Monday 22 September 2008

Venâncio Mondlane: O Barack Obama Moçambicano

Por: Boris Koloma

Tenho acompanhado com uma quase obsessiva assiduidade o programa, no meu ver, de maior interesse no debate televisivo Moçambicano: Pontos de Vista da STV. Tive vários receios em chegar a conclusão em que cheguei, mas no último domingo as minhas dúvidas dissiparam-se, o comentador Venâncio Mondlane congrega em si uma diversidade de qualidades que é impressionante mesmo aos olhos do mais férreo cepticismo.

Ressalvo desde já que não considero este rapaz um «intelectual» como certa vez ouvi num café, ele está, isso sim, dotado de capacidade de um actor à Shaspeare ou, talvez mais acertado, um Ronald Reagan antes de habitar a casa Branca. Para além destas qualidades de actor, o rapaz tem um verbo tão fácil quanto escorreito, as suas palavras fluem como um manso bater de ondas numa praia amena em dia repleto de agradáveis repiques de sol. Outra capacidade admirável deste jovem é a sua coragem em abordar questões, aparentemente «quentes», com uma naturalidade e sobranceira que as vezes roçam a uma ingenuidade idílica. Faz recordar a criança que denunciou a nudez do monarca no conto tradicional «O rei vai nu», quando todos os adultos pura e simplesmente temiam denunciar a triste cena e o logro em que o Rei foi metido. Não é fazer elogio exagerados, se reconhecermos que o Engº Venâncio tem uma capacidade, pouco vulgar na nossa pobre juventude, de discorrer sobre vários assuntos, alguns diametralmente opostos, desde a Política à Economia, da Literatura à Filosofia, do conhecimento vulgar à alguma erudição, se bem que as vezes um pouco manchada por um certo sofisma. A clarividência dos seus argumentos e as habilidades comunicativas acabam sonegando estes pequenos defeitos que, aliás, todo ser vivente os tem.

Estas capacidades acima supra descritas são, no meu entender, as que mais aproximam Venâncio Mondlane de Barack Obama. Estes tiveram o quase extinto condão de levantar o interesse da juventude e dos mais desfavorecidos pela Política e governação. É verdade que muitos que assistem o «Pontos de vista» procuram o polémico, a discórdia, em fim o espectáculo. Quem não comentou o «presente» de berlindes que Venâncio Mondlane deu, metaforicamente, ao seu colega de Painel. Foi uma grande brincadeira sim, hilariante, aparentemente de fácil e linear entendimento, mas que carregava consigo uma mensagem profunda dirigida a todos aqueles «papagaios» que repetem de forma robótica o discurso oficial.

No dia seguinte, após o programa, alguns dos meus amigos defendiam que Venâncio Mondlane estava a fazer mais espectáculo que debate. Seja como for, no génio humano, mesmo nos Países mais avançados do Mundo, a Política alia-se sempre a espectacularidade, vejam-se as diferentes técnicas aplicadas pelos Democratas e Republicanos nos E.U.A. É em razão disto que Barack Obama, aliando uma lucidez intelectual a uma criatividade lúdica sem fim, arrasta consigo jovens brancos, negros, mistos e, no geral, todos os que já nenhum crédito depositavam na Política, Ele Barack Obama, é a esperança dos pobres das sarjetas e dos ricos temerosos, entrincheirados nos seus cativeiros de luxo. É nestes jovens onde cruzam os caminhos da abastança e da miséria, numa espécie de «ponto crítico» político. Os pobres e os ricos gostam deles mesmo não concordando.

O título deste meu texto me foi inspirado pelo meu Filho mais novo, que habitualmente assiste o programa com um bloco de notas, anotando tudo o que o seu ídolo Venâncio Mondlane diz. Inicialmente eu não gostava tanto de ver o meu «litle boy» com um sorriso nos lábios domingo à noite, mas fui me apercebendo que o meu filho hoje se interessa tanto por Política e pelo País que pela primeira vez me disse «Pai quero fazer ciências políticas para o ano, para ser como Barack Obama ou como Venâncio Mondlane». Nunca pensei que este «menino» que praticamente estava totalmente desinteressado pelos estudos volta-se a ganhar interesse num curso universitário. Algo curioso é que ele quer fazer ciências políticas mas o seu ídolo Moçambicano é um Engenheiro! isto dá mesmo para um «estudo de Caso» à guisa de Luís Nhachote.

Esta é a minha singela homenagem ao Engº Venâncio, um jovem que marcará a história do debate político em Moçambique e que só o tempo fará a devida vénia.

Boris Koloma..

3 comments:

Anonymous said...

Este eh um texto encomendado. So nao sei por quem nem para que!!!!

Ora bolas,,,

Anonymous said...

Gostaria imenso de conhecer o senhor Boris Koloma! Fala exactamente como o seu idolo Venancio Mondlane. Something is wrong here. Senhor Boris, qual eh o seu contacto, gostaria imenso de conhece-lo. Ao seu filho mais novo tambem. Meus caros jovens, brincadeira tem hora. Culto de personalidade eh uma coisa muito feia e reducionista da visao popular sobre o bom e o mau. Nao se atrapalhem, auto-estima nao pode ser confundida com auto-elogio. Efectivamente, brincadeira tem hora. Mais direi, por hora me basto.

Thug said...

Estava a pesquisar sobre o Eng. Venâncio Mondlane e deparei me com este texto. Sinceramente, antes de ler este texto eu já o comparava com o Pres.Barak Obama quanto ao discurso, afinal não sou o único que pensa o mesmo. Ele se expressa muito bem e é muito inteligente...So espero que ele vá muito longe e aproveite o seu potencial porque ele é capaz de cativar massas e proporcionar mudanças em Moçambique. É de jovens assim que o povo Moçambicano precisa. Força e votos de muito sucesso Eng. Venâncio e parabéns Boris Koloma por teres escrito este texto