muitas figuras de proa “desoladas” com os acontecimentos de Bissau, ficou a ideia, estampada nos seus semblantes, de terem dito apenas o politicamente correcto. Conheciam o “camarada Nino”. Aliás costuma-se dizer que não se fala mal dos mortos. Mas é preciso ter coragem de dizer que “Nino”, após os seus sete anos de exílio dourado pela metrópole portuguesa, regressou ao convívio onde o pó das armas fala mais alto e o narcotráfico capturou toda uma autoridade de Estado ao ponto de naquele país irmão não haver cadeias para albergar os tubarões do narcotráfico. É só ler os relatórios internacionais para concluir que a Guiné-Bissau é o principal corredor de drogas do continente africano. E onde há drogas, há dinheiro…e muitas armas…
“Eles ali na Guiné tem que parar com essa mania de andarem a matarem-se uns aos outros” rematou Mário Soares, sereno.
E eu também por aqui me fico com a esperança de que a normalidade volte de facto à Guiné-Bissau e que a hipocrisia dos discursos de praxe não galgue a pacatez, até aqui apenas por vezes beliscada, de outros estados onde se vai fingindo não se ver para que lado sopram os ventos que já se ouvem zumbir…
Mas que dizer mais por ora? Paz à alma dos fuzilados! E: que parem de andar a matarem-se uns aos outros. Esse filme, que por aqui já rodou e que ninguém quer ver em reposição, tem que ter o seu término. Será que a hipócritas irão saber tirar dos acontecimentos de Bissau as devidas e urgentes ilações?

(Luís Nhachote)

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