Nunca escondi o meu fascinio pelo estilo satirico de Machado da Graca! Tendo recebido uma copia do Savana de hoje, nao resisti a tentacao de publicar no meu blog, com a devida venia!
O tempo dos trombones
A situação mostra-se cada vez mais complicada para os amigos de Robert Mugabe na nossa região.
Poucos dias depois da segunda volta das eleições no Zimbabué, dois relatórios de observadores declaram que as eleições naquele país não foram livres nem justas e não reflectem a opinião dos cidadãos zimbabueanos. Trata-se dos relatórios dos observadores do Parlamento Pan-africano e da SADC.
Perante isto, o que vão fazer os dirigentes da nossa região?
Continuar a apelar para um diálogo entre as partes envolvidas na crise zimbabueana não chega. Não é nada.
Estamos perante um facto consumado: Mugabe forçou as eleições a irem até ao fim, apesar da desistência de Morgan Tsvangirai.
E declarou-se vencedor.
E tomou posse como Presidente do Zimbabué.
Perante isto, os dirigentes dos países da região ficam com uma batata quentíssima nas mãos:
reconhecerem Mugabe como Presidente do Zimbabué ou não.
Os G8, isto é os países mais desenvolvidos do mundo, incluindo a Rússia, já disseram que não vão
reconhecer.
E nós? Nós que estamos aqui mesmo ao lado, vamos reconhecer ou não?
O Presidente Guebuza, quando falou com Robert Mugabe, no Egipto, tratou-o como Presidente do Zimbabué ou como um vulgar cidadão zimbabueano?
Todas estas pequeninas coisas, que normalmente são apenas pormenores protocolares, ganharam agora uma importância fundamental.
Tomando posse às pressas, e em segredo, Mugabe evitou colocar os seus amigos na situação de não saberem se deviam ir assistir ao acto ou não. Mas foi só uma manobra para ganhar tempo. Os momentos de confronto entre a dura realidade e as vontades dos amigos de Mugabe não vão deixar de surgir permanentemente a partir de aqui.
O tempo para os paninhos quentes foi completamente desperdiçado pelos líderes da SADC na brincadeira trágica da Diplomacia Silenciosa. Com ela tentaram tapar o Sol com uma peneira, como dizem os brasileiros.
Hoje estão encostados à parede da realidade histórica.
Hoje vão ter que explicar aos seus povos porque é que continuam a tratar por Presidente do Zimbabué um indivíduo que, no dizer dos próprios observadores da região, ganhou eleições que não foram livres nem justas e não reflectem a opinião do povo zimbabueano.
Será que, apesar de tudo, vão fazer isso?
Se o fizerem, ficaremos a saber o que os nossos dirigentes pensam, de facto, sobre a democracia e o que podemos esperar das eleições em cada um dos nossos países.
Do meu lado penso que, com Mugabe na presidência, não há lugar para nenhumas negociações. O tempo para isso passou e foi desperdiçado.
Neste momento, quaisquer negociações deverão decorrer debaixo de um governo de mera gestão, dirigido por uma personalidade neutra.
A sugestão, repetidamente feita pelo arcebispo Desmond Tutu, para que a região envie ao Zimbabué uma força de manutenção de paz parece, cada vez mais, fazer sentido.
Mas, para isso, é preciso que se acabe com o silêncio cúmplice e as manobras de bastidores, por parte dos dirigentes da SADC.
Volto a dizer o que disse há pouco tempo: agora é o tempo dos trombones e não dos murmúrios da Diplomacia Silenciosa.
E esses trombones têm que ser tocados em todas as capitais da SADC, de forma a serem ouvidos, de forma clara, em Harare.
Se isso não acontecer, o melhor é prepararmo-nos todos para situações parecidas em cada um dos nossos países nos próximos tempos, nas próximas eleições.
Será que o amigo leitor está preparado para aceitar isso?
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