Monday, 28 October 2013

Intervenção na Gala da STV para a atribuição do galardão do “Melhor de Moçambique”


Intervenção na Gala da STV  para a atribuição do galardão do “Melhor de Moçambique”

Pensei bastante seestaria ou não presente nesta cerimónia. A razão para essa dúvidaera a seguinte: há três dias a minha família foi alvo de várias e insistentes ameaças de morte. Essas ameaçaspersistiram e trouxeram para toda a nossa família um clima de medo e insegurança. A intenção foi-se revelando clara, depois de muitos telefonemas anónimos: a extorsão de dinheiro. A mesma criminosa ameaça, soubemos depois, já bateu à porta de muitos cidadãos de Maputo.
Poderíamos pensar que essas intimidações se reproduzem a tal escala que acabam por se desacreditar. Mas não é possível desvalorizar este fenómeno. Porque ele sucede num momento em que, na capital do país, pessoas são raptadas a um ritmo que não pára de crescer. Esses crimes reforçam um sentimento de desamparo e desprotecção como nunca tivemos nos últimos vinte anos da nossa história.
Esses que são raptados não são os outros, são moçambicanos como qualquer outro cidadão. De cada vez que um moçambicano é raptado, é Moçambique inteiro que é raptado. E de todas as vezes, há uma parte da nossa casa que deixa de ser nossa e vai ficando nas mãos do crime. Neste confronto com forças sem rosto nem nome, todos perdemos confiança em nós mesmos, e Moçambique perde a credibilidade dos outros. 
Esses sequestros estão nos cercandopor dentro como se houvesse uma outra guerra civil, uma guerra que cria tanta instabilidade como uma qualquer outra acção militar, qualquer outra acção terrorista.

Este é um fenómeno que atinge uma camada socialmente diferenciada do nosso país. Mas o mesmo sentimento de medo percorre hoje, sem excepção, todos os habitantes de Maputo, pobres e ricos, homens e mulheres, velhos e crianças que são vítimas quotidianas de crimes e assaltos.
Eu falo disto, aqui e agora, porque uma cerimónia destas nos poderia desviar do que é vital na nossa nação. Não podemos esquecer queo nosso destino colectivo se decide hoje sobretudo no centro do País, nessa fronteira que separao diálogo do belicismo. E todos nós queremos defender essa que é a conquista maior depois da independência nacional: a Paz, a Paz em todo o país, a Paz no lar de cada moçambicano.
Se invoquei a situação que se vive hoje em Maputo é porque outras guerras, mais subtis e silenciosas, podem estar a agredir Moçambiquee a roubar-nos a estabilidade e que tanto nos custou conquistar.
Caros amigos
Estamos celebrando nesta Gala algo que, certamente, possui a intenção positiva de valorizar o nosso país. Mas para usufruirmos o que aqui está a ser exaltado, as melhores praias, os melhores destinos turísticos, precisamos de saber o ver o que nos cerca. Na realidade, e em rigor, o melhor de Moçambique não pode ser seleccionado em concurso. O melhor de Moçambique são os moçambicanos de todas etnias, todas as raças, todas as opções políticas e religiosas. O melhor de Moçambique é a gente trabalhadora anónima que, todos os dias, atravessa a cidade em viaturas transportados em condições que são uma ofensa à vida e à dignidade humanas.
O melhor de Moçambique são os camponeses que embalam à pressa os seus haveres para fugirem das balas. O melhor de Moçambique são os que,mesmo não tendo dinheiro, pagam subornos para não serem incomodados poragentes da ordem cuja única autoridade nasce da arrogância.
O melhor de Moçambique são os que anonimamente constroem a nação moçambicana sem tirar vantagem de serem de um partido, de uma família, de uma farda.
Os melhores de Moçambique não precisam sequer que os outros digam que são os melhores. Basta-lhe serem moçambicanos, inteiros e íntegros, basta-lhes não sujarem a sua honra com a pressa de se tornarem ricos e poderosos.
Os melhores de Moçambique não precisam de grandes discursos para acreditarem numa pátria onde se possa viver sem medo, sem guerra, sem mentira e sem ódio. Precisam, sim, de acções claras que eliminem o crime e a corrupção. Porque a par deste galardão que distingue o melhor de Moçambique há um outro galardão,invisível mas permanente, que premeia o pior de Moçambique. Todos os dias, o pior de Moçambique é premiado pela impunidade, pela cumplicidade e pelo silêncio.
Caros amigos,
Disse, no início, que hesitei em estar presente nesta gala. Mas pensei que me competia, junto com todos vocês, a obrigação de construir um evento que fosse para além das luzes e das mediáticas aparências.Nós queremos certamente que esta festa tenha uma intenção e produza uma diferença. E esta celebração só terá sentido se ela for um marco na luta pela afirmação de valores morais e princípios colectivos. Para que a nossa vida seja nossa e não do medo, para que as nossas cidades sejam nossas e não dos ladrões, para que no nosso campo se cultive comida e não a guerra, para que a riqueza do país sirva o país inteiro.

Thursday, 10 October 2013

Verissimo volta brincar com Zambezianos!

Veríssimo volta a brincar com zambezianos
Quelimane (DZ)- O governador da Zambézia, Joaquim Veríssimo já está a mostrar de facto a sua verdadeira pele. Lembrando aquele velho provérbio “ o que tem chifres não se esconde”. Durante muito tempo, Veríssimo foi mostrando o que não era seu normal, mas agora tudo vem a nu. Depois daqueles actos do dia 25 de Setembro em que o Governador Veríssimo demonstrou não conhecer a realidade dos zambezianos, eis que esta quinta-feira, mais uma vez, o governador foi tema de conversa.
Havia sido marcada uma cerimonia de entrega de tractores aos agricultores desta província da Zambézia, tida como um potencial na produção agrícola, e quem deveria proceder esta entrega seria o governador Veríssimo.
Foi uma tarde mal passada, porque tudo estava organizado, incluindo ate o copo de agua e o único que demorava chegar era o senhor governador. Não se sabiam as reais motivações deste atraso. No meio de expectativas, telefonemas de um lado para outro, Veríssimo nunca chegava.
No final, eis que a informação chegou depois de quase 1 hora de tempo, dando conta o governador Joaquim Veríssimo não viria porque estava a receber a esposa do Presidente da República.
No local, sabemos que esta cerimónia vem sendo adiada desde terça-feira, pelos mesmos motivos, sobrecarga de agenda do governador.
A indignação foi tanta no seio dos presentes que não entendem como é que o governador não respeita a população da Zambézia, visto que neste grupo dos que iam receber tractores, também estão agricultores que vieram de Namacurra, Luabo só para citar alguns exemplos, todos saíram desiludidos e gastaram o pouco dinheiro que tinham para viver, mas que o governador muito menos não respeitou. (DZ)