Canal de Opinião, por João Chamusse
O Rei vai nu
Maputo (Canal de Moçambique) – O coronel Sérgio Viera brinda os leitores do semanário «Domingo», na sua crónica «Carta a muitos amigos» na última edição, com uma prosa de fazer bradar aos céus. No meio de tantos subterfúgios, porque não vai direito ao assunto, o coronel divaga à volta do tema que o semanário «Zambeze» tem levantado sobre a situação do actual Procurador Geral da República (PGR), Dr. Augusto Raul Paulino ter sido nomeado estando numa situação de arguido num processo crime especial (12/2007) que continua a correr os seus trâmites no Tribunal Supremo a cargo do juiz-conselheiro João Trindade. Na sua fúria o coronel que é agora o DG do Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ) chega a chamar o Semanário «Zambeze» “um panfleto” e apela a quem de direito, nomeadamente, ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, Ordem dos Advogados e o Conselho Superior da Comunicação Social para agirem. Suponho que eufemisticamente, o camarada coronel, o pretende dizer, é que o Semanário Zambeze» deve ser fechado para não mais dizer que o actual PGR é um arguido. Mas será que não é verdade que é mesmo arguido? Acho eu que esse é que é o ponto fundamental. É aqui onde o debate deve-se concentrar. Eu pelo menos como contribuinte, pagador de impostos que sinto que investidos na luxúria de uns poucos que os posso cada vez mais ter apenas como uns levianos atrevidos praticantes de usura do erário público tal a gritante falta de retorno do que consomem do suor dos cidadãos contribuintes, sinto vergonha de ter um PGR que é arguido em processo onde é suspeito de ter desviado e usado indevidamente fundos do Estado, onde acredito que pelo menos um centavo desse montante me pertence ou a algum dos que agora me lêem. Eu que mal consigo pagar os livros dos meus filhos, alguns ainda a estudar no nível em que se diz que o livro é gratuito mas que nunca aparece nas escolas e no fim do enredo sou obrigado a ir comprá-los nas esquinas do Grande Maputo onde são vendidos nas “barbas” das autoridades que nem tugem nem mugem!, que poderei pensar e dizer de um Estado que se permite ter um arguido como defensor da legalidade. Como pode um arguido, que é precisamente um cidadão sob suspeita, ser simultaneamente o defensor da legalidade? Não será ele o homem certo no lugar certo para limpar processos que incomodam quem o lá pôs e seus quejandos? “Acusa-se, sem provas, especulando e condena-se sem factos, mas porque a coscuvilhice se vende bem”, (...), diz na sua prosa o coronel que já confessou um crime em plena Assembleia da República e até hoje continua impune coisa que não poderia passar em branco se vivêssemos num Estado que saiba dar-se ao respeito. Afinal que provas quer o camarada coronel? Será que ainda não se apercebeu que o «Semanário Zambeze» apenas está a divulgar aquilo que muitos entenderam não divulgar? Pensa o camarada coronel que o «Zambeze» é que instaurou o aludido processo contra o actual PGR? O que o «Zambeze» levanta é que no mínimo quem de direito, condene ou então absolva o actual PGR. O «Zambeze» está a questionar como é que o actual PGR foi nomeado para esse cargo na condição de arguido? Eis a questão camarada coronel. É simplesmente isso. E se assim não for quem estará a contribuir para o “assassinato de carácter” é quem está a querer impedir a justiça de funcionar como está estipulado que deve funcionar em qualquer Estado que se preze. Assassinam não só o carácter como a Justiça, mas os cegos não podem ver… “Não se trata de restringir o direito à informação e o dever de informar, mas sim de se impor uma informação responsável pois dela necessita este povo e este Estado (...), refere o camarada coronel. Pergunto eu, que informação responsável é essa? Será aquela dos tempos em que o camarada coronel era chefe-mor do famigerado SNASP (Serviço Nacional de Segurança Popular) onde tudo tinha que estar no mesmo diapasão do sistema monopartidário que triste memória deixou a muitos moçambicanos. Pergunto ainda: a tal “informação responsável” é aquela que anda a encher páginas de jornais como ocorre por aí, a dizer que Guebuza inaugurou este mais aquele poço. Será aquela que não deve dizer que enquanto no vale do Zambeze, no âmbito das cheias, apenas existem dois helicópteros a funcionar e um dos quais está avariado, o Presidente Guebuza dá-se ao luxo de ir para o mesmo local com uma comitiva de cerca de oito helicópteros? É “informação responsável” omitir que o governador de