Tenho tentado sempre que possivel acompanhar os contornos da crise no Quenia. Por um lado por ser africano e por outro por ser apaixonado por questoes que tenham uma dimensao internacional.
E mais a questao Queniana tem um interesse fundamental porque pode ser analisada de varios pontos de vista: estrategico, de seguranca, politico, sociologico, diplomatico, economico e antropologico. E um conflito que vai dar muita manga para academicos e analistas de varias escolas de pensamento e varios ramos do saber humano.
Ainda nao decidi sob que angulo quero observar este conflito. Preferi ir observando e coleccionando os dados para depois decidir. Uma opcao dentre varias.
Hoje pretendo trazer a baila nao uma analise, mas apenas uma recoleccao dos ultimos esforcos diplomaticos com vista a, senao resolver pelo menos, abrandar o impacto deste conflito.
Que me recorde a primeira tentativa de mediacao, e por sinal a mais divulgada foi a da diplomata senior norte-americana, que foi despachada para Nairobi na primeira semana da erupcao de manifestacoes violentas em Nairobi. A sra Frazier tentou trazer as duas partes para a mesma mesa, sem muito sucesso. Feliz ou infelizmente, apesar de, ou se calhar por causa do peso economico dos EUA na economia Queniana, Os EUA ao reconhecerem o resultad das eleicoes, cometeram um erro diplomatico crasso para quem tem ambicoes de ser mediador. Os EUA foram ate hoje o unico pais do Ocidente que reconheceu o resultado das eleicoes. Dias depois a administracao americana teve que engolir o seu orgulho de superpotencia, e dar o dito pelo nao dito, tendo 'sido obrigada' a retirar o reconhecimento. Uma flexao diplomatica que nao da prestigio nenhum nem ao Departamento de Estado e muito menos a Casa Branca. Portanto, ao reconhecer uma das partes no 'conflito' os EUA acabam de se desqualificar como mediadores.
A segunda e mais badalada tentativa de mediacao foi a do Presidente do Ghana e da Uniao Africana, John Kauffour. Por razoes que um dia virao ao lume parece existir um rivalidade implicita entre o Kenya e o Ghana. Antes mesmo da chegada de Kouffour a Nairobi, um membro senior da nova administracao Queniana, desta feita o Ministro das Financas, afirmou que a visita do Presidente da Uniao Africana nao era bem vinda e que nao era a convite do governo Queniano, o que em parlance diplomatica, quer dizer que a visita nao era bem vista. Lembre-se que esta iniciativa da Uniao Africana, fazia parte da estrategia britanica. Tanto o Primeiro Ministro Britanico, Gordon Brown, como o seu Ministro dos Negocios Estrangeiros, Milliband expressaram seu apoio inequivoco a iniciativa da Uniao Africana, tanto no parlamento britanico bem como em varias conferencias de imprensa e comunicados.
Londres deve ter optado pela estrategia 'Accra-Addis-Ababa' para evitar a bilaterizacao de acusacoes, como esta a acontecer no caso do conflito Zimbabweano. E Brown depois de ter ficado na 'sombra da bananeira' durante a Cimeira de Lisboa, nao quis arriscar a sua diplomacia para mais um conflito africano cujos meandros ainda estao por se esclarecer.
O adiamento por tres dias da chegada da delegacao da Uniao Africana a Nairobi era uma indicacao clara de que era uma mediacao fracassada, mesmo antes de ter iniciado.
A terceira tentativa de mediacao digna de referencia e a do Arcebipo Desmond Tutu, cujos contornos bem como resultados sao pouco conhecidos. A esta juntou-se a tentativa do ex-presidente da Zambia, Kenneth Kaunda, em nome dos ex-estadistas africanos, com poucos resultados.
A quarta tentativa e a dirigida pelo Comissario Louis Michel da Uniao Europeia, que a nosso ver, term muito poucas probalilidades de sucesso, pois a Uniao europeia, e vista por uma das partes, como uma das instituicoes que iniciou o processo de ' nao reconhecimento' do actual governo. Recorde-se que foram os observadores da Uniao Europeia os primeiros a nao validar os resultados das eleicoes. Podera a Uniao Europeia, cujo parlamento recomendou a 'suspencao da ajuda ao Quenia', usar seu musculo economico para impor uma solucao para o conflito Queniano?.
Soubemos da oferta do Presidente Chissano, que digamos em abono da verdade tem vindo a somar alguns postos nos seus esfocros de mediacao quer na Guinea-Bissau, no Uganda e de alguma forma no Sudao.
A ultima, que parece estar a comecar da mesma forma que a da Uniao Africana, e a mediacao do ex-Secretario Geral da Uniao Afriacna, Koffi Annan, que integra o ex-presidente da Tanzania, Benjamim Mkapa, (que ficou em segundo lugar no concurso para o famoso premio Mo Ibraim, ganho por Joaquim Chissano), e pela nossa Graca Machel.
