Friday, 4 January 2008

'Dialogos Quenianos' (retirados do blog do Professor Serra www.oficinadesociologia.blogspot.com)

MANUEL DE ARAÚJO said...
Gostaria de ter a opiniao do nosso sociologo-mor sobre a crise no Quenia! Trata-se de um problema que tem a ver com o modelo economico, social, politico, do tipo de democracia a ser implementado, de questoes meramente etnicas ou uma salada russa?Um abraco,Manuel de Araujo
4/1/08 8:21 PM
Carlos Serra said...
Manuel, dentro de algum tempo deixo aqui algumas coisas.
4/1/08 8:42 PM
MANUEL DE ARAÚJO said...
Aguardo!
4/1/08 8:44 PM
Carlos Serra said...
Vamos, lá, então, Manuel não dar a resposta que quer, dando, porém, a resposta à minha ignorância. Em primeiro lugar, devo dar-lhe conta da minha profunda ignorância da história queniana, especialmente da história queniana pós-1971. Em segundo lugar, devo dizer-lhe que quando nós lemos na imprensa escrita e na imprensa online algo do que se está a passar no Quénia, imediatamente podemos verificar que o quadro é quase sempre o mesmo, com mais ou menos detalhes: o dos conflitos étnicos. A etnia funciona sempre como uma chave de fenda para a nossa ignorância. A etnicidade e a guerra parecem constituir as duas categorias analíticas exclusivas na leitura do nosso continente (e quando não há guerra, dizemos que estamos perante uma história de sucesso, tal se diz há anos do Quénia, independentemente das clivagens sociais, graves nesse país). Todavia, tenho para mim que a etnicidade é apenas a superfície do problema ou dos problemas. Portanto, se eu tivesse que estudar o Quénia a partir dos conflitos graves hoje lá verificados, começaria por uma desmontagem de certos mitos. Em terceiro lugar e como corolário do que disse no ponto anterior, precisaria de ter acesso a estudos recentes na linha dos feitos nos anos 70, por exemplo por Colin Keys (economia política do neo-colonialismo, por exemplo) e por vários outros cientistas, estudos que não consultei. Gostaria, por exemplo, de estudar a evolução das elites políticas do país e a sua dupla articulação com o capitalismo internacional e com o capitalismo nacional. Gostaria de fazer para o Quénia o que Bob Fitch e Mary Oppenheimer fizeram num clássico livro sobre o Ghana após o golpe de estado de 1964 (tente ler "Ghana; end of an illusion). Gostaria, finalmente, de conhecer o país, que não conheço. E é tudo, por agora, perdoe-me a pobreza disto tudo. Mas de forma alguma quero fazer de especialista com 10 minutos de leitura da página internacional do "Notícias"...Abraço. Diga algo.
4/1/08 9:30 PM

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