Sunday, 2 March 2008

EM QUELIMANE: HOSPITAL DO DIA EM FUNCIONAMENTO



Hospitais Dia ainda funcionam
em Quelimane

...mas o director de Saúde, Armindo Tonela, diz que a ordem será cumprida quando as
obras que vão acolher estes serviços forem concluídas

Quelimane (DZ) – O ministro de Saúde, Ivo Garrido, mandou encerrar todos Hospitais Dia e os Gabinetes de Aconselhamento e Testagem Voluntária (GATV) em todo país. Já lá
vai uma semana após esta ordem do ministro.
Só que na Zambézia, particularmente na sua capital provincial, Quelimane, estes locais continuam a labutar em pleno sem nenhuma anomalia.
Alguns destes locais visitados pelo «Diário da Zambézia» notam-se trabalhos normais e os funcionários contactados e que não quiseram dar a cara, disseram que esta ordem do ministro ainda não lhes foi comunicada apenas ouviram nos órgãos de comunicação social.
No Centro de Saúde 24 de Julho, vulgo Caminhos-de-ferro, encontramos os funcionários afectos ao GATV atendendo pacientes que pretendiam obter algum conselho sobre a doença. Quando o «DZ» conversou com uma das funcionárias daquele gabinete, esta disse que não tomou conhecimento por vias oficiais esta decisão. Insistida sobre as tais vias oficiais a que se referia, a fonte fez saber que a sua direcção provincial de Saúde que tutela o sector não havia dito nada sobre este assunto e por isso mesmo os trabalhos continuavam sem interrupção. Sublinhou a nossa fonte que as pessoas interessadas em fazer teste continuam afluir e não tendo ordens para encerrar o gabinete a vida contínua para frente.

No hospital dia da Favezal, a dita Clínica 1, também o ambiente que se vive é o mesmo. Os funcionários que ali exercem as suas actividades, dizem que não foram comunicados oficialmente pelo sector ao nível da província e sendo assim, não se deve
interromper os serviços só por terem ouvidos na comunicação social. Um dos funcionários que falou ao nosso jornal diz que se for verdade esta medida do ministro Ivo Garrido, poderá deixar muita gente sem emprego porque gente houve que foi admitida apenas para atender pacientes que sofrem de HIV/SIDA. A fonte questiona qual será o futuro desta gente, se é que a medida deve mesmo ser cumprida? Todavia, este reconheceu que por outro lado, ele como funcionário da Saúde têm na mente que de facto a maneira como funcionavam os hospitais Dia e os GATVs, deixavam muita gente ainda tímida. Primeiro pela localização dos mesmos, visto que o da Favezal onde
ele trabalha, está numa via muito movimentada e com uma vedação a metáde o que não encorraja que as pessoas entrem naquela clínica para receberem os seus medicamentos,
disse o nosso entrevistado para depois acrecentar que houve muitas desistências de pacientes que por vergonha já não vem a clínica.
Estas situações são igualmente constatadas no hospital Dia da Sagrada Família. Neste, encontramos gente alimentando-se de papinhas de soja, outros rebendo seus kits
alimentares e ninguém sabia de nada.
Os funcionários, tal como os responsáveis daquele centro, são unânimes em dizerem que ainda não receberam nenhum papel vindo da DPSZ, só depois de receberem poderão sim cumprir com as ordens.
Mas lamentam o facto, porque alguns destes hospitais Dia, eram sustentados por Organizações Não Governamentais (ONGs). A ser verdade, há que apertar os cintos,
portanto os que foram contratados para o efeito estaram no olho da rua.

“Tudo depende do término das obras” -revela Armindo Tonela, director
provincial de Saúde na Zambézia

Enquanto as obras que decorrem no interior do Hospital Provincial de Quelimane (HPQ), não forem concluídas, a ordem do ministro Ivo Garrido, não terá impacto pelo menos em Quelimane. Isto porque segundo o director provincial de Saúde, nesta
parcela do país o número de pacientes é maior e sendo assim, achamos convenientes construir um bloco dentro do hospital para responder com a demanda dos pacientes que se espera.
Só que Tonela não sabe quando é que estas obras terminam. Falando telefonicamente ao nosso jornal neste domingo, Tonela diz que tudo depende dos parceiros que estão a financiar a obra. Instado sobre os prazos, a fonte diz que como direcção de Saúde,
portanto dona da obra, já conversou com o financiador para explicar quais as
implicações da não conclusão das mesmas. Só que de acordo com o nosso entrevistado, o empreiteiro também anda com problemas financeiros.
Ainda sobre o encerramento dos hospitais Dia, o nosso interlocutor diz que esta medida do ministro não é nova, porque já se sabia há um ano atrás.
Simultaneamente a esta medida, a fonte recordou que houve igual medida com os casos de tuberculose cujos doentes estão sendo tratados nos hospitais e
centros de saúde sem excepção.
Todavia, Armindo Tonela assegurou que tudo será feito para que os doentes do Sida tenham um encaminhamento próprio. Este reconheceu que a maneira como estão localizados os hospitais Dia, de facto não encorrajam a qualquer um que seja. Ainda neste ano segundo avançou aquele responsável, o Centro de Saúde 24 de Julho será incorporado como um local de atendimento aos pacientes afectados pelo Sida. Fez
saber ainda que o centro de saúde de Coalane também está na mira para que
receba estes doentes.
Tudo veio a calhar. Há sensivelmente um mês, aquando da avaliação do desempenho do
governo provincial da Zambézia, no seu Plano Económico e Social de 2007, esta
questão de hospitais Dia foi muito aflorada pelos participantes. Alguns
mais ou menos conhecedores da matéria diziam que não era possível fazer teste do HIV naquelas condições em que os GATVs estão expostos.
Outros ainda pediam ao governo para que encerrasse as tais clínicas e instalasse em locais muito mais seguros para permitir a fidelidade nos pacientes.
Houve pessoas que sugeriram ainda a abolição deste tipo de serviços que segundo eles, só criavam discriminação nas pessoas que vivem positivamente. Isto porque
segundo o que se dizia, muitas pessoas não vão fazer teste do HIV porque os locais não garantem segurança humana, ou seja, os utentes estão expostos ao público o
que deixa muita gente sem saber a sua situação de saúde. É dai que segundo estas mesmas pessoas, os níveis desta doença vão aumentando no país e na província em particular.
Refira-se que o índice de seroprevalência na província da Zambézia, deu algum passo para frente, tendo subido para 19% na ronda de 2007 contra os anteriores 18.4% na ronda de 2004. E neste momento, a província têm inscrito cerca de 24.162
doentes, destes apenas 7.422 estão a receber o Tratamento Anti-Retroviral
(TARV), enquanto que os números de caso em 2007 estavam em 26.603 contra 9.367 casos de 2006, segundo o perfil epidimiológico em nosso poder.
(António Zefanias) In DIARIO DA ZAMBEZIA

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