Wednesday 24 December 2008

Sobre morte de Juvane e fuga de Anibalzinho

Silêncio na Policia

Maputo (Canal de Moçambique) - Nas hostes policiais o ambiente é de medo e de mutismo, encarnados na espírito do deixa andar. As feridas causadas pela morte de Feliciano Juvane e a fuga de Anibalzinho e de mais outros dois reclusos constituíram-se como que uma espécie de machadada no seio da PRM. Talvez a razão das evasivas que deixam muito claramente espaço para especulações. Espera-se pelo Pai Natal porque nestas coisas de surpresa em surpresa tudo pode ainda acontecer.
Ainda não existe resultado das investigações acerca da fuga de Anibalzinho, Samito e Todinho, das celas do Comando da PRM (Polícia da República de Moçambique) da cidade de Maputo, refere Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia, que entretanto escusou-se a comentar os pronunciamentos do General Benedito Zinocacassa que já veio a público desmentir alegações oficiais da corporação segundo as quais ele fazia parte de uma comissão de inquérito encarregue de investigar esses desaparecimentos. É que antes o próprio porta-voz da PRM, Pedro Cossa havia dito de viva voz que aquele general da Polícia, Zinococassa, é que dirigia a aludida comissão.
Sobre o estado das averiguações relativas à dita fuga dos três mediáticos reclusos o porta-voz da PRM disse agora que “ainda não existe nas minhas mãos o relatório de investigação. Assim que tiver algo irei divulgar aos órgãos de comunicação social”. Cossa fez questão de realçar que ele é apenas porta-voz e que espera ordens para cumprir.
Por outro lado disse também que não existem desenvolvimentos sobre o caso do assassinato do director da Ordem e Segurança Pública do Comando da Cidade de Maputo, Feliciano Juvane.
“Não posso trazer detalhes sobre o caso do director da Ordem e Segurança Pública do Comando da Cidade de Maputo, Feliciano Juvane sob pena de complicar o trabalho das pessoas que estão a investigar o processo”, afiançou Pedro Cossa.
Instado a pronunciar-se sobre as mensagens ameaçadoras que se afirma que o finado Feliciano Juvane recebeu dias antes da sua morte, Pedro Cossa minimizou o assunto afirmando que “se a Polícia pudesse dar guarda privada aos oficiais teríamos batalhões na corporação” envolvidos nessa missão.

Entretanto

Dados apurados pelo Canal de Moçambique, indicam que os seis guardas estagiários continuam detidos e que estão sendo ouvidos por uma equipa que deve instruir o respectivo processo. A referida equipa é chefiada pelo inspector Maússe.
Conforme as nossas fontes ao nível do Comando da cidade de Maputo, de facto não existe nenhuma comissão de inquérito fora a que está a instruir o processo.
De referir que a “fuga” do trio Anibalzinho, Todinho e Samito ocorreu numa altura em que o finado Juvane estava ausente por se encontrar doente de malária.

Como entram os estagiários

O Canal de Moçambique apurou ainda que a equipa que guarnecia as celas onde estavam detidos os foragidos havia sido montada por Feliciano Juvane. Entretanto, nesse dia houve ordens para se alterar a escala tendo ficado afecto o pelotão de que fazem parte os estagiários detidos. Por outro lado, esse mesmo pelotão não estava completo. Tinha uma secção incompleta.
Um pelotão é formado por três secções de 12 homens cada. Com o pelotão desfalcado, havia lacunas em termos de posicionamento estratégico dos homens.


A “fuga” não foi às 10 horas

Outro dado que o Canal de Moçambique apurou junto de fontes da contra inteligência policial é que a “fuga” do trio contrariamente à versão oficial não ocorreu às 10 horas, mas, sim, por volta das 5 horas. Aliás, tal como as fontes fazem questão de destacar, os seis estagiários já estavam sob custódia a partir das 8 horas desse mesmo dia.
As celas onde os detidos estavam encarcerados eram individuais e possuem portas de ferro e com quatro cadeados cada, do lado de fora. As três dão para um corredor comum em cujo fundo aparece o buraco que a Polícia apresenta como sendo por onde o trio se escapuliu. Do lado oposto às celas o mesmo corredor é delimitado por grades. Do seu lado exterior ficavam os guardas. Portanto, estes tinham toda visão sobre o que se passava no corredor por onde oficialmente se alega que o trio passou até chegar ao aludido buraco. Uma das questões que se coloca é: como é que o trio saiu ao mesmo tempo, à mesma hora, estando cada um deles numa cela individual trancada a quatro chaves?
Ainda segundo as fontes da contra inteligência policial os detidos não tinham direito a banhos. “Feliciano Juvane por ter trabalhado 33 anos na corporação policial criou amizades e inimizades”, precisou uma das fontes da contra-inteligência policial.

(João Chamusse)

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