Wednesday, 4 March 2009

CODESRIA no FESPACO 2009: Novas Direcções no Cinema Africano

Data: 4-5 de Março de 2009

Local: Ouagadougou, Burkina Faso.



O Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (CODESRIA), em colaboração com o Festival Pan Africano de Filme e Televisão tem o prazer de anunciar a realização em Ouagadougou, Burkina Faso, durante os dias 4 e 5 de Março de 2009, de um atelier de dois dias sobre “Novas Direcções no Cinema Africano” . O FESPACO é um evento bianual que foi fundado em 1961 com o objectivo de promover o desenvolvimento da indústria cinematográfica em África, proporcionando um espaço para reflectir, mostrar e celebrar as conquistas dos africanos neste domínio. O FESPACO procura contribuir para que a voz e a perspectiva africanas sejam ouvidas no movimento cinematográfico global. A edição 2009 da FESPACO começou em Ouagadougou a 28 de Fevereiro, e terminará a 7 de Março de 2009.



O tema da 21a edição do festival, que coincide com o seu 40o Aniversario, e o 20o aniversário da Biblioteca de Filme Africano de Ouagadougou, é “O Cinema Africano, Turismo e Património Cultural”. O festival enquadra-se numa vasta gama de actividades com vista a comemorar o aniversário, incluindo exposições itinerantes durante os dias 4 e 5 de Março de 2009 sobre os anos do FESPACO, e do Cinema africano, exibição de filmes, conferências sobre o FESPACO e a Fundação FESPACO. A edição de 2009 prestará homenagem a Ousmane Sembene, decano dos realizadores africanos e pioneiro do FESPACO, que faleceu a 9 de Junho de 2007.



O atelier do CODESRIA será realizado no Splendide Hotel em Ouagadougou, Burkina Faso. Os participantes incluem o Secretário Executivo do CODESRIA, Adebayo Olukoshi, Kofi Anyidoho, anfitrião do Programa do CODESRIA para o Instituto Pan Africano das Humanidades, que está sediado na Universidade de Ghana Legon, Mbye Cham, Maguaye Kasse, Antoinette Tidjani Alou, Pinkie Mekgwe, Fani-Kayode Omoregie e Africanus Aveh. O atelier organizado por Kofi Anyidoho, Manthia Diawara e Pinkie Mekgwe é estruturado em torno de quatro paineis de discussão e abordará os seguintes temas:



- Escrevendo a História Visual de África

- O contexto Pan africano de Cinema

- Inovações: Projectando o Futuro de África

- Para lá de Quatro Décadas do FESPACO: o lugar e o espaço de desenvolvimento da Arte Visual em África



Discurso do Curador

No discurso do curador preparado por Manthia Diawara em nome do Programa do Instituto das Humanidades do CODESRIA, a intenção é usar a plataforma oferecida pelo FESPACO para produzir uma teoria coerente sobre os objectivos dos novos cinemas africanos. Pode-se até falar de novas mudanças de paradigmas no cinema africano que se tornou possível devido à emergência, nos últimos vinte anos, de novas estruturas de produção de filmes e vídeos, especialmente na África do Sul e Nigéria. Inequivocamente, há uma maior diversidade de cinemas africanos do que há 25 anos atrás, quando a maioria das produções eram tornadas possíveis apenas pelo Gabinete Francês do Cinema. Também intervieram muitas mudanças políticas a nível do Ministério Francês dos Negócios Estrangeiros -dos Fundos Sul/CNC para ARTE/França e dos Fundos da União Europeia em Bruxelas de apoio ao FESPACO – que nos permitem especular para lá da oferta monolítica sobre filmes africanos, como nos é proposta pelas casas das artes e pelos festivais. Por último, nenhum académico sério pode doravante ignorar o sucesso industrial e cinematográfico dos vídeos de Nollywood.



O Cinema africano contemporâneo assumiu o papel que a literatura africana assumira nos anos 60. Tal como os escritos de Chinua Achebe, Ngugi wa Thiong’o, Wole Soyinka e outros despoletaram o movimento de descolonização e a utopia da independência, hoje, os realizadores africanos preocupam-se com os desejos pós-coloniais existentes nos regimes político, económico e cultural impostos pela globalização.



O que é fascinante nos novos cinemas africanos é a maneira como eles dão voz aos africanos para se comunicarem para lá das fronteiras nacionais com cidadãos em outras esferas públicas. Os filmes revelam-nos diferentes pontos de vista sobre temas globais tais como o fim da utopia nacionalista em África, o impacto do ajustamento estrutural, migração, guerra, políticas identitárias e questões ambientais e de saúde.



A principal intenção deste atelier e da programação de filmes africanos no FESPACO é chamar a atenção para as novas direcções e visões criativas no cinema africano contemporâneo. O CODESRIA é da opinião de que há novas linguagens críticas, contraditórias e frequentemente em conflito umas com outras e instâncias críticas provenientes da África contemporânea que continuam a ser invisíveis em grande medida por causa de uma definição monolítica e politicamente correcta atribuída ao cinema africano pelas casas de arte e pelos festivais ocidentais.



O atelier pretende levantar o véu à diversidade de linguagens cinematográficas, e às diferentes visões criativas e políticas que se escondem por detrás delas. O CODESRIA acredita que a melhor via para revelar esta diversidade de linguagens cinematográficas - de Djibril Diop Mambety, a John Akomfrah, Abderrhamane Sissako, Balufu Bakupa Kayinda, Jean-Pierre Bekolo e os videos Nollywood—é através de uma visão de curadoria que enfatize não só a diferença entre o cinema africano e o cinema do Ocidente, mas também a diversidade de linguagens cinematográficas e de engajamento político existentes em África.

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