Wednesday, 2 April 2008

Mocambique nao defende seus cidadaos no exterior

– constatação de Manuel de Araújo, deputado da RUE
Maputo (Canal de Moçambique) – O presidente substituto da Comissão de Relações Internacionais na Assembleia da República (AR), Manuel de Araújo, defendeu em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique» que "Moçambique ignora a defesa da dignidade de cidadãos nacionais residentes no exterior bem como dentro do seu próprio País". Segundo aquele parlamentar, "devido à postura dos governantes moçambicanos, o nosso cidadão é considerado como sendo de segunda classe no seu próprio País e no mundo, daí o desrespeito que tem merecido no exterior". Manuel de Araújo, que teceu estes comentários em volta de um assunto recentemente reportado pela Televisão de Moçambique, dando conta de que nossos concidadãos estão a ser maltratados por sul-africanos no país vizinho, tendo aparentemente como móbil, de acordo com a referida reportagem a disputa de empregos, dado que os moçambicanos são mão de obra barata e fazem concorrência considerada desleal pelos trabalhadores sul-africanos preteridos. "O nosso Alto Comissariado na África do Sul tomou uma atitude que não se deve repetir. Acho que as instituições competentes devem tomar as medidas necessárias para que aquele tipo de situações não volte a acontecer. É chocante quando um moçambicano, em representação do seu concidadão no exterior não consegue defendê-lo", disse Manuel Araújo. De acordo com este deputado pela Renamo-União Eleitoral "estas atitudes tem repercussões negativas na imagem do País e do próprio cidadão moçambicanoNós temos estado cá dentro do País a defender a moçambicanidade ou o «Orgulhosamente Moçambique», enquanto afinal de contas, os governantes moçambicanos são primeiros a não respeitarem essa moçambicanidade". "Se nós próprios não nos respeitamos como moçambicanos, não haverão outros povos ou cidadãos a nos respeitarem", disse Araújo para de seguida avançar que "este não é um caso isolado”. “Nós vemos semanalmente moçambicanos a serem despachados na fronteira de Ressano Garcia para Moçambique em comboios e sob condições sub-humanas. E o Estado não reage a essas situações". Por outro lado, este interlocutor referiu que "nós vemos no Zimbabwe situações em que aquele governo expulsa moçambicanos e o Estado não reage. Isso tem que acabar. O nosso Governo tem saber defender o cidadão nacional quer dentro quer fora de Moçambique". Manuel de Araújo, categórico e agastado com o tipo de tratamento que alguns moçambicanos, não poucos, têm merecido no exterior e mesmo cá dentro, disse ainda que "há de falta de patriotismo por parte Governo moçambicano no que diz respeito à vida dos moçambicanos no exterior. Os nossos governantes esquecem que não pode haver uma pátria sem o cidadão. O cidadão deve ser a definição do que é patriótico. E a defesa do interesse nacional deve passar pela defesa do cidadão e não pela ignorância sobre aquilo que devem ser os direitos e deveres de cada cidadão". "O que nós temos visto é que o Governo ignora aquilo que deve ser o seu papel para com os moçambicanos que residem no exterior e mesmo cá dentro do País", disse Manuel Araújo para de seguida acrescentar que "o Governo moçambicano aceita a atitude de que de entre eles e os cidadãos estes são de segunda classe, o que não podemos aceitar. A vida de um cidadão moçambicano deve ser igual à de um cidadão americano em termos de dignidade". "Se formos a ver, por exemplo, o Governo americano quando constata que a vida do seu cidadão está em perigo ou há violação dos direitos humanos, ou há violação da sua dignidade, toma uma atitude robusta perante a situação. Até é capaz de envolver as suas forças armadas para defenderem a dignidade do seu cidadão. O que em Moçambique é o contrário". "Temos agentes do Estado que recebem os seus salários com base na contribuição dos cidadãos moçambicanos, mas quando este mesmo cidadão se encontra em perigo os governantes são os primeiros a atirá-los aos leões e esta atitude não pode continuar", diz o deputado da Assembleia da República, Manuel Araújo Ele referiu entretanto várias causas que concorrem para o desrespeito contínuo da dignidade dos moçambicanos em qualquer parte do mundo: "a primeira é porque o Governo não respeita a dignidade moçambicana; a segunda é que nós como parlamentares não estamos a fazer o nosso trabalho como deve ser; a terceira é que vocês como jornalistas também não estão a fazer o vosso trabalho como deve ser. Cada actor tem de fazer o seu papel. E o jornalista deve denunciar esses actos desumanos. E nós como parlamentares temos que monitorar todos os assuntos que dizem respeito à violação da dignidade de cidadãos moçambicanos no exterior no País em geral", conclui Manuel Araújo.
(Emildo Sambo & Borges Nhamirre)

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