Sunday, 26 October 2008

O (des)prazer de viajar na Kenya Airways

A semana passada fiz o trajecto Maputo-Nairobi, com uma paragem obrigatoria, ou melhor se quisermos ser ‘politicamente’ correctos, com uma escala em Harare. Partimos de Maputo as 11.30 de Quarta feira, e chegamos a Nairobi cerca das 18.00 horas local, 17.00 de Mocambique, portanto nada mais e nada menos que seis horas. Se adicionarmos as duas horas para o check in e migracao no aeroportode Maputo, a mais duas horas e meia (sendo uma para a migracao pos-desembarque) e a outra hora e meia para chegar ao centro da Cidade de Nairori (devido ao trafego), o voo Maputo-Nairobi sai-nos a nada menos e nada mais que 10 horas!. Para surpresa minha, o voo da Kenya Airways estava repleto, pelo menos no trajecto Maputo-Harare. Em Harare, mais de dois tercos dos passageiros desembarcou, ficando a bordo o outro terco. Confesso que fiquei surpreso pois nao imaginava que houvesse tanta gente querendo ‘visitar’ Harare. O que a ser verdade, levanta uma questao interessante sobre verdadeiras razoes do cancelamento do voo da LAM que fazia os trajectos Maputo-Harare-Maputo e Maputo-Beira-Maputo, mas isso sera assunto para outra cronica de viajem. Por enquanto concentremo-nos na rota Maputo-Nairobi.

Por razoes que so a Kenya Airways pode explicar, os passageiros em transito em Harare, devem permanecer no aviao durante o tempo de escala que varia de entre uma hora a duas, dependendo das circunstancias. Durante este periodo, um equipa (antipatica) de limpeza da Autoridade Civil do Zimbabwe entra no aviao com um aspirador, para limpar o aviao e recolher o ‘lixo’ deixando pelos passageiros desembarcados, o que como nao deixaria de ser cria inconvenientes aos passageiros em transito. E mais, durante a escala o aviao e abastecido com os passageiros a bordo, com todos os riscos dai advientes. Como se nao bastasse este martirio todo, durante o periodo em que se abastece o aviao alegadamente por razoes de seguranca, os passageiros em transito, nao podem movimentar-se no aviao, sendo portanto obrigados a manter-se sentados e para cumulo, nem sequer lhes e permitido usar as casa de banho!.

Ora, confesso que sou analfabeto no que se refere as regras da aviacao estabelecidas pela IATA para escalas deste tipo. Contudo, manda a boa educacao e o bom senso dizer que, entanto que passageiro, tenho o direito a um minimo de respeito e consideracao, senao como ser humano, pelo menos como alguem que faz com que a companhia de aviacao se mantenha no ar. Explico-me, se de repente todos os passageiros deixassem de usar os servicos da Kenya Airways, a companhia iria no minimo a falencia, alias, como ja o foram varias outras. Dai que se a companhia quiser manter-se no ar, penso que ela deve mudar de postura e comecar a respeitar o minimo de direitos dos passageiros, pois estes sao afinal de contas, os maiores investidores da empresa, portanto, a sua maior fonte de receitas.

Nao sei se as regras nos voos domesticos sao iguais as dos voos internacionais. Por exemplo, e para mim um grande prazer viajar nos voos domesticos da LAM (tirando os ciclicos atrasos e o facto de os voos andarem super-lotados, deixando nao poucas vezes passageiros em terra), pois sempre que ha uma escala, por exemplo no trajecto Maputo-Quelimane, ou Maputo-Pemba, os passageiros sao convidados a desembarcar, o que e para mim um grande prazer, pois permite-me apanhar ar puro, esticar as pernas, e porque nao conversar com alguns amigos de ocasiao.

Mesmo que as regras internacionais ou de migracao nao permtam que assim se proceda, nos voos internacionais, penso que a tripulacao ou a equipa de asistencia a bordo deveria informar com antecedencia aos passageiros as condicoes e regras do periodo de escala. Um aviso antecipado informando aos passageiros que, durante o periodo em que se estiver a abastecer o aviao, nao se pode usar a casa de banho, or exemplo, permitiria que os passageiros se livrassem atempadamente dos liguidos gastricos, evitando nao so congestionamentos nas portas da casa de banho do aviao, como tambem, um mal estar desnecessario.

E como se nao bastasse, e para piorar a situacao, o periodo de escala em Harare em variavel. No caso em apreco, o periodo de escala teve que ser duplicado, pois o aviao levava a bordo, no trajecto Nairobi-Maputo-Harare, dez pasageiros de nacionalidade Indiana, que apos desembarque em Harare, tiveram que regressar a bordo em vertude de as autoridades de migracao do Zimbabwe nao lhes terem autorizado a entrar naquele territorio!

