Friday 9 January 2009

O esquecimento do Noticias! O Coitado do Mano Zacas!

Permitam-nos saudar a nova postura do Noticias. De a uns tempo para ca, parece que o diario resolveu 'des-amordacar-se' e os seus editorais tem sido mais contundentes e balancados do que o de muitos independentes! Hoje, por exemplo, o Noticias apresenta um editorial em que critica de forma interessante as atitudes dos governadores de Inhambane e do Ministro das Obras Publicas. So que no segundo caso, parece que o Noticias, 'por exceso de zelo' se esqueceu que o Ministro das Obras Publicas, o mano Zacas, e agronomo e nao engenheiro de construcao (dai na altura da aprovacao do projecto da EN1 nao se ter recordado que as estradas precisam de vias de escoamento de aguas!! Um abraco patriotico, MA


Editorial

AS chuvas que tem estado a cair um pouco por todo o país desde os finais do ano passado já produziram, pelo menos duas declarações dignas de registo em cadernos de antologia sobre coisas que certos dirigentes dizem em momentos críticos que, embora nos espantem, não nos surpreendem, dada a forma rotineira e cíclica como isso é dito sem que muito aconteça.

Maputo, Sexta-Feira, 9 de Janeiro de 2009:: Notícias


Por coincidência, ambas as declarações foram proferidas em Inhambane, embora possam ser tomadas como uma amostra significativa do que se tem dito em circunstâncias semelhantes. A primeira veio do município de Inhambane, com o governador a colocar como hipótese quase certa a intervenção de militares para retirar à força as pessoas que teimavam em permanecer nos bairros totalmente inundados colocando em risco as suas vidas. A segunda é o espanto e questionamento do ministro das Obras Públicas relativamente à reabilitação de parte da Estrada Nacional Número Um.

No primeiro caso, até se compreende o estado emocional do governador face ao drama que acabava de constatar nos bairros e a necessidade de evitar a perda de vidas humanas. O que nos intriga é a persistente dificuldade de se agir preventivamente sobre as cíclicas inundações nos bairros das capitais provinciais, no caso vertente.

Não nos referimos somente a problemas estruturais, nomeadamente a construção de valas de drenagem, certamente mais difíceis de solucionar por exigirem mais meios, sobretudo financeiros. Algumas zonas estão identificadas pela própria natureza como zonas de alto risco. Sabido isso, as lideranças dos municípios têm transferido para zonas seguras as pessoas e, por vezes, construído casas, gastando elevadas somas de dinheiro. Todavia, ciclicamente, e à luz do dia, esses mesmos lugares são novamente ocupados, por vezes pelas mesmas pessoas, perante a passividade das autoridades municipais, uma vez refeitos do drama de momento.

E este não é um caso particular de Inhambane.

Vários sinais de alerta têm sido emitidos sobre o desastre sempre iminente na cidade de Pemba. Centenas de famílias estão a construir nas encostas do “platô” nos bairros de Ngonani, Noviani, só para citar alguns exemplos. Entendidos na matéria asseveraram há alguns anos que naquelas circunstâncias aquelas construções precárias e a densidade populacional estão a pressionar os solos, de tal maneira que hoje as encostas são uma espécie bomba relógio, provavelmente à espera de um detonador que se pode designar de chuvas torrenciais.

Mas, é assim igualmente no município de Maputo.

O conhecido bairro Magude continua na memória de muitos, associado às dramáticas imagens das cheias do ano 2000, retratando gente desesperada e com a cólera iminente. Nessa época a população foi transferida, o município concedeu terrenos e construiu algumas casas. Hoje no bairro Magude tudo voltou a ser como era dantes. Um bairro habitado, apinhado e sem preparo para inundações. Cenário idêntico, à saída da cidade de Maputo, nas duas bermas da Estrada Nacional Número Quatro próximo da portagem. Estão a ser erguidas autênticas casas sobre os pântanos, e junto às salinas, perante a passividade de dois municípios, nomeadamente no da Matola e o de Maputo.

Face a estes factos e muitos outros que ficam por descrever devido à exiguidade deste espaço, torna-se difícil aceitar, embora compreensível dadas as circunstâncias concretas, as lamentações de governadores e presidentes de municípios quando se espantam com cenários como os que assistimos em Chalambe, Liberdade Muelé e Balene, em Inhambane.

A natureza por si só, efectivamente, não pode justificar tudo.

Tanto assim o é que não pode justificar o aparente espanto do ministro das Obras Públicas quando se depara com uma estrada nacional cujas bermas estão a ser danificadas pelas chuvas por ausência de valetas para escoar as águas pluviais, denotando graves insuficiências na reconstrução duma obra que tem pouco mais de um ano. A obra foi ou não fiscalizada? O projecto contemplava ou não as tais valetas?

Se o ministro não compreende como aquela estrada não tem valetas de drenagem, o que é que o cidadão comum, utilizador da via e pagador de impostos deverá compreender? Se a reabilitação de uma via única e estratégica, como a Estrada Nacional Número Um, não contempla pontes ou pontecas em locais tão sensíveis, o que se espera que o utilizador comum compreenda?

O estudo prometido em Inhambane é sim importante. Mas não basta. Fica a percepção de que algo ficou por contar sobre a Estrada Nacional Número Um.

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