A Madame Machel e Nkapa ja estao em Nairobi, e pelos vistos devem estar a enfrentar alguma dificuldade, pelo menos se tomarmos em conta o facto de Koffi Annan ter adiado a sua chegada a Nairobi por alguns dias.
Se a Uniao Africana, A Gra-Bretanha, os EUA, a Uniao Europeia falharam quem podera mediar o conflito Queniano?
Sera o trio Annan-Mkapa-Machel a resposta?
A proxima semana trara respostas a esta pergunta.
Apesar de ser constituida por Koffi Annan, a nosso ver em representacao da Comunidade Internacional, de Mkapa representando a Comunidade da Africa Oriental (Tanzania, Uganda,Rwanda Burundi) e da mama Machel, que falando a verdade, fica-nos a duvida se em representacao de Mandela ou de Mocambique. E que fico sem saber se a mama Graca teria o beneplacito da catedra dos classicos mediadores mocambicanos (Chissano, Dhlakama, Guebuza, Dom Jaime e Raul Domingos).
A ser verdade o facto de a mama Graca esta a representar Mandela, estaremos a testemunhar o inicio de uma passagem de testemunho diplomatico de Mandela para a Graca Machel, com todos os dividendos que Mocambique, sabendo e querendo, podera lucrar.
Enquanto isso parece que a oposicao Queniana optou na mudanca de tacticas, tendo decidido no boicote dos interesses economicos ligados a Mwai Kibai! Tera sido a melhor opcao?
Dentre as pouquissimas opcoes parece que a oposicao Queniana quiz mostrar ao mundo que ao contrario do incumbente, tem um interesse genuino em parar com a violencia, tanto mais que a maor parte das vitimas parece estar do seu lado.
Enquanto o teatro prossegue, e o nome do Quenia e da Africa que uma vez mais e visto como pais e continente de violencia com consequencias ragicas para todos nos!
Para mais contornos sobre este conflito viajemos com a BBC,
EU envoy appeals for Kenya calm
Louis Michel fears rallies could spark more clashes with police
The European Union's Development Commissioner has urged both sides in Kenyan's disputed presidential poll to stop exacerbating tensions.
Louis Michel, in Kenya to help find a solution to the crisis, held separate meetings with President Mwai Kibaki and ODM opposition leader, Raila Odinga.
Mr Odinga's party says it will resume protest rallies on Thursday.
Post-election violence has left more than 600 people dead, including at least 28 in the last four days.
Five people died in the Rift Valley on Saturday, when a group of armed ethnic Kalenjin, who generally support the opposition, attacked displaced people from the Kikuyu tribe, which backs Mr Kibaki, police said.
Positive silence
Mr Michel, who met political leaders from both sides in Nairobi, said he was concerned that the Kenyan police were using excessive force against opposition demonstrators.
Now there is a need for a military ceasefire and also for a semantic rhetoric ceasefire
Louis Michel
EU Development Commissioner
But he also criticised the opposition's decision to resume mass rallies which could lead to more violence.
"Now there is a need for a military ceasefire and also for a semantic rhetoric ceasefire," he said. "Now we need a quiet situation, we need just a little bit positive silence."
The ODM, which wants a re-run of the election they claim was rigged by the government, had originally called off protests in favour of a boycott of companies that back President Mwai Kibaki.
Kenya's National Commission on Human Rights cast doubt on the vote, listing a catalogue of irregularities on Friday.
Correspondents say most of the main trouble spots were calm on Saturday, as international mediation efforts continued.
Former United Nations Secretary General Kofi Annan is expected to lead efforts when he arrives on Tuesday.
Missing Aberdeen sisters not a criminal case, say police
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Eliza and Henrietta Huszti, originally from Hungary, were last seen in the
city a week ago.
24 minutes ago
1 comment:
Um dos grandes problemas que temos é "envolver" alguém como mediador de fim de conflitos quando de facto sabemos que esse pode ser uma barreira. Ora, em conflitos há duas ou mais partes beligerantes e essas têm a quem de facto preferem confiar como mediador. E nós na África não aproveitamos todos os recursos humanos que temos e muito menos a nossa própria experiência. Tanto a ONU como a UA teima em confiar os antigos presidentes que normalmente saiem do clube onde a vida foi defender os membros desse mesmo.
Assim, pergunto, por exemplo, do porquê o processo de diálogo para a paz em Mocambique, não pode constituir uma experiência para a resolucão dos conflitos noutros países africano? Concretamente, porque o Chissano nunca diz que que vai com Dhlakama e Domingos na mediacão de conflitos africanos. Esqueceu-se ele que o nosso processo mudou de país em país e personalidades em personalidades para mediá-lo até que se encontrassem partes e pessoas que fossem de confianca tanto para a Frelimo como para a Renamo?
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