Tuesday, 11 November 2008

A Opiniao de Guilherme Mussane sobre Barack Obama

A difícil missão de Barack Obama

Há um ditado popular que diz: “Vale a pela tarde do que nunca”. Na última Quarta-feira o mundo acordou sacudido por uma notícia sem paralelo e sem precedentes na história: “Barack Obama era o primeiro presidente negro da maior potência política, econômica e militar do mundo, os Estados Unidos da América”.
Várias reações, comentários e sentimentos vieram à ribalta, em todos os cantos do mundo. Abri o meu computador e encontrei uma mensagem desafiante.”O que achas que será o mundo a partir de agora? ” O autor era um bloguista, um homem de retórica invejável, um dos mais assíduos debatedores da política nacional e internacional na imprensa moçambicana. Seu nome, Manuel Araújo.
Para animar a “malta” ele enviou uns artigos quentes, cheios de emoção que faziam imaginar um semblante de alguém que naquele momento estava a viver um momento ímpar da sua vida. Foi o que eu senti ao percorrer os textos de Alcute, desculpem-me, de Manuel Araújo.

Uma novidade histórica

Uma das coisas que mais me impressionaram quando estava a acompanhar, pela televisão, o discurso da vitória, foi o mar de lágrimas que escoria no rosto do Reverendo Jessé Jackson.
O Reverendo Jackson foi o primeiro negro a se candidatar para a presidência dos EUA. Ele, nos tempos de juventude esteve nos momentos áureos do movimento cívico dirigido pelo mitológico Reverendo Martin Luther King. Jackson estava com King no dia em que foi assassinado, há mais de 40 anos.
Uma das frases mais emblemáticas de King para além da famosa “I have dream” é a seguinte: “Eu consegui escalar esta difícil montanha, mas não consegui ver o outro lado. Sei que você pode [...]” . Para mim esse sujeito impessoal do King tinha se transformado num sujeito real naquele momento. Tinha nome, e esse nome era Barack Obama. A profecia de King estava a realizada.
A primeira coisa que se me oferece dizer, que não é mais do que algo óbvio, é que a eleição de Barack Obama é algo extraordinário. Por todas essas mil razões, várias vezes repetidas, destacando entre elas o facto de ser o primeiro negro a atingir este pedestal numa sociedade conservadora como a norte-americana.
Todavia, é preciso lembrar que diferentemente de muitos países, os Estados Unidos da América têm um pacto político independente de qualquer partido que estiver com as rédeas do poder: primeiro os interesses americanos, depois o resto. E isto a qualquer preço.
No caso de Moçambique, particularmente, temos que nos lembrar que foi no tristemente célebre tempo de Reagan e Teacher que “distraídos pela guerra” , fizemos as “tenebrosas transações” [“Vai passar”, Chico Buarque, 1982] que nos levaram as negociações com as Instituições de Breton Woods.
Há vários desafios para Obama: o problema de duas guerras (Iraque e Afeganistão), o conflito nuclear com o Irão, os problemas dos escudos de defesa antimíssil com a Rússia, os problemas de degradação ambiental, o conflito Israelo-Palestino e outros. Esta lista de problemas não se resolverá de noite para dia.
É verdade que a eleição de Obama é uma boa notícia para os africanos e para ao afro-descendentes. É uma página de ouro que se abriu na História da humanidade.
Espero que a presença de Obama na Casa Branca ajude a aproximar melhores soluções para os graves problemas do continente africano. Todavia, não acho que esta próxima administração americana seja a panacéia dos inúmeros problemas que afectam o mundo de hoje.

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