Lições De Bruxelas
Entre 27 e 29 de Outubro de 2008 realizou-se uma conferência internacional subordinada ao tema: Parceria Conjunta da União Africana e União Europeia sobre a Governação Democrática e Direitos Humanos.
Foi mais uma ocasião para se debater o estado de coisas nestes dois domínios. O autor desta linhas foi convidado a participar por um dos co-organizadores da mesma
conferência: Fundação Konrand Adenauer.
O encontro teve o seu interesse e da sua agenda constavam temas actuais sobretudo no continente africano.
Ao mesmo tempo que começava a conferência começavase a ouvir e ver a desgraça e violência no Goma, RD Congo.
A Governação Democrática que os líderes dos dois continentes assinaram na sua última cimeira em Lisboa estava mais uma vez sendo posta em causa, sobretudo por continuar a existirem forças sinistras que não desarmam e nem dão oportunidade para que o futuro do continente africano se faça e aconteça segundo os preceitos democráticos.
Das lições desta curta estadia em Bruxelas, sede da União Europeia, a principal é que a União Africana é uma organização impotente que assina protocolos mesmo sabendo
que não está em condição de cumpri-los.
Que os recursos para as forças de Paz em África existem, só que os governos africanos estão imbuídos na implementação de agendas que não tem nada a ver com a paz
e estabilidade do continente. Que os governos africanos aceitaram assinar uma adesão a uma organização continental sem o mínimo de critérios que obrigue seus membros a
cumprir. Que infelizmente a União Africana é uma organização
desprovida de recursos, regulamentos e vontade política para fazer avançar uma agenda de desenvolvimento equilibrado do continente. As antigas potências colonizadoras estabeleceram entre si pactos de convivência que os permitem impor suas agendas e defender seus interesses.
Continuaremos de cimeira em cimeira, em África, discutindo e analisando coisas já conhecidas e não alcançando resultados porque não possuímos os instrumentos requeridos para ter uma maquina continental em funcionamento.
De Bruxelas fiquei com a impressão de que a União Africana (UA)continua sendo a mesma organização que mudou de nome mas que na essência pouco ou nada difere
da antiga Organização da Unidade Africana (OUA).
Os presidentes de África continuam preocupados com a sua grandeza pessoal e da sua corte.
De Bruxelas sai também com a convicção de que os europeus sabem perfeitamente o que somos e sobretudo sabem que não possuímos nem estratégia comum de abordagem
dos nossos problemas. Continuamos os mesmos fracos de sempre com a diferença de que agora possuímos bandeiras e outros símbolos nacionais.
Uma União Africana que não consegue impor respeito à ninguém porque permite um convívio de ditadores e a continuação de fraudes eleitorais que desvirtuam a democracia.
Assinaram a parceria Conjunta sobre Governação Democrática e Direitos Humanos com Mugabe presente e em Harare ainda não há governo mesmo depois do povo daquele país ter votado e escolhido seus representantes. A teimosia e interesses de uma clique impede que os cidadãos vivam de maneira digna. Na República Democrática do
Congo, país mergulhado num processo eleitoral e feridas do passado mal curadas, ainda não conseguiu trazer a estabilidade desejada pelos cidadãos.
Saio de Bruxelas com vontade de ir para Adis Abeba e dizer a Comissão Africana que já basta de mentir para os africanos.
Os recursos que dizem não possuir estão sendo diariamente esbanjados pelos governantes em viagens internas e externas e encontros sem consequências.
A paz não chega à Darfour porque uma geração de governantes africanos ainda não entendeu que a política ultrapassa as necessidades de pompa e circunstância dos governantes.
Os africanos tem de aprender a tomar conta de seus assuntos e seus interesses.
Já basta de ser fonte inesgotável de recursos baratos para os outros. Alimentar a burocracia de Bruxelas não deve ser barato mas com recursos fluindo de África. Também
não deve ser muito difícil fazer a engenharia financeira que o permita.
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3 hours ago
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