José Ramos-Horta
CPLP condena atentados a Ramos-Horta e Xanana
A COMUNIDADE dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) condenou ontem os atentados de que foram alvo o Presidente e o Primeiro-Ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e Xanana Gusmão, respectivamente, sublinhando que se “vivem horas de grande inquietação e angústia”.
Maputo, Terça-Feira, 12 de Fevereiro de 2008:: Notícias
Numa declaração à Imprensa, Luís Fonseca, secretário executivo da CPLP, organização de que Timor-Leste faz parte, manifesta o desejo de um “rápido restabelecimento do Presidente (timorense, José) Ramos-Horta”, transferido para Darwin, Austrália, depois de ter sido alvejado com uma bala nas costas que se alojou no estômago.
Nesse sentido, Luís Fonseca enviou mensagens de solidariedade aos gabinetes do presidente timorense e do primeiro-ministro, que acabou por sair ileso, repudiando o ataque de que foram alvos. “Foi com choque e a mais profunda consternação que tomei conhecimento dos atentados perpetrados contra o Dr. José Ramos-Horta (...), personalidade eminente da vida internacional e da nossa Comunidade, e contra o primeiro-ministro, Xanana Gusmão”, sublinhou Fonseca.
Para o secretário executivo da CPLP, “o atentado é tanto mais condenável quanto é sabido que a não-violência, o diálogo e o respeito pelos direitos do Homem têm sempre norteado a vida e a acção política do Dr. Ramos-Horta”.
“Nesta hora de grande inquietação e angústia para os povos e autoridades dos Estados que integram a CPLP, quero associar-me aos votos expressos pelos seus dirigentes e por representantes da sua sociedade civil, de uma rápida recuperação (…) de Ramos-Horta, para que possa reassumir em breve as suas funções como Presidente da República”, disse.
Luís Fonseca manifestou também a “solidariedade” dos Estados-membros da CPLP para com o povo e autoridades de Timor-Leste, fazendo votos para que a situação política no país se estabilize rapidamente e que as instituições possam funcionar normalmente, para a resolução dos “imensos desafios que se colocam ao país”.
Além de Timor-Leste, a CPLP integra também Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e S. Tomé e Príncipe.
Face aos acontecimentos de ontem, o primeiro-ministro timorense decretou um recolher obrigatório e decretou estado de emergência de 48 horas em todo o país.
Ramos-Horta foi internado em estado grave num hospital na cidade de Darwin, na Austrália, depois de ter sido gravemente ferido no ataque contra si perpetrado.
O presidente estava do lado de fora da sua casa, quando ouviu tiros e tentou retornar para dentro da residência. Foi durante este trajecto que ele teria sido alvejado por três tiros, um no abdómen e dois no peito.
O fugitivo major Alfredo Reinado, que poderá estar por detrás do ataque e outro integrante do seu grupo, ainda não identificado, foram mortos na troca de tiros. Um soldado das forças de segurança teria ficado gravemente ferido.
Reinado foi um dos protagonistas da onda de violência que varreu o país em 2006, após a sua expulsão, por indisciplina, do Exército timorense juntamente com outros 598 militares. Na ocasião, pelo menos 37 pessoas foram mortas em várias semanas de combates e mais de 150 mil timorenses foram obrigados a deixar as suas casas.
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