Sunday, 14 December 2008

A Opiniao de Noe Nhantumbo

DECAPITAR A LIDERANÇA DA RENAMO PODER SER SUICÍDIO POLÍTICO
Importa aproveitar o capital histórico de um partido com história...

Apóds o descalabro eleitoral reente algumas vozes se levantam e pedem cabeça de Afonso Dlakama. É óbvio que quando se perde alguém deve assumir as responsabilidades e é fácil atribuir isso a todos mesnos a nós próprios. Digo isso a respeito da posição daqueles que são membros dessa formação política.
Se havi ou existem divergências quanto ao modo como o partido é dirigido e quando aos métodos de liderança houve tempo ao longo dos anos para os membros se manifestarem e exigirem as mudanças pertinentes. Não se pode atribuir a derrota unicamente a um Dlakama que os outros membros da liderança deixaram adormecer na capital e no comodismo da mesma. Quem não trabalhou durante estes anos todos foram todos os membros que compõem a liderança deste partido. Quem se dedicou a tudo menos estudar e tentar compreender os dossiers nacionais foram os membros que compõem a Renamo, foram os seus deputados parlamentares, foram as diversas delegações políticas provinciais.
Transformaram a política virtualmente em exercício de fim de semana e agora querem fugir com o rabo à seringa deitando todas as culpas para o timoneiro. Isso é uma atitude que em si revela a classe de políticos que temos. É fácil abandonar o barco quando o naufrágio se anuncia. E depois o que acontecerá?
Não será exactamente isso que o partido no poder pretende? Não será essa a estratégia de corrosão posta em prática já há alguns anos que está minando os alicerces da oposição e provocando cisões quando a atitude a tomar seria de cerrar fileiras e ajudar um líder enfraquecido pela conjuntura.
Há que olhar para o cenário político nacional com todo o realismo e pragmatismo necessários. A derrocada da oposição é o que o partido no poder pretende ver concretizado e para isso continuará a semear tempestades nos copos dos membros da oposição.
Para Moçambique, a construção de uma sociedade equilibrada guiada pelos princípios democráticos passa pela existência de uma oposição forte e coesa.
As lutas intestinas e a autêntica fuzilaria de intrigas usadas como arma política, servem para destruir um partido que cumpriu uma missão histórica de combater a ditadura de inspiração comunista que governou o país desde a independência. A aparente abertura de espaço para o multipatidarismo é um dos frutos do combate consequente de homens como Afonso Dlakama.
Negar a sua autocracia ou outros procedimentos julgados contraproducentes para a gestão do partido não deve ser sinónimo de se alinhar como uma autêntica cabala que pretende ver a sua figura eliminada do baralho.
Em termos práticos o desaparecimento da Renamo como oposição seria uma pesada derrota para as aspirações democráticas dos moçambicanos no seu todo.
É preciso prestar atenção as proclamações veiculadas por certa imprensa. Alguns dos que avançam pela via da destruição da liderança da Renamo são os mesmos que sempre estiveram na mesa dos baquentes do partido no poder. Algum do posicionamento contrário aos detentores do poder de hoje é fruto da marginalização que algumas destas pessoas sofreram ao longo dos tempos. Há muito jogo duplo e espionagem política nos dias de hoje. As manifestações de baixeza política, de ausência de princípios observam-se nas situacões de membros que mudam de partido conforme as conveniências materiais oferecidas. As deserções e mudanças de camisola mostram perfeitamente que os partidos políticos da oposição ainda tem muito caminho para percorrer no sentido se fortalecerem e resistir as manobras de subversão que seus opositores políticos jamais deixaram de exercer.
Vivemos num país com uma história complexa muitas vezes contada ao belo prazer dos protagonistas. Todos procuram apresentar-se como libertadores e figuras comprometidas com o povo moçambicano. Na verdade na maioria dos casos, trata-se de exercícios demagógicos iguais aos dos praticam certos governantes.
Há muita febre por protagonismos no país. Não só na classe política mas também no seio dos comunicação social e confissões religiosas.
A multiplicação de dissidências nos órgãos de comunicação social e o surgimento de jornais novos quase que permanentemente mostram bem com que linhas se cozem os editores e directores dos órgãos de comunicação social independente.
Agora que surge a vitória de Davis Simango como independente na Beira muitos vão colar-se a esta personalidade e procurar vender a sua imagem e conceitos de organização política e governativa.
Não concordar com a metodologia de Dlakama não deve ser sdonónimo de alinhar com a sua liquidação política.
O esforço deve ser no sentido de procurar dar uma nova vida a um partido que possui o seu capital e importância no contexto nacional.
As constradições e desavenças existem sempre que se juntem algumas pessoas e dentro das organizações políticas isso é perfeitamente normal. Nem todos estão de acordo com a maneira como Dlakama dirige a Renamo. Nem todos estão de acordo com a prestação dos deputados que a Renamo possui no Parlamento. Nem todos concordam com actuação de Mazanga entanto que p[orta-voz da Renamo. Mas é possível lavar toda a roupa suja em lugar próprio e quando as pessoas se mostram pouco disponíveis a proceder desse modo, há sempre a possibilidade de criar consensos, primeiro mínimos entre algus membros e aumentar a esfera de pessoas interessadas em ver mudanças num partido.
Todos estamos de acordo que Moçambique precisa de uma oposição cada vez mais forte e credível. As guerras internas distraem todos dos objectivos estratégicos e quem ganha com isso é o partido no poder que assim pode continuar a dispor do país como se fosse seu feudo ou quintal.
A questão não é salvar Dlakama mas salvar e fortalecer a Renamo entanto que partido da oposição e nisso os intelectuais patriotas tem a obrigação de olhar para além de seus egos e estomâgos.
O momento é de cerrar fileiras e demonstrar que se ama esta pátria chamada Moçambique. Isso deve ser feito através de trabalho político consequente.
Educar os moçambicanos a saberem escolher entre o trigo e capim, entre o que é a Renamo como partido e o que são simples figuras que existem e que passam.
A democratização de um país com um capital humano largamente analfabetizado e pobre é uma tarefa árdua e de longo prazo em que os que se entregam a ela devemn entender que existem sinuosidades complexas.
O objectivo é melhorar o desemepenho de um partido e não contribuir para a sua desagregação. E são os membros e seus simpatizantes que devem fazer isso. A ganhar estará o país e os moçambicanos.
Há que fazer escolhas muito acertadas num momento grave como este. Ou fortalecer a oposição e continuar a sonhar com um país participado e de todfos ou permitir que a oposição real a Frelimo desapareça e todos se transformem em empregados menores nos impérios empresariais da nomenclatura com o aparelho do estado transformado em células do partido no poder.
Só existem estes dois caminhos e não nos iludamos com a lata e demagogia as vezes exibida nas televisões nacionais.

1 comment:

Reflectindo said...

Noé Nhantumbo fez esta análise como se não fosse mocambicano e vivesse em Mocambique. Proponho-o a seguir a Renamo com muita atencao nos próximos meses.