“Os nossos corações e sentimentos podem estar com Obama, mas as nossas mentes e interesses põem-nos próximos dos Republicanos.” Ayed Al-Manna, Analista Político Koweitiano citado pelo Arab News, 1 de Novembro de 08, p.9
O primeiro domingo do corrente mês de Novembro testemunhou uma nova página na história do desporto motorizado, dado que o Mundo viu o primeiro negro a se sagrar campeão mundial na terra do samba. Na verdade e embora estivesse a puxar pelo Filipe Massa, pela aproximação linguística, a vitória de Lewis Hamilton me levou a coagitar a possibilidade de a primeira semana de Novembro poder ser a “semana dos negros” se Barack Hussein Obama, o Senador do Estado Americano de Illinois e candidato pelos Democratas à presidência do mundo, me perdoem dos Estados Unidos da América (EUA), confirmar o que a maioria das sondagens apontam: vencer as eleições contra John McCain. Por ser um orientalista, e respondendo à um pedido de um grande amigo, quero contribuir no que pode ser o impacto destas eleições para o Médio Oriente.
Antes de tudo, é preciso lembrar que a política externa norte-americana costuma se identificar através de duas direcções (julgo que com o novo acordo ortográfico, se escreve direções, mas ainda não estou habituado): ou intervencionista, quando o presidente é Republicano (George W. Bush iniciou duas guerras que serão herdadas pelo novo presidente e queria ter iniciado uma outra contra o Irão), ou pacifista, mais concentrada em exportar os valores de democracia e direitos humanos para o mundo, isto, geralmente, acontece quando um Democrata preside os EUA (foi sob os auspícios de Bill Clinton que se registou a maior aproximação entre israelitas e palestinianos, quando a 13 de Setembro de 1993 Yitzhak Rabin e Yasser Arafat selaram com o famoso aperto de mãos de Washington o acordo de paz entre ambos). Todavia, é preciso lembrar que a maior parte dos presidentes que passa pela Casa Branca costuma ter uma doutrina própria em relação à política externa e todas elas se baseiam no exepcionalismo americano, ou seja, tal como costumo traduzir: “melhor que América só América”. A última das quais, a doutrina de prevenção de George W. Bush, implementada logo a seguir ao 11 de Setembro que não deixa saudades absolutamente nenhumas.
Posto isto, julgo que a euforia em redor de Obama pode se esvair quando ele se tornar presidente e ficar claro que ele defenderá o interesse nacional americano baseado na visão Democrata. Neste caso, aliás como ele promoteu, podemos esperar que as tropas norte-americanas deixem o Iraque para reforçar a guerra no Afeganistão e provavelmente se sente à mesa com Mahmoud Ahmadinejad, o Presidente Iraniano, embora este possa não ser reeleito no ano que vem. Me parece, portanto, que a nova doutrina poder se chamar “shifting” ou mudança de focos conflictuais para longe do petróleo do Médio Oriente porque as monarquias do Golfo Pérsico e outros produtores de petróleo, como sejam os casos do Irão, são peças-chave para reverter a crise do capitalismo que está instalada nos EUA e que será herdada pelo novo presidente. Contudo, e talvez porque Bush tenha percebido isto, os bombardeamentos à Síria na última semana do passado mês de Outubro pode servir de lembrança aos eleitores e ao novo presidente que o Médio Oriente continua a ter que merecer a mão-de-ferro do Tio Sam.
Por outro lado, é preciso lembrar que as ruas do Médio Oriente, eu incluído, estão com Obama, mas os governos, principalmente os do Golfo Pérsico, podem, eventualmente, estar com John McCain porque este pode evitar que o Irão exercite as suas tentativas de hegemonia. E convêm não esquecer que o “shift” norte-americano no Médio Oriente para uma presença menos forte pode reforçar o poder dos grupos extremistas, algo que os governos querem evitar para se manterem no poder, aliás, o “endorsement” da Al-Qaeda para John McCain só reforça esses medos.
Contudo, sinais de optimismo foram dados por um grupo de estadistas norte-americano liderados pela antiga Secretária de Estado, Madelaine Albright, que publicou um relatório entitulado “Mudar O Curso: Um novo rumo para Relações dos EUA com o Mundo muçulmano”. Este relatório que foi publicado recentemente recomenda: “maior envolvimento diplomático com o mundo muçulmano e um maior investimento no desenvolvimento económico em países muçulmanos.” Além disso, apela para “a nomeação de um enviado especial nos três primeiros meses do mandato do próximo presidente norte-americano”. O relatório também chegou à conclusão de que os sentimentos anti-EUA no mundo muçulmano “foram gerados pelas políticas americanas e não por crenças culturais ou religiosas muçulmanas.” Este relatório foi entregue tanto à John McCain e a Barak Obama, vamos ver se eles o acatam quando um deles se tornar presidente.
Em jeito de conclusão, quero manifestar a minha crença de que qualquer que seja o resultado das eleições, a presença norte-americana no Médio Oriente continuará inalterada, podem é alterar a forma de encarar a sua presença em pacífica ou conflituosa porque como disse o falecido Rei Faisal da Arábia Saudita quando o então Secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, o ameaçou em boicotar a entrada do petróleo saudita no ocidente na década de 1970: “se isso acontecer, nós voltaremos para o deserto e sobriviveremos a base do leite de camelo e tâmaras e vocês ocidentais, como sobriviverão sem o nosso petróleo?”. Talvez isto explique que o Médio Oriente continuará igual após o 4 de Novembro de 2008 no que toca à presença norte-americana que tem que resolver o conflito iraquiano, a questão do estado palestiniano, as relações entre a Síria e Israel, a questão do poder nuclear iraniano e balancear a crescente presença russa na região.
Por: Abdula Manafi Mutualo
Mestrado em Estudos do Médio Oriente
Em Jeddah – Arábia Saudita
Email: abdulmanafi786@gmail.com
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