Friday 7 November 2008

A Opiniao de Noe Nhantumbo: Campanha pelas autárquicas em curso na Cidade da Beira

Muito gás e “tentação” a mistura
Sem muitos sobressaltos e de acordo com o que tem sido habitual, arrancou aonte-ontem a campanha eleitoral com vista as terceiras autárquicas na Cidade da Beira.
Cada partido a sua maneira e de acordo com as suas possibilidades a Beira começou a assistir a um movimento desusado de caça ao voto dos beirenses.
Se existem algumas manifestações de pouco carácter democrático com cartazes de opositores já arrancados ou com outros colados por cima, pode-se dizer que de maneira
geral as coisas estão decorrendo pacificamente. Infelizmente entre nós ainda não está sendo cultivado fazer campanhas baseadas na exibição daquilo que são as plataformas ou planos de governação dos candidatos.
Faz-se campanha de exibição de veículos e bandeiras, com gritos e batucadas a mistura. Os jovens parecem que são o campo de recrutamento preferido dos agitadores ou activistas eleitorais.
Todos os partidos maioritários nesta autarquia já se fizeram à rua e como não poderia deixar de ser, quem demonstra maior músculo pelo número de viaturas e bandeiras é a Frelimo. A incógnita é quem será realmente o vencedor.
Sem sondagens fiáveis é difícil prever.
As estratégias dos partidos ainda não são conhecidas embora os manifestos eleitorais não tenham muita diferença no que respeita ao conteúdo. Todos dizem que querem
uma governação inclusiva e participativa.
Os beirenses são chamados a exercer o seu direito cívico numa altura de grande emoção, em que algumas cisões se verificam no seio do principal partido da oposição
no país.
A história da mudança de candidato a última hora em princípio deve trazer algumas novidades naquilo que seria o posicionamento esperado por parte de um número
considerável de eleitores. Existe de facto um factor de divisão do eleitorado em linhas que no fundo tem alguma coisa a haver com a tribo.
Os manifestos eleitorais não deveriam em princípio ser motivo de tanta dispersão de esforços. Não quero avançar e dizer que este é defensor de tribo A ou B. Mas algumas
indicações pelo menos pelo número de aderentes a alguns partidos mostram que alguma coisa cheira a divisão étnica na cidade da Beira.
A política ou os políticos mostram-se neste período eleitoral verdadeiramente sem uma mensagem nova que anime profundamente os cidadãos.
Nota-se muita repetição das mensagens. Não se vê alternativas claras de combate ao desemprego, a criminalidade ou a transformação da cidade num local mais atractivo
para o investimento nacional e estrangeiro. Os políticos actuam muito na esteira e na boleia de seus partidos e o que conta são as orientações centrais. Para um observador atento vai ficar a imagem de uma campanha barulhenta mas
sem muita substância.
Parece que os candidatos apostaram pela vitória do barulho. Uns tentam mostra que possuem meios mesmo que legitimamente não pertençam ao seu partido.
Verifica-se também a utilização continuada de meios governamentais para a campanha com alguns carros de instituições públicas como o Ministério de Saúde, Aeroportos
de Moçambique, desfilando em serviço do partido no poder.
O desejo é que não haja excessos da parte de muitos activistas aparentemente recrutados a última hora e abertamente consumindo bebidas alcoólicas.
A democracia sairá consolidada se os beirenses souberem escolherem o melhor entre as propostas que estão na mesa.
Esperemos que os partidos saibam se mostrar adultos e altura das suas responsabilidades.
Esperemos que este movimento pelas autárquicas demonstre maturidade dos beirenses e que eles não se deixem enganar por políticos a procura de encher a barriga a
custa do voto popular.
Os beirenses merecem o melhor nesta encruzilhada fundamental da implantação e enraizamento da democracia em Moçambique.
Os órgãos eleitorais vão decerto sofrer pressão e todo o cuidado é pouco para garantir que o processo decorra sem sobressaltos.
Julgamos que mesmo as pequenas irregularidades não escapem do escrutínio para que o Presidente eleito mereça a aceitação de todos e que ninguém apresente alegações
de fraude.
O espectro da manipulação eleitoral elimina-se através de um trabalho criterioso e responsável dos órgãos eleitorais, dos partidos e dos cidadãos. Muita tinta vai correr até ao dia 19 de Novembro e esperamos que no fim ganhe o melhor.

No comments: