Tuesday, 9 September 2008

Morrumbala:

Pais usam livro escolar para enrolar tabaco

ALGUNS pais e encarregados de educação estão a usar folhas do livro escolar de seus filhos para enrolar tabaco para fumar, no distrito de Morrumbala, na província da Zambézia. Tal facto que acontece em algumas regiões do interior de Chilomo, Pinda, Sabe e Megaza, deixa preocupadas as autoridades da Educação naquele ponto do país, que tudo fazem para fazer chegar às crianças o livro de distribuição gratuito.
Alguns professores que conversaram com a nossa Reportagem em diferentes momentos afirmaram que muitas crianças quando levam os livros para casa depois das aulas o mesmo volta incompleto com algumas páginas já rasgadas. Quando questionadas sobre o facto dizem que são os seus pais que tiram as páginas para enrolar tabaco em forma de cigarro, para fumar. Esta atitude, segundo as autoridades da Educação na zona, deita abaixo todo um esforço desenvolvido pelo Governo, visando proporcionar às crianças o material didáctico.

O Governo gasta por ano valores consideráveis de meticais para encomendar o livro escolar que posteriormente é distribuído gratuitamente às crianças em todo o país. Todavia, alguns pais em Morrumbala por ignorância não estão a perceber que o mesmo livro pode servir a tantas outras crianças ou da mesma família, ou da mesma comunidade, poupando os parcos recursos financeiros que o país tem.

O director distrital da Educação, Juventude, Ciência e Tecnologia de Morrumbala, Victor Tomé, confirmou o facto quando abordado pela nossa Reportagem que há dias trabalhou naquele distrito, localizado no Vale do Zambeze. A fonte afirmou que o seu sector está muito preocupado com o facto e já envolveu os líderes comunitários por forma a sensibilizarem as comunidades sobre a importância do livro escolar na educação das crianças. “ Os pais deviam ajudar as crianças a conservar o livro, mas o que acontece é o contrário. É uma situação que ocorre nas zonas do interior, sobretudo no Chire (Chilomo) e iremos trabalhar para resolver o problema, porque realmente é grave”, disse Victor Tomé.

Por causa das cheias deste ano que desalojaram milhares de pessoas naquele distrito, muitos petizes perderam os seus livros, o que levou as autoridades da Educação a reforçar o material didáctico.

Para minimizar este problema, a Educação decidiu recolher todos os livros de distribuição gratuita no fim das aulas, para ser entregue a outras crianças no ano lectivo seguinte. Assim, durante as férias o livro será conservado na escola.

Entretanto, o distrito de Morrumbala inscreveu este ano um efectivo de 82214 alunos de todos os subsistemas de educação que estão a ser assistidos por 860 professores. Mesmo assim, as necessidades em termos de professores ainda continuam, havendo muitos casos em que o rácio aluno/ professor é de um para noventa e seis petizes.

Quanto à desistência da rapariga, Victor Tomé disse que há uma tendência de redução pelo facto de estar em curso uma estratégia visando a colocação de professores e enfermeiras nas zonas do interior para servir de exemplo. Dados em nosso poder indicam que a desistência da rapariga às aulas reduziu de seis para dois por cento. O distrito de Morrumbala era um dos que apresentava altos índices de evasão escolar decorrente de factores culturais como ritos de iniciação, negócios transfronteiriços e casamentos prematuros. Aliás, segundo explicou o director distrital de Educação, os ritos de iniciação coincidem com o calendário escolar, o que constitui um sério constrangimento aos programas do seu sector.

Neste momento está em curso no distrito a construção acelerada de salas de aulas. A ideia central é aos poucos ir se substituindo as escolas construídas com material precário por convencional. No ano passado, por exemplo, foram construídas vinte salas de aulas num investimento avaliado em sete milhões de meticais. Algumas dessas salas foram construídas nos centros de reassentamento.

Para o presente ano serão mais vinte e cinco salas. O distrito possui neste momento 144 escolas e um total de 200 salas de aulas construídas no contexto do programa de construção acelerada.
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1 comment:

Anonymous said...

Muito lamentável!