Ora, deixar o passageiro as cegas sobre as condicoes da escala, me parece senao uma violacao flagrante das regras mais elementares de marketing, pelo menos podera ser considerada como uma violacao dos direitos dos passageiros. Qualquer companhia que se preze, seja ela aerea ou nao, tem no passageiro ou cliente, o seu melhor ‘embaixador’. Nao usar este recurso barato e eficiente, para promover a companhia me parece ser um erro crasso de qualquer gestor. Eu pelo menos, dado o tratamento acima descrito, recuso-me a ser embaixador da Kenya Airways!. Portanto, se o caro leitor pedir a minha opiniao sobre esta companhia, o meu conselho sera, use-a se nao tiveres alternativa, pelo menos no trajecto Maputo-Nairobi. Para o meu regresso, decidi mudar de rota, passando a usar a minha companhia favorita, a South African Airways. Apesar do percurso parecer mais longo, Nairobi-Johannesburg-Maputo, faz-se com mais comodidade!.

Decidi partilhar convosco esta dolorosa experiencia, porque me parece que se trata de um voo partilhado com a nossa (code-shared) LAM. E sendo a LAM, uma companhia nacional, nao gostaria que continuasse a perder clientes, e por essa via recursos que muita falta fazem ao meu pais. Se a LAM quiser rentabilizar ainda mais a linha,e por essa via poder obter mais lucros, ganha o meu pais, pois mais impostos entrarao nos cofres da nossa autoridade tributaria, o que resultara em mais recursos para construir escolas, hospitais pagar professores, enfermeiros, construir estradas, pontes que tanta alta fazem ao meu pais. Mas para isso algo tera que mudar no trajecto Maputo-Nairobi e quem sabe noutros. Oxala que eu esteja errado!
E mais nao disse.
MA

6 comments:

MANUEL DE ARAÚJO said...

Dear Manuel

Your description and commentary on the Kenya Airways experience made me smile a lot! Having been through similar experiences myself (though, I have to confess, I was never refused the right to use the toilet whilst waiting in transit - luckily for me, I now realise), I could fully identify with everything your wrote. No doubt, the word will get round via your numerous blog visitors and, with any luck, it might even provoke a change of policy in Kenya Airways who will be worried about losing more customers like you. So, you may have done others a big favour!
AH

Egidio Vaz said...

Pls Manuel can you write a brief note in english? Or, cna I translate it and weill post into the Global Voices Online - am the author and contributor.
Very good article.
Thanks.
Egidio

Anonymous said...

Caro Deputado MA,

Quero parabenizá-lo pelo artigo sobre o tratamento degradante a que são sujeitos os passageiros da companhia KA.Assim,ficmaos informados sobre toda a verdade das copmanhia se a falsidade das publicidades! Quero igualmente aproveitar a ocasão para tecer um pequeno comantário sobre a nossa companhia LAM. No voo regional Maputo-JHB e vice-versa a LAM só aceita 20 kg de bagagem. ora vejamos, se um passageiro pretende fazer um voo internacional com escala em JHG para apanhar um outro da SAA é obrigado a pagar uma multa por excesso de carga!! Sinceramente, 20 quilos é mt pouco! A LAM tem um acordo com a SAA mas na SAA o passageiro pode levar 62 kg.Da última vez que fiz a viagem na LAM,por me encontrar a estudar fora de Moçambique eu tinha 15 kg a mais e paguei uma multa de 1500 meticais. Em JHG não paguei nem um Rand! Será que a LAM pretende crescer como empresa dessa forma? se tem um acordo com a SAA devia permir k o passageiro com ligação na SAA levasse as duas peças de 32 kg sem pagar multa.Para mim, voo regional só a SAA mesmo!

Abraços calorosos

F.Mbebe

Anonymous said...

Para mim tambem, a KA eh nunca mais! Fui obrigado a passar 8 horas sentado no aeroporto em Nairobi, das quais as primeiras 3 horas foram sem nenhuma informacao...por atraso do voo que nos iria transportar para Dar-es-Salaam. O mais irritante eh a falta de informacao. E pelo que me foi dito os atrasos sao coisa normal. Outra questao eh a seguranca. No trajecto, Nairobi-Dar-es-Salaam varios passageiros continuaram a usar os seus celulares durante a decolagem e durante a aterrizagem, o que acho muito estranho. Ninguem da tripulacao se dignou a parar com aquela atitude que como sabemos pode perigar a vida de todos no aviao!

Anonymous said...

Alo Manuel de Araujo!
Fiquei sem entender, agora escreves comentários para ti mesmo, e assinas de forma diferente? pensei que tua assintaura fosse MA e nao AH. Da proxima preste maior atençao aos detalhes, sao muito importantes... se nao tiverem comentado no teu blog nao precisas inventar ou ()?

MANUEL DE ARAÚJO said...

Caro Leitor,

Deve me conhecer muito pouco para fazer a insinuacao que faz. Mas ainda bem que a fez em jeito de pergunta, pois quem pergunta quer saber ou aprender. A mensagem-reaccao ao meu artigo foi-me enviada por uma pessoa ao meu email. O que eu fiz foi copiar do meu email e fazer um 'paste' no meu blog, dai aparecer com meu nome! Nem tudo o que parece e, dizia meu avo!
Fique descansado, que nao preciso de 'reagir' a meus artigos! Tenho muita coisa para fazer para perder o pouco tempo que tenho em autobajulacoes!

Um abraco patriotico, De Sao Domingo, Republica Dominicana
MA