Wednesday, 20 February 2008

CRISE QUENIANA: RICE E ANNAN EM NAIROBI




A SECRETÁRIA de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, de visita ao Quénia, enviou uma mensagem muito forte às autoridades deste país, fazendo saber que Washington manterá relações apenas com um governo legitimamente constituído no país.
Maputo, Quarta-Feira, 20 de Fevereiro de 2008:: Notícias

A posição norte-americana defendida por Rice constitui um golpe duro para o presidente Mwai Kibaki, que recusa a proposta das Nações Unidas e da União Africana (UA) relativa à formação de um "grande governo de coligação interina" no Quénia.
"Os EUA foram sempre um bom amigo do Quénia e continuaremos a sê-lo, mas é preciso que sejamos bons amigos de um Quénia estável, que tem um governo legítimo que está verdadeiramente em condições de dirigir o seu povo e pode ultrapassar esta crise, um governo que tem a confiança do seu povo", declarou Rice à Imprensa, no termo do seu encontro com o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que lidera as negociações.
Rice chegou segunda- feira a Nairobi para apoiar os esforços do painel de eminentes personalidades africanas com vista a acelerar a busca de uma solução para o actual imbróglio político no Quénia. Annan lidera o painel de mediação que integra Graça Machel, esposa do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, e o antigo chefe de Estado tanzaniano, Benjamin Mkapa.
Pelo menos mil pessoas morreram e milhares de outras foram expulsas das suas casas desde a publicação, a 29 de Dezembro de 2007, dos resultados das eleições presidenciais que deram vitória ao presidente cessante, Mwai Kibaki.
"Apesar de os EUA desejarem que tudo isto termine, há necessidade de um acordo de governação que permitirá uma verdadeira partilha do poder, a formação de uma grande coligação para que o Quénia possa ser governado", insistiu Rice.
Na sua declaração, de acordo com a PANA, Rice deu e entender como “ilegal” a presença do presidente Kibaki no poder, afirmando que um outro fórum “será organizado para examinar as razões pelas quais as eleições presidenciais de Dezembro último não produziram um vencedor incontestado”.
Washington recusou-se a reconhecer o governo de Kibaki, após diferentes relatórios dos observadores internacionais terem sugerido que o presidente não venceu a eleição honestamente.
A União Europeia, o Canadá e a África do Sul expressaram igualmente o seu cepticismo quanto à vitória de Kibaki.
Entretanto, as equipas dos dois rivais, Mwai Kibaki e Raila Odinga, líder da oposição, retomaram ontem em Nairobi, as negociações para encontrar uma solução que ponha fim a sete semanas de crise. Os debates entre as duas equipas e sob a mediação de Kofi Annan decorrem num hotel de Nairobi à porta fechada.
Na última sexta-feira, quando as negociações foram suspensas para o fim-de-semana, Kofi Annan considerou que um acordo global estava “muito próximo”, mas que ainda faltava um compromisso sobre a composição “de um novo governo”.

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