Sofala, Alberto Vaquina, foi visitar as zonas de cheias e apenas limitou-se a ver os desgraçados das vítimas à lupa e lá do ar? Brada aos céus! Os tempos são outros senhor coronel. Pelo menos desde 1992, com os acordos de Roma tudo mudou. Não deu por isso? Ainda não percebeu que acabou o tempo em que o camarada coronel enfiava beatas nos testículos dos chamados reaccionários como nos contava Miguéis Lopes Júnior? Não percebeu que acabou o tempo em que, enquanto todo mundo vivia das bichas o camarada coronel e seus apaniguados eram abastecidos nas lojas dos responsáveis. Estou a falar do tempo em que punham todo mundo a comer repolho e carapau e que quem quisesse andar de BMW era um reaccionário imperialista, colonialista, fascista e todos esses adjectivos que o camarada coronel tinha sempre na ponta da língua e agora usa ainda sem se ver ao espelho. “A tinta do despeito, da frustração, da inveja, da ganância alimenta as penas de certos jornaleiros, desprestigiando a profissão, dinheiros vindos de fascistas e colonialistas, ultrapassados na sua terra, financiam publicações em Moçambique. (...)”, desabafa o camarada coronel das reservas. A primeira pergunta que coloco ao camarada coronel gira à volta daquilo que chama de jornaleiros que desprestigiam a profissão. O que é isso de “jornaleiros”? Os que trabalham, jorna a jorna, e não vivem montados no erário público a fazer patavina como os que fingem fazer pelas bandas de Tete onde não se consegue vislumbrar obra sua? O jornalismo para o camarada coronel é o que existe, sobretudo nos órgãos públicos que nunca puxam para os destaques assuntos que põem em evidência os sentimentos contra o Governo dos cidadãos mesmo quando as evidências são cristalinas e indesmentíveis? Será que jornalismo para o “camarada coronel das beatas”- como o grande jornalista Miguéis Lopes Júnior gostava de lhe chamar - é andar a dizer que “o estado da Nação é bom”, quando milhões de cidadãos estão no desemprego e com tudo o que é fábrica está encerrado e cheio de teias de aranha? Num país em que até colchão, com tanta palha de côco que temos, tem que ser importado; onde 87% da economia é informal, o Estado da Nação é bom? É esse o jornalismo puxa-saco que o nosso “coronel das beatas” quer? Quando os sindicalistas viram governadores e ministros e deixam os pobres trabalhadores ao Deus dará? Quando anualmente o Estado gasta milhões a comprar viaturas para os responsáveis e não consegue sequer comprar uma única viatura para os bombeiros? Quiçá porque a zona dos responsáveis no Lhanguene ainda tem espaço este Estado não consegue entender que esse cemitério já está tão esgotadíssimo? Até cães removem cadáveres enterrados na vala comum e os governantes que temos não conseguem resolver este assunto num país com 750 mil quilómetros quadrados não há espaço? Afinal a terra não é do Estado? O bom samaritano e camarada coronel atreve-se a falar de colonialistas? Esquece-se que são os tais “colonialistas” que anualmente desembolsam milhões para que o Governo funcione em Moçambique? Esquece-se que é lá na terra dos “colonialistas” onde frequentemente morrem os dirigentes deste país e só voltam as respectivas carcaças para serem enterradas no Lhanguene? Não estará lembrado o camarada coronel que é lá na terra dos “colonialistas” onde muitos dos seus apaniguados guardam as suas fortunas? Quer o nosso “coronel das beatas” uma imprensa que não veja que enquanto os filhos de quem anda montado no erário público estudam nas terras dos ditos “colonialistas” os meninos da “arraia-miúda” sucumbem com as políticas da educação impostas no país por governantes ineptos? Quem é fascista nisto tudo? Algum jornalista do Zambeze matou alguém tal como o camarada coronel fê-lo nos tempos do SNASP? Esquece o camarada coronel que os tais colonialistas, no mínimo, deixaram algo para ser nacionalizado? O que fizeram os seus apaniguados com a refinaria da Matola? Com a Cometal-Mometal? Vidreira? E outras outras unidades de produção? E mais não disse camarada coronel. Apenas lembrar-lhe camarada coronel, uma coisa: os tais colonialistas, ao longos dos ditos 500 anos mataram tão pouco comparado com as mortes que aconteceram ao longo dos últimos 25 anos da história de Moçambique que o senhor devia ter vergonha e estar calado. E já agora em tom de desafio: quando é que convida a Imprensa para o Vale do Zambeze para mostrar aos “jornaleiros” as obras que o camarada coronel já lá fez para justificar os mais de dez mil dólares americanos que vence por mês no GPZ?
(João Chamusse)
O Rei vai nu
Maputo (Canal de Moçambique) – O coronel Sérgio Viera brinda os leitores do semanário «Domingo», na sua crónica «Carta a muitos amigos» na última edição, com uma prosa de fazer bradar aos céus. No meio de tantos subterfúgios, porque não vai direito ao assunto, o coronel divaga à volta do tema que o semanário «Zambeze» tem levantado sobre a situação do actual Procurador Geral da República (PGR), Dr. Augusto Raul Paulino ter sido nomeado estando numa situação de arguido num processo crime especial (12/2007) que continua a correr os seus trâmites no Tribunal Supremo a cargo do juiz-conselheiro João Trindade. Na sua fúria o coronel que é agora o DG do Gabinete do Plano do Zambeze (GPZ) chega a chamar o Semanário «Zambeze» “um panfleto” e apela a quem de direito, nomeadamente, ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, Ordem dos Advogados e o Conselho Superior da Comunicação Social para agirem. Suponho que eufemisticamente, o camarada coronel, o pretende dizer, é que o Semanário Zambeze» deve ser fechado para não mais dizer que o actual PGR é um arguido. Mas será que não é verdade que é mesmo arguido? Acho eu que esse é que é o ponto fundamental. É aqui onde o debate deve-se concentrar. Eu pelo menos como contribuinte, pagador de impostos que sinto que investidos na luxúria de uns poucos que os posso cada vez mais ter apenas como uns levianos atrevidos praticantes de usura do erário público tal a gritante falta de retorno do que consomem do suor dos cidadãos contribuintes, sinto vergonha de ter um PGR que é arguido em processo onde é suspeito de ter desviado e usado indevidamente fundos do Estado, onde acredito que pelo menos um centavo desse montante me pertence ou a algum dos que agora me lêem. Eu que mal consigo pagar os livros dos meus filhos, alguns ainda a estudar no nível em que se diz que o livro é gratuito mas que nunca aparece nas escolas e no fim do enredo sou obrigado a ir comprá-los nas esquinas do Grande Maputo onde são vendidos nas “barbas” das autoridades que nem tugem nem mugem!, que poderei pensar e dizer de um Estado que se permite ter um arguido como defensor da legalidade. Como pode um arguido, que é precisamente um cidadão sob suspeita, ser simultaneamente o defensor da legalidade? Não será ele o homem certo no lugar certo para limpar processos que incomodam quem o lá pôs e seus quejandos? “Acusa-se, sem provas, especulando e condena-se sem factos, mas porque a coscuvilhice se vende bem”, (...), diz na sua prosa o coronel que já confessou um crime em plena Assembleia da República e até hoje continua impune coisa que não poderia passar em branco se vivêssemos num Estado que saiba dar-se ao respeito. Afinal que provas quer o camarada coronel? Será que ainda não se apercebeu que o «Semanário Zambeze» apenas está a divulgar aquilo que muitos entenderam não divulgar? Pensa o camarada coronel que o «Zambeze» é que instaurou o aludido processo contra o actual PGR? O que o «Zambeze» levanta é que no mínimo quem de direito, condene ou então absolva o actual PGR. O «Zambeze» está a questionar como é que o actual PGR foi nomeado para esse cargo na condição de arguido? Eis a questão camarada coronel. É simplesmente isso. E se assim não for quem estará a contribuir para o “assassinato de carácter” é quem está a querer impedir a justiça de funcionar como está estipulado que deve funcionar em qualquer Estado que se preze. Assassinam não só o carácter como a Justiça, mas os cegos não podem ver… “Não se trata de restringir o direito à informação e o dever de informar, mas sim de se impor uma informação responsável pois dela necessita este povo e este Estado (...), refere o camarada coronel. Pergunto eu, que informação responsável é essa? Será aquela dos tempos em que o camarada coronel era chefe-mor do famigerado SNASP (Serviço Nacional de Segurança Popular) onde tudo tinha que estar no mesmo diapasão do sistema monopartidário que triste memória deixou a muitos moçambicanos. Pergunto ainda: a tal “informação responsável” é aquela que anda a encher páginas de jornais como ocorre por aí, a dizer que Guebuza inaugurou este mais aquele poço. Será aquela que não deve dizer que enquanto no vale do Zambeze, no âmbito das cheias, apenas existem dois helicópteros a funcionar e um dos quais está avariado, o Presidente Guebuza dá-se ao luxo de ir para o mesmo local com uma comitiva de cerca de oito helicópteros? É “informação responsável” omitir que o governador de Sofala, Alberto Vaquina, foi visitar as zonas de cheias e apenas limitou-se a ver os desgraçados das vítimas à lupa e lá do ar? Brada aos céus! Os tempos são outros senhor coronel. Pelo menos desde 1992, com os acordos de Roma tudo mudou. Não deu por isso? Ainda não percebeu que acabou o tempo em que o camarada coronel enfiava beatas nos testículos dos chamados reaccionários como nos contava Miguéis Lopes Júnior? Não percebeu que acabou o tempo em que, enquanto todo mundo vivia das bichas o camarada coronel e seus apaniguados eram abastecidos nas lojas dos responsáveis. Estou a falar do tempo em que punham todo mundo a comer repolho e carapau e que quem quisesse andar de BMW era um reaccionário imperialista, colonialista, fascista e todos esses adjectivos que o camarada coronel tinha sempre na ponta da língua e agora usa ainda sem se ver ao espelho. “A tinta do despeito, da frustração, da inveja, da ganância alimenta as penas de certos jornaleiros, desprestigiando a profissão, dinheiros vindos de fascistas e colonialistas, ultrapassados na sua terra, financiam publicações em Moçambique. (...)”, desabafa o camarada coronel das reservas. A primeira pergunta que coloco ao camarada coronel gira à volta daquilo que chama de jornaleiros que desprestigiam a profissão. O que é isso de “jornaleiros”? Os que trabalham, jorna a jorna, e não vivem montados no erário público a fazer patavina como os que fingem fazer pelas bandas de Tete onde não se consegue vislumbrar obra sua? O jornalismo para o camarada coronel é o que existe, sobretudo nos órgãos públicos que nunca puxam para os destaques assuntos que põem em evidência os sentimentos contra o Governo dos cidadãos mesmo quando as evidências são cristalinas e indesmentíveis? Será que jornalismo para o “camarada coronel das beatas”- como o grande jornalista Miguéis Lopes Júnior gostava de lhe chamar - é andar a dizer que “o estado da Nação é bom”, quando milhões de cidadãos estão no desemprego e com tudo o que é fábrica está encerrado e cheio de teias de aranha? Num país em que até colchão, com tanta palha de côco que temos, tem que ser importado; onde 87% da economia é informal, o Estado da Nação é bom? É esse o jornalismo puxa-saco que o nosso “coronel das beatas” quer? Quando os sindicalistas viram governadores e ministros e deixam os pobres trabalhadores ao Deus dará? Quando anualmente o Estado gasta milhões a comprar viaturas para os responsáveis e não consegue sequer comprar uma única viatura para os bombeiros? Quiçá porque a zona dos responsáveis no Lhanguene ainda tem espaço este Estado não consegue entender que esse cemitério já está tão esgotadíssimo? Até cães removem cadáveres enterrados na vala comum e os governantes que temos não conseguem resolver este assunto num país com 750 mil quilómetros quadrados não há espaço? Afinal a terra não é do Estado? O bom samaritano e camarada coronel atreve-se a falar de colonialistas? Esquece-se que são os tais “colonialistas” que anualmente desembolsam milhões para que o Governo funcione em Moçambique? Esquece-se que é lá na terra dos “colonialistas” onde frequentemente morrem os dirigentes deste país e só voltam as respectivas carcaças para serem enterradas no Lhanguene? Não estará lembrado o camarada coronel que é lá na terra dos “colonialistas” onde muitos dos seus apaniguados guardam as suas fortunas? Quer o nosso “coronel das beatas” uma imprensa que não veja que enquanto os filhos de quem anda montado no erário público estudam nas terras dos ditos “colonialistas” os meninos da “arraia-miúda” sucumbem com as políticas da educação impostas no país por governantes ineptos? Quem é fascista nisto tudo? Algum jornalista do Zambeze matou alguém tal como o camarada coronel fê-lo nos tempos do SNASP? Esquece o camarada coronel que os tais colonialistas, no mínimo, deixaram algo para ser nacionalizado? O que fizeram os seus apaniguados com a refinaria da Matola? Com a Cometal-Mometal? Vidreira? E outras outras unidades de produção? E mais não disse camarada coronel. Apenas lembrar-lhe camarada coronel, uma coisa: os tais colonialistas, ao longos dos ditos 500 anos mataram tão pouco comparado com as mortes que aconteceram ao longo dos últimos 25 anos da história de Moçambique que o senhor devia ter vergonha e estar calado. E já agora em tom de desafio: quando é que convida a Imprensa para o Vale do Zambeze para mostrar aos “jornaleiros” as obras que o camarada coronel já lá fez para justificar os mais de dez mil dólares americanos que vence por mês no GPZ?
(João Chamusse)
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