Estive desde a ultima Quarta feira ate ontem na Cidade de Luanda, capital da Republica de Angola. Apesar das inumeras ligacoes que tenho com este pais irmao, quis o destino que Angola fosse um dos ultimos paises a constar da minha lista de 'paises da SADC visitados'. De facto, a minha ligacao com Angola data dos anos 80, quando ainda era 'muleque'! Lembro-me de quatro factos que me ligaram a Angola. O primeiro teve a ver com uma situacao tragica. A morte do primeiro presidente de Angola. Ainda hoje me lembro do dia em que morreu Agostinho Neto! Vivia eu no Centro de formacao de Professores Primarios de Nicoadala, em virtude de meus pais la trabalharem. Como era de costume na altura, nos lares internatos acontecimentos de relevo era comunicados e acompanhados em grupo. Acontecimentos como a independencia do zimbabwe e outros eram acompanhados em directo via Radio,. nao havia televisao nacional na altura. Pelo menos na Zambezia. Assim, a cerimonia funebre de Agostinho Neto foi transmitida no atrio do Centro, com um alto-falante ligado ao Radio Sony do meu pai. Nunca tinha visto tanta gente junta a chorar! Isso marcou-me profundamente!
O outro facto que me ligou a Angola e ao teatro radiofonico foi a peca 'As aventuras de Ngunga' de Pepetela. Nao podia perder nenhum episodio dessa peca! Vivi e aprendi a historia de Angola a partir da obra de Pepetela!
O outro facto que me ligou a Angola e ao teatro radiofonico foi a peca 'As aventuras de Ngunga' de Pepetela. Nao podia perder nenhum episodio dessa peca! Vivi e aprendi a historia de Angola a partir da obra de Pepetela!
o terceiro foi o encontro com Mario de Andrade em Maputo e a palestra por si dada no Instituto de Ciencias de Saude sobre o 'Proto-nacionalismo em mocambique- O caso de Kamba Simango', que me marcou sobremaneira pois na altura tinhamos uma cadeira chamada 'Historia da Frelimo' de que o caso Kamba Simango nao fazia parte!
O ultimo facto foi a longa entrevista que fiz a Jardo Muekalia em Washington (1995), quando desempenhava a funcao de representante da UNITA nos EUA, entrevista publicada na revista Tempo, no tempo de Felisberto Naife.
Varias ocaioes surgiram para visitar Angola, mas a ultima hora havia sempre um impedimento. Nos tempos em que assessorei a Coordenadora para o Sector de Informacao e Cultura da SADC visitamos varios paises, menos Angola! Nos meus tempos da Amnistia Internacional nao era facil obter vistos para Angola, aparentemente devido as criticas constantes que a AI fazia ao regime devido as constantes violacoes de direitos humanos...
Mesmo quando trabalhei para o Bristih Angola Forum, no Royal Institute for International Affairs, nao pude visitar Angola! E os anos foram passando! E a divida foi crescendo!
Alias os ultimos anos da minha formacao andei obsecado com a questao do conflito Angolano: queria perceber como e que as teorias sobre resolucao e gestao de conflitos de William Zartman da John Hopkins University eram aplicaveis ao caso angolano. Lembro-me ainda da tentativa de ler e perceber as obras 'The End of histoy' de Francis Fukuyama e 'Clash of Civilisation' de Samuel Huntington que abanaram as crencas dos cientistas politicos do mundo inteiro, tendo como materia prima o conflito angolano... 'Eram os actores internos, MPLA e UNITA que estavam a usar os 'big brothers URSS e EUA' ou eram os 'big brothers' que estavam a usar os peoes? Que papel Cuba e a Africa do Sel desempenhavam no conflito? Suas agendas regionais ou estavam a mando dos 'big brothers'? Seria a etnicidade um factor preponderente na deflagracao e manutencao do conflito angolano? Seria o conflito angolano um exemplo do 'clash of civilisation' de Huntington? ou seja teria a cultura algum papel no conflito? Ou com o fim da URSS teriamos finalmente a paz uma vez que historia chegara ao fim e a democracia traria a tao esperada paz?
Foi o conflito interno que se internacionalizou ou foi o conflito internacional/global que se internalizou? Foram anos interessantes em que varri bibliotecas de Maputo, Johannesburg, Washington, London a procura de respostas... As obras 'Savimbi uma chave para Africa' e os 'Patriotas' de Sousa Jamba tiveram uma influencia interessante na evolucao da minha percepcao sobre o conflito angolano!
Mas finalmente, as 07.00 da ultima Quarta-feira, acabei pisando a terra de Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi! (continua...)
Varias ocaioes surgiram para visitar Angola, mas a ultima hora havia sempre um impedimento. Nos tempos em que assessorei a Coordenadora para o Sector de Informacao e Cultura da SADC visitamos varios paises, menos Angola! Nos meus tempos da Amnistia Internacional nao era facil obter vistos para Angola, aparentemente devido as criticas constantes que a AI fazia ao regime devido as constantes violacoes de direitos humanos...
Mesmo quando trabalhei para o Bristih Angola Forum, no Royal Institute for International Affairs, nao pude visitar Angola! E os anos foram passando! E a divida foi crescendo!
Alias os ultimos anos da minha formacao andei obsecado com a questao do conflito Angolano: queria perceber como e que as teorias sobre resolucao e gestao de conflitos de William Zartman da John Hopkins University eram aplicaveis ao caso angolano. Lembro-me ainda da tentativa de ler e perceber as obras 'The End of histoy' de Francis Fukuyama e 'Clash of Civilisation' de Samuel Huntington que abanaram as crencas dos cientistas politicos do mundo inteiro, tendo como materia prima o conflito angolano... 'Eram os actores internos, MPLA e UNITA que estavam a usar os 'big brothers URSS e EUA' ou eram os 'big brothers' que estavam a usar os peoes? Que papel Cuba e a Africa do Sel desempenhavam no conflito? Suas agendas regionais ou estavam a mando dos 'big brothers'? Seria a etnicidade um factor preponderente na deflagracao e manutencao do conflito angolano? Seria o conflito angolano um exemplo do 'clash of civilisation' de Huntington? ou seja teria a cultura algum papel no conflito? Ou com o fim da URSS teriamos finalmente a paz uma vez que historia chegara ao fim e a democracia traria a tao esperada paz?
Foi o conflito interno que se internacionalizou ou foi o conflito internacional/global que se internalizou? Foram anos interessantes em que varri bibliotecas de Maputo, Johannesburg, Washington, London a procura de respostas... As obras 'Savimbi uma chave para Africa' e os 'Patriotas' de Sousa Jamba tiveram uma influencia interessante na evolucao da minha percepcao sobre o conflito angolano!
Mas finalmente, as 07.00 da ultima Quarta-feira, acabei pisando a terra de Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi! (continua...)
1 comment:
Esta bom Araujo, mas ate' aqui nao falazte nada dos contrastes que tu viste em Luanda. Ja que dizes que a historia continua, esperamos. Boa noite
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