MUNICÍPIO DE QUELIMANE
CONSELHO MUNICIPAL
PRESIDENTE
Discurso por ocasião do 25 de Setembro,
Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique
SENHOR
GOVERNADOR DA PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA,
EXCELÊNCIA,
SENHORES
DEPUTADOS DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA, EXCELÊNCIAS ,
EXCELENTISSIMO
SENHOR PRESIDENTE DA ASSMBLEIA PROVINCIAL,
MERETISSIMOS
JUIZES DOS TRIBUNAIS JUDICIAL, ADMINISTRATIVO E FISCAL,
DIGNÍSSIMOS
MEMBROS DO GOVERNO PROVINCIAL,
EXCELENTISSIMOS
MEMBROS DA ASSEMBLEIA PROVINCIAL,
EXCELENTISSIMO
SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL,
EXCELENTISSIMOS
SENHOS MEMBROS DO GOVERNO AUTARQUICO DE QUELIMANE,
EXCELENTISSIMOS
MEMBROS DA ASSEMBLIA MUNICIPAL DE QUELIMANE,
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR COMANDANTE MILITAR PROVINCIAL DA ZAMBEZIA
EXCELENTÍSSIMO
SENHOR REPRESENTANTE DO ESTADO NA AUTARQUIA DE QUELIMANE,
PREZADOS
COMBATENTES DA LUTA DE LIBERTACAO NACIONAL,
ESTIMADOS
REPRESENTANTES DAS ORGANIZACOES RELIGIOSAS,
ESTIMADOS
REPRESENTANTES DOS PARTIDOS POLITICOS,
ILUSTRES
CONVIDADOS,
MINHAS
SENHORAS E MEUS SENHORES,
CAROS
MUNÍCIPES,
Em
nome do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, dos seus munícipes e em meu
nome pessoal, endereço as nossas mais cordiais saudações.
Com
grande honra, a nossa cidade acolhe as comemorações do 25 de Setembro, Dia da
Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Num dia como hoje, queremos render a nossa justa
homenagem a todos aqueles, que desde a primeira hora, sacrificando a sua
juventude, decidiram dar a sua vida, para o nobre ideal de libertação da pátria
do jugo colonial português. Essa geração soube interpretar com o derramamento
do seu sangue, os mais nobres valores da liberdade, justiça e defesa do nosso
povo.
Ao
celebrarmos o 25 de Setembro lançamos o compromisso para: i) cada um de nós
aprender os desafios do processo de construção da nossa história política e
acautelarmos a extensão dos erros trágicos praticados no passado; ii)
reconstruirmos as narrativas desvirtuadas da nossa história e conferi-la a
dimensão e o carácter metodológico da cientificidade moldados pela isenção,
imparcialidade, neutralidade e a independência; iii) com base nestes
compromissos, precisamos de rever os mecanismos de redistribuição da riqueza
nacional e da justiça social, num contexto da emergência de novos paradigmas
desenvolvimentistas e uma sociedade política e económica cada vez mais
expressiva na defesa dos seus direitos.
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Minhas Irmãs, Meus Irmãos, Minhas Mães, Pais, amigos,
moçambicanos e moçambicanas, companheiros, companheiras residindo nos
diferentes cantos deste Município da Cidade de Quelimane,
É com profunda
alegria que mais uma vez, nos dirigimos aos respeitados Munícipes desta bela,
linda, maravilhosa e libertada Cidade de Quelimane. Nesta data, caros
concidadãos, venho mais uma vez, em meu nome pessoal e em nome de todos vós felicitar
a toda a família de compatriotas Quelimanenses, Zambezianos e Moçambicanos que,
no longiquo 25 de Setembro de 1964, expressaram sua audácia e coragem heroica de
se lançarem para o verdadeiro sacrifício em defesa da pátria moçambicana que
durante longos anos esteve acorrentada pela dominação colonial. Encontramos no
espirito daqueles concidadãos um genuíno sentido nacionalista de verem esta
terra, este povo e a sua riqueza, justa e equitativamente redistribuída para
todos moçambicanos independentemente das nossas diferenças, qualquer que ela
seja: política, económica, social, rácica, religiosa, ou qualquer outra.
Aqueles
princípios associados ao Estado de Direito Democrático surgiam fortemente
influenciados pela geopolítica internacional vivida na altura. A independência
da China e a sua política externa, a orientação ideológica de Cuba e ex-URSS, as
organizacoes civis, civicas bem como diversas fundacoes dos EUA, como o African
American Institute, o conceito de autodeterminação,
impulsionado através da Carta das Nações Unidas favoreceram a logística, a
formacao de quadros e o financiamento do processo da luta de libertação em
Moçambique. Aqueles Países, Estados e instituições civis e civicas, ajudaram
nos a entender que poderíamos ser um povo verdadeiramente livre da subjugação
de um regime político que nos quis estruturar e fragmentar, para depois nos
dividir e reinar. A todos aqueles países e instituições, que muito cedo se solidarizaram
com os interesses supremos da nossa libertação, estendemos o nosso singelo
agradecimento.
O
sentimento protonacionalista dos nossos irmãos, fortemente influenciados pelas
dinâmicas do ambiente externo e da geopolítica internacional, reforçou o
sentimento de que a dominação colonial em Moçambique significava que os nossos
antepassados: avos, pais, tios, mães, tinham estado privados de um conjunto de
liberdades políticas, económicas e sociais. Em muitos casos, a privação dos
direitos elementares do homem, significou a opressão secular que o colonialismo
fascista tinha demonstrado contra o nosso povo. Aquele processo secular deteriorou
o nosso orgulho e sentimento de pertença e a essência de sermos parte deste belo
pais. Por isso, a comemoração do dia 25 de Setembro de 1964, tem um significado
especial para muitos de nós, Munícipes da Cidade de Quelimane, em particular e
para muitos moçambicanos em geral. Esta data traduz o despertar de uma vontade
colectiva que cada um de nós, temos para construirmos um pais coeso em redor
dos interesses individuais e colectivos que nos ajudam à reforçar os nossos
laços de solidariedade e fraternidade. Sabemos que fazemos parte de um País uno
e indivisível. Entretanto, a autonomia que o quadro constitucional e legal nos
confere, faz-nos celebrar esta data convencidos de que somos parte de uma nação
– A Nacao Mocambicana.
Caros
compatriotas,
Como
Munícipes da Cidade de Quelimane exaltamos nesta data o nosso orgulho porque temos
uma identidade colectiva própria, acima de tudo, temos o sublime orgulho de
termos nascido, crescido, vivido neste Município da Cidade de Quelimane e neste
país, Moçambique. Este nosso orgulho meus irmãos, reforçou-se muito mais quando
à 7 de Dezembro de 2011, através das eleições intercalares, onde juntos,
decidimos dar um novo rumo ao desenvolvimento deste Município, marcando nao so
a libertacao de Quelimane, mas tambam o inicio de um processo irreverssivel – o
renascimento politico, economico, social, academico e cultural da nossa cidade.
De facto a 7 de Dezembro, inauguramos uma nova era na historia do nosso pais!
Pela primeira vez na historia de Mocambique, os cidadaos de um municipio
resolveram em eleicoes intercalares mudar o rumo da sua historia! Os resultados
e os Bons Sinais da vossa decisão são cada vez mais visíveis e estimulantes. Hoje,
da gosto ser municipe de Quelimane! Hoje da gosto passear pelas ruas de
Quelimane, hoje da gosto passear pelas marginal de Quelimane! Hoje da gosto ser
Quelimanense!
Inspirados
neste espirito e na nossa identidade própria, revitalizamos a nossa vontade de
lutar em prol do desenvolvimento, do crescimento e da melhoria das condições de
vida de todos os munícipes desta linda, bela, maravilhosa, amável, admirável e renascida cidade, Quelimane, a
terra que a muitos de nos viu nascer, crescer e que amamos. Hoje, mais do que
nunca, celebramos esta data na convicção de que os destinos deste município
dependem da nossa entrega abnegada e altruísta ao trabalho e ao espírito de bem
servirmos aos nossos cidadãos. A nossa equipa de trabalho comprometeu-se a
dedicar todas suas energias em prol do bem-estar deste belo e maravilhoso povo.
As grandes infraestruturas que começamos a erguer estão criando oportunidades
para a melhoria das condições de saúde, de higiene, saneamento e do bem-estar
dos munícipes. Os resultados que estamos alcançando, reforçam cada vez mais um
orgulho, que durante muito tempo, nos tinha deixado de acalentar. Hoje, mais do que nunca, precisamos de arregaçar as
mangas, calçar as botas, colocar as mãos nas obras para oferecermos a
dignidade, o orgulho, os benefícios e as vantagens que o processo histórico de
mais de 38 anos subjugou esta cidade fazendo demorar chegar a luz da liberdade
e do bem estar aos Munícipes da Cidade de Quelimane.
É assim que no nosso quotidiano nos esforçamos, de forma
sobre-humana, para transformar-mos o
Município da Cidade de Quelimane num espaço dispensado da miséria, do desemprego,
do mal-estar, da violência, da imundice, das doenças e outros tópicos relacionados
a crueldade ou barbaridade política, económica e social inaceitáveis nos
estados modernos e civilizados. Encontramos nos munícipes da Cidade de Quelimane, uma
vontade extraordinária transcorrendo o seu sangue, atravessando as suas veias e
musculaturas, o desejo de edificar neste município um verdadeiro Municipio de
Direito Democrático onde a justiça social, o bem-estar colectivo chega a cada
um de nós. Estamos a consolidar um pacto social fundamentado nos princípios e
valores da liberdade, da igualdade, da segurança, do bem-estar comum dos
Munícipes da Cidade de Quelimane. Fazemos isso, sem olhar para as nossas
diferenças políticas, económicas, sociais, culturais, religiosas, étnicas, ou
tribais.Quelimane e de todos, com todos e para todos! Por isso, ao celebrarmos
esta data, ao celebramos o dia 25 de Setembro não nos cansamos de reafirmar a
vontade do municipes desta urbe: ‘QUELIMANE PARA TODOS RUMO AO PORTO DOS BONS
SINAIS.
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Minhas Irmãs, Meus Irmãos, Minhas Mães, Pais, amigos,
moçambicanos e moçambicanas, companheiros, companheiras residindo nos
diferentes cantos deste Município da Cidade de Quelimane,
A história do 25 de Setembro encontra-se nos princípios bem-nascidos
da vontade colectiva agregada pelos três movimentos políticos, constituídos no
exílio, nomeadamente: a UDENAMO (União Nacional Democrática de Moçambique)
presidida pelo jovem Adelino Guambe, MANU (Mozambique African National Union),
Mateus Mmole e a UNAMI (União Nacional de Moçambique Independente), presidida
por Baltazar Changonga. A fusão daqueles movimentos políticos e históricos,
condicionaram a criação de uma estrutura que fez constar o 25 de Setembro de
1964 nas páginas nao so da da nossa
história mas tambem da Historia de Africa e do mundo. Entretanto, a veracidade
dos factos que narram aquela data, precisam de ser questionados, redefinidos e
reescritos. O nosso Heroi nacional, combatente da primeira hora, um dos filhos
mais honrados desta patria lancou este repto numa palestra na Universidade Musa
Bin Bique quando inter alia disse : investiguem a nossa historia..., o que
gerou um debate politico nacional salutar e saudavel, porque a historia de um povo nao deve ser
falsificada!
Sublinhamos que a convivência resultante da fusão
política, daqueles movimentos, causou momentos trágicos e sangrentos dentro do
grupo de jovens que tinham abandonado as suas famílias para se juntarem ao
movimento libertador. Aquele ambiente trágico vivido durante a luta de
libertação, no seio do movimento libertador, esteve associado à intolerância
política, a incapacidade de consentir que somos moçambicanos de diferentes
origens regionais, tribais, étnicas. Na altura, não se quis reconhecer que,
como seres humanos, gozávamos e ainda gozamos do princípio filantrópico
derivado do imperativo do pensar diferente. Tentou-se forçar sem sucesso a
criação de um movimento homogéneo sem bases nem princípios que os suportava. A não
valorização das potencialidades inerentes às nossas diferenças esteve muito por
dentro e na origem das matanças, perseguições, fugas, exílios que mancharam de
sangue as páginas da nossa história política.
Para evidenciar o ambiente tumultuoso, tempestuoso e
tormentoso vivido depois de 25 de Setembro, poderemos encontrar nas páginas da
nossa história política alguns factos macabros que mancharam o processo
libertador. Recordamos que Eduardo Mondlane, por exemplo, teria sido
assassinado em 3 de Fevereiro de 1969, algures na Tanzânia, onde estava o berço
da revolução que conduziu a libertação deste País. Mondlane morre quatro anos
depois do início da luta de libertação. Depois da sua morte, o ambiente sinuoso
agudizou-se entre os companheiros. Mortes, perseguições, fugas caracterizaram o
ambiente internos depois do desaparecimento de Mondlane que na altura tinha uma
postura de liderança mais coesa, inclusiva e humanitária, fundada no princípio
de Estado de Direito Democrático. Por isso, o dia 25 de Setembro não deve
dissociar-se do papel e da historia do Doutor Eduardo chivambo Mondlane. Para
além da morte de Mondlane, nas páginas escondidas da nossa história lê-se que Uria
Simango (na altura vice-presidente daquele movimento juvenil), Padre Mateus
Gwengere, Dra Joana Simeão, Paulo Gumane, Júlio Razão, Casal Ribeiro, Lázaro
Kavandame e outros foram transportados do Campo de Extermínio Metelela. Aqueles
compatriotas foram transportados com a indicação de que iriam para Lichinga
(Vila Cabral). Esperava-se que de lá seguiriam para Maputo (Lourenço Marques),
a fim de que os seus processos fossem examinados e proceder-se à sua
libertação. Foram sumaria e barbaramente assassinados por agentes ao servico de
interesses divergentes aos da nacao mocambicana!
Infelizmente os níveis de barbaridade e desumanização,
vividos depois da morte de Mondlane, consumiam os apetites da elite dirigente
da altura, cujo respeito pelos valores morais e pela vida humana, não determinavam
a lógica da sua actuação. Com uma lógica maquiavélica de actuação, não
importavam os meios, mas sim os fins para alcançarem seus intentos!
Ao celebrarmos o 25 de Setembro, continuamos lendo com
tristeza a história de que a esposa de Simango, Celina Simango, uma verdadeira
mãe, esposa, chefe de família, (avaliada pela qualidade de educação, instrução,
formação, profissionalismo dos seus filhos), foi separadamente executada algum
tempo depois de 1981, e não há registo público de detalhes ou da data da sua
morte. Infelizmente, hoje, volvidos mais de três
décadas, parte daqueles comportamentos
desumanos, assistidos durante o processo de libertação que se seguiu ao 25 de
Setembro, ainda são visíveis na maior parte das instituições que corporizam a
máquina administrativa do Estado Moçambicano. Por isso, ao celebrarmos 49 depois do início da luta de libertação
nacional, nos parece razoável questionar em que dimensão o sonho patriótico dos
libertadores foi transformado em acções concretas que satisfaçam os anseios dos
cidadãos, independentemente das suas diferenças naturais, políticas,
económicas, sociais, culturais e da obrigatoriedade de se respeitar o
imperativo do pensar diferente.
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Minhas Irmãs, Meus Irmãos, Minhas Mães, Pais, amigos,
moçambicanos e moçambicanas, companheiros, companheiras residindo nos
diferentes cantos deste Município da Cidade de Quelimane,
Para além
dos desafios históricos que estamos apresentando, a nossa história precisa de
encontrar melhor reconhecimento ao nível dos domínios científico e académico.
Um tal reconhecimento passa necessariamente pela adopção de metodologias
apropriadas que lhe possam conferir a validade nos meandros das Ciências
Sociais. Para tal, nos parece razoável introduzir na nossa história, o sentido
de isenção, imparcialidade, neutralidade e equidistância na análise dos factos
e fenómenos ocorridos ao longo do nosso percurso histórico. Mais do que nunca,
precisamos de encontrar novos paradigmas analíticos que nos ajudam a melhor
entender a profundidade e a dimensão sinuosa, perversa e triste da nossa história.
Para reconstruirmos a nossa história, precisamos de nos inspirar nas mais
célebres teorias, conceitos e princípios científicos, sustentados nos
diferentes campos de saber. Os 49 anos do início da luta de libertação desafiam-nos
a introduzir um conjunto de rupturas na nossa maneira de olhar para a história
deste País.
A nossa
história precisa de uma nova dimensão analítica mais comprometida com a
cientificidade, com a verdade e veracidade dos factos. A nossa história desafia
os espaços e, ou campos do saber científico e filosófico a desdobrarem sem
medida, na busca de novos paradigmas analíticos que melhor nos ajudam a
entender os factos e fenómenos que ainda não foram trazidos para a análise,
discussão e validação. A história deste país precisa de ser cientificamente
validada. Para começarmos o compromisso de conferirmos o carácter científico a
nossa história, precisamos de desconstruir, como ponto de partida, dois fenómenos
e/ou factos sociais. O primeiro facto que deveremos desconstruir esta associada
com a necessidade de reinterpretarmos a fada do processo de descolonização que
muitas vezes é confundida com o tráfico de escravos. O segundo fenómeno ou
facto social e histórico que clama pela reinterpretação científica estava
associado a narrativa contada em redor do dia 25 de Setembro de 1964.
Sobre a
fada da descolonização, ensina-nos algumas ciências que o processo de
colonização deve ser entendido, no plano jurídico, como a dominação imposta por
uma minoria estrangeira a uma maioria indígena,
cultural e civilizacionalmente diferente. Em África a colonização recebeu o
cunho histórico e institucional com o advento da Conferência de Berlim,
realizada entre 1884 e 1885. Em Moçambique, a ocupação colonial só aconteceu a
partir de 1890, quando o colonizador enviou para Moçambique mais soldados e
poderosos armamentos para assegurar a conquista efectiva e dominação do
território. Neste ponto apelamos aos historiadores que a colonização não é o
mesmo que o tráfico de escravos. Estas são duas coisas diferentes. Dai, nesta
dimensão analítica, desafiamos os diferentes campos do saber a corrigirem a
enganosa ideia de que Moçambique foi colonizado durante 500 anos, quando a
colonização, nem se quer terá atingido um século.
Sobre a
génese do processo de libertação, reza a história oficial que a luta de
libertação nacional iniciou na noite de 25 de Setembro de 1964. As nossas
crianças ainda no ensino primário aprendem que com o primeiro tiro foi dado em
Chai! ataque foi dadforam mortas duas pessoas nomeadamente: o Chefe do Posto
Administrativo colonial de Chai e o Sentinela que guarnecia a residência do Chefe
do Posto. O autor do primeiro tiro, tem reafirmado o que os manuais do ensino
primário e secundário ensinam às nossas crianças. Em contraste, existem relatos,
contados na primeira pessoa, que o Chefe do Posto, na data do ataque chamava-se
Felgueiras e na hora do ataque não estava em Chai, pois tinha-se deslocado para
Messalo com dois polícias e vários sