DESAFIO AFRICANO E CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO
Bem sabemos que nada se deve fazer sem um estudo de viabilidade técnico económica, estamos neste caso a falar do estudo da navegabilidade dos rios Chire e Zambeze.
A questão não deve ser vista assim de forma tão simplista, pensamos nós. Há que equacionar aspectos não menos importantes, como o acesso ao mar de países como o Malawi, o desenvolvimento associado que trará às populações ribeirinhas das bacias do Chire e do Zambeze, escoamento de exportações de dois países, Malawi já referido e Moçambique com mais uma alternativa, quiçá complementar à ferroviária e rodoviária.
Seria assim, mais uma oportunidade de um corredor a conduzir o desenvolvimento de infra - estruturas perspectivada pela SADC, dos rios Chire e Zambeze em canais navegáveis visando aumentar as opções de transporte para o acesso ao mar para o Malawi, país de interior, a caminho do porto da Beira.
Aquilo que se conhece como benefício para ambos os países em termos de produtos a transportar, nos sentidos descendente e ascendente, são produtos agrícolas, minerais, matérias primas, bens de equipamento, alguns de maiores dimensões com dificuldades em outros modos de transporte e o inevitável turismo de toda a ordem que felizmente se irá desenvolver nas bacias maravilhosas destes rios mais conhecidos do Mundo no tempo de Serpa Pinto e de Livingstone, do que na actualidade.
Esta oportunidade de desenvolvimento afigura-se-nos pois determinante para ir ao encontro do bem estar das populações, contribuindo para uma melhoria profunda das suas acessibilidades, as vias rodoviárias e ferroviárias seriam melhoradas, o fluxo das pessoas era evidente e para o escoamento dos seus produtos, determinante. Era de facto uma rede e serviços de transportes que se criava, dignificando África e o Mundo, onde os transportes são reconhecidamente ineficientes, criando-se assim o acesso a serviços tão vitais como ao sector de produção a favor da maioria das populações.
Tecnicamente parece ser pacifica a navegabilidade do Chire e do Zambeze com algumas cautelas nos respectivos caudais, tipo de embarcações a utilizar, economicamente há neste momento condições favoráveis a uma melhor avaliação, quer com os projectos já em curso, quer com aqueles que se perspectivam, o turismo seria o mais inovador, mas o bem estar das populações não deveria ser marginalizado.
É mais um caminho, se assim for a vontade das partes envolvidas, SADC, Malawi e Moçambique, de a comunidade internacional com o seu apoio a este gigantesco projecto, contribuir também para a redução da pobreza absoluta, nesta região africana.
Augusto Macedo Pinto, Advogado e Antigo Cônsul de Moçambique em Portugal, macedopinto@teledata.mz.
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