Por Ericino de Salema*
O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, vai acumulando, a cada dia que passa, discursos e decisões que, em rigor, sugerem que ele não passa de um projecto do que diz ser: um líder de “mão cheia”. Julgo que seria um óptimo tributo para a história política moçambicana se, em sede de um pequeno projecto de investigação, ele fosse ‘coisificado’ para efeitos de estudo. Sugiro a criação de um grupo de cinco pesquisadores para tal, constituído por um antropólogo (para perceber a sua cultura, raízes e, porque não, “questões de berço”), um sociólogo (para perceber os grupos a que ele pertence, suas lógicas e dinâmicas), um cientista político (para captar o verdadeiro sentido de procura, acesso, exercício e manutenção do poder que ele tem), um comunicólogo (para se ocupar da análise dos anacrónicos e contraditórios discursos que ele vem proferindo desde 1992) e um psicólogo (que procuraria perceber o seu ego).
Cá por mim, o referido grupo de estudo poderia ser formado pelas seguintes pessoas: Rafael da Conceição (antropólogo); Elísio Macamo (sociólogo); Joaquim Vaz (cientista político); Eduardo Namburete (comunicólogo); e Lídia Gouveia (psicóloga).
Creio que muita gente como eu, que gosta da existência, nas sociedades democráticas, de políticos e de partidos políticos fortes, poderiam contribuir com um dia do seu salário para que a supracitada equipa de estudiosos pudesse ter reunidas as condições mínimas para o desenvolvimento do seu trabalho.
Apresento, infra, o que julgo ser Afonso Dhlakama em oito pontos, em jeito de ‘hipóteses’ para o estudo que aqui proponho, na minha qualidade de cidadão:
DEMAGOGO: Ao longo dos últimos 16 anos, Afonso Dhlakama tem estado a mostrar a todos que é o campeão da improvisação, que não tem cultura organizacional e que o seu discurso é nitidamente vazio de conteúdo, o que o leva a ser um clássico exemplo do que um demagogo tem que ser;
HORRÍVEL: Como presidente ou líder da Renamo, Dhlakama se mostra horrível de dia para dia. Não duvido que, às vezes, ele próprio possa ter medo dele mesmo, mormente quando a racionalidade ganha algum espaço dentro de si;
LENTO: Mostra-se constantemente como um político lento, o que tem o seu preço. Em 1999, por exemplo, tinha o poder em suas mãos, mas o seu ‘camaleonismo’ fez com que, no fim do dia, perdesse tudo. Coitado de Joaquim Chissano, na altura Presidente da República, que se tinha mostrado disposto a ‘ajudar’ um ‘irmão’;
AMADOR: O que Afonso Dhlakama fez em 1992, com a assinatura, em Roma, do AGP, foi tirar uniforme militar, mas, volvidos 16 anos, ainda não conseguiu se tornar num político profissional, um pouco nos moldes weberianos. Ele não passa, em desabono da mentira, de um político amador;
KAMIKAZIANO: Em termos de produção verbal, Afonso Dhlakama desce cedo se mostrou ser um ‘quadro’ kamikaziano, chamando até de miúdo ao seu ‘miúdo’ da propaganda. Nos momentos mais terríveis do seu kamikazianismo, ele arrisca-se a perder o que já tinha bem seguro: a indicação, a dedo, de Manuel Pereira a candidato da Renamo na Beira, no lugar do award winning Davis Simango, é o mais fresco exemplo;
ANTI-DEMOCRÁTICO: Auto-intitula-se, bastas vezes, de ‘pai da democracia’, mas o que anda a fazer demonstra que ele é um anti-democrático, de tal sorte que ‘gere’ os fundos do partido como se lucros, melhor, receitas de uma sua tasca se tratassem. Maldito ex-SG que tentou instituir um salário para ele;
MESQUINHO: Se há, neste mundo, ‘gajos bons’, obviamente que Afonso Dhlakama é um deles. Dá tanto crédito a fofoqueiros, de tal sorte que, hoje por hoje, está quase sozinho. ‘Granda’ pena;
ARRASADOR: Afonso Dhlakama é um general emprestado à política, que se evidencia pelo facto de ser arrasador, não permitindo o pensar diferente. Aliás, detesta conviver com gente séria, organizada e que se guia com base na lógica, mesmo assumindo-se que, muitas vezes, a ausência da lógica é a lógica da política.
Se não agirmos hoje, visando salvar o ‘irmão’ Dhlakama, amanhã poderá ser tarde. A meu ver, uma Renamo dirigida eficientemente é a única via imediata de se evitarem [eventuais] excessos do partido Frelimo. Não ficarei surpreso se, nas ‘gerais’ previstas para 2009, o partido no poder se tornar num verdadeiro ‘partido dominante’, com uma maioria qualificada no Parlamento. Com isso, os camaradas poderão ‘pedir’ e ‘chorar’ para que Armando Guebuza se candidate a um terceiro mandato.
* Oficial de Informação e Pesquisa do MISA-Moçambique e autor do blogue www.mediaepoliticamoz.blogspot.com
PS: Este artigo será publicado pelo SAVANA desta semana
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