Monday, 21 April 2008

Namacurra Celebra 39 anos com uma “lágrima no

A fábrica de processamento da castanha de caju ainda trás boas recordações, mas o governo do distrito diz que enquanto haver vida, há esperança.
É nesta terça-feira que a vila sede do distrito de Namacurra, que dista a cerca de 75 Km da cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, celebra o seu trigésimo aniversário de elevação a categoria de vila.
O historial é longo que não cabe neste espaço, mas enquanto não há espaço para rabiscar
todo historial daquela vila, o que existe demais, são “lágrimas no canto dos olhos” de todos
aqueles que viram Namacurra num ponto alto, quando tinha em funcionamento aquela
fábrica de processamento da castanha de caju, que a guerra levou consigo, deixando apenasparedes em cinza.

Com a destruição da fábrica de processamento da castanha de caju, a vila sede de Namacurra viu muita mão-de-obra diambulando de um lado para outro. A juventude, preferiu enveredar pelo comércio informal, vendendo lanha, bananas, matago (produto resultante da transformação
do arroz fresco), laranjas, etc, como forma de conter a dor após a destruição daquela infra-estrutura que o distrito teve. Aliás, até que era único que Zambézia possuía.
Namacurra, quer dizer carne cheia de gordura, segundo o historial. O mesmo documento em nossa posse diz que foi a 22 de Abril de 1969, através da portaria nº 2892 datada de
07 de Junho do mesmo ano, portanto, 1969 que foi elevada a categoria de vila. O mesmo documento, diz que estes dados todos, e depois duma pesquisa, foram publicados no Boletim
oficial nº 23 da 1ª série.
Mesmo assim, depois da guerra dos 16 anos, a vida foi caminhando e as populações foram remando contra maré e até hoje se reerguem as infraestruturas, mas as marcas da desta
guerra ainda prevalecem, ou seja, são vistas a olho nú.
Usar os Sete milhões para impulsionar o desenvolvimento O governo do distrito na pessoa
do respectivo administrador Pedro Sapange, disse que com a alocação dos Sete milhões algo está a mudar.
Sapange, afirma que o valor veio impulsionar o desenvolvimento que o distrito tanto precisva, embora reconheça que ainda haja muito por se fazer.
No campo da Saúde por exemplo, o administrador diz que é preciso fazer muitas construções de unidades sanitárias e como plano, aquele distrito pretende ao longo desta ano, construir um centro de saúde em Malei, ampliar o centro de saúde de Muceliua e construir uma maternidade
em Furquia. Caso se concretize este plano, a fonte diz que minimizar-se-á o sofrimento que aquelas populações enfrentam quando pretendem encontrar os cuidados básicos de saúde. As
vítimas desta exiguidade de unidades sanitárias naquele distrito, são as mulheres grávidas que percorrem tantos quilómetros até a vila sede do distrito a fim de dar parto.
No campo da educação, ainda de acordo com o timoneiro daquele distrito, as populações clamam pela introdução do ensino do segundo ciclo, visto que as duas escolas secundárias existentes, uma na vila sede e outra no posto administrativo de Macuse, têm graduado alunos, mas que devido a
não existência duma escola que possa albergar estes graduando das 10ª classes, muitos alunos sem condições para deslocarem a cidade de Quelimane ou mesmo Mocuba, acabam ficando fora da escola, porque também os custos só furam o bolso das famílias que muitas vezes não tem nada para comer.
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado sublinhou que paulatinamente os contactos vão sendo feitos no sentido de se introduzir o ensino secundário do segundo ciclo.
A componente turística ainda está longe de ser explorada, embora hajam condições propícias para tal. A praia de Muceliua é um diamante por lapidar. De acordo com o respectivo administrador, só há interessados, mas que no concreto ainda não fizeram algo no terreno. As condições já foram criadas, pelomenos a estrada que dá acesso aquele local turístico está boa, garante Pedro Sapange, para quem “esperamos que os investidores façam algo de concreto”-concluiu.

Fábrica de castanha de caju ainda deixa recordações

Até parece uma simples ficção quando se fala da existência de uma fábrica de processamento de castanha de caju naquele distrito. Mas as paredes ainda continuam erguidas a espera de qualquer “mão divina”. Só que esta mão tarda chegar. As lágrimas não param de jorar nos olhos
daqueles que viram o fumo e sentiram o cheiro da amêndoa da castanha de caju. A história é contada de geração em geração. Os mais velhos quando se recordam quanta gente esteve
empregada naquele monstro, nem querem imaginar. E agora?
Há um velho ditado que diz que “enquanto haver vida há esperança”.
É a partir dai que o governo de Namacurra centra as suas intervenções. Pedro Sapange, disse
ao Diário da Zambézia que existe já um cidadão moçambicano interessado em implantar uma fábrica de género naquele distrito, visto que é um potencial na produção da castanha de
caju e a sua produção na campanha passada esteve em alta em todo distrito.
Segundo garantiu o administrador, este investidor até já remeteu o projecto na secretaria do governo daquele distrito e aguarda-se a qualquer hora que começe a trabalhar para absorver milhares de pessoas que até estão na eminência de morte porque o comércio é praticado na vida
pública sem respeito de nenhuma regra. Parou o carro, basta. Toda gente corre com cestos nas mãos contendo produto de consumo imediato. Os riscos são maiores, porque ninguém regula aquela actividade. Na campanha passada, o distrito produziu cerca de 103.618,1 toneladas de produtos diversos, com principal destaque o arroz que é a principal cultura daquele distrito, onde
o posto administrativo de Macuse é o celeiro do distrito. Com mais de 179.133 habitantes, o distrito de Namacurra é da etnia chuabo e separado pelos distritos de Nicoadala, Maganja da Costa, Mocuba e Lugela.
António Zefanias em Namacurra

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