Wednesday 27 August 2008

A Opinião de Celso Manguana



Do "chumbo" de Comiche ao conceito de "bases"

Maputo (Canal de Moçambique) - Dizer que Comiche perdeu as eleições internas que elegem o candidato do partido Frelimo as eleições para edil de Maputo a favor de David Simango é já um lugar comum. Muito foi dito, muito outro foi escrito. O que me preocupa é o argumento vindo de dentro do partido Frelimo de que, “foi opção das bases”. O que aconteceu nas instalações do Centro de Conferências das TDM serve de pretexto para nos questionarmos: “afinal quem são as bases do Partidão". Comecemos com um argumento matemático. Nas referidas eleições inte nas votaram tão só 89 eleitores. Trocando em miúdos: 53 votaram em David Simango, 25 em Eneias Comiche e 1 em Generosa Cossa. Não houve referência a abstenções.
Sabe a caricato quando figuras com cargo nos órgãos do partido presidido por Armando Guebuza dizem publicamente que, “o resultado das eleições internas reflecte a vontade das bases do partido”. Para um partido que se orgulha de ter milhões de filiados sabe a pouco quando quase nove dezenas de indivíduos são a mostra para um Município que detém quase 2 milhões de habitantes.
Em suma quem votou nas já referidas eleições internas foram os “barões dopartido" ao nível da cidade de Maputo. E o seu voto não descartou os interesses que Comiche não salvaguardou no tempo em que dura o seu mandato.
Não podemos olvidar que de uns tempos para cá, ser membro do partido Frelimo pressupõe retirar benefícios do Estado aos mais diversos níveis.
Patético é quando se quer manipular a opinião pública e dizer que as eleições internas no partido Frelimo reflectem a vontade das bases. Pode até ser que sim. Mas no caso vertente estamos a falar da vontade das bases do topo. Porque quem votou não foi a mamana da Inhaca que disse às câmaras da televisão que apoia David Simango sem argumentar porquê. Votaram pessoas composição de proa no partido nem que seja só a nível da cidade de Maputo.
O que aconteceu no partido Frelimo a nível da cidade de Maputo, merece uma reflexão sobre a democracia que impera nos partidos políticos que se dizem jogar democraticamente no cenário político moçambicano. Não só o partido Frelimo. Mas todos os outros que exigem democracia ao vizinho mas em casa são os maiores Espartanos.

(Celso Manguana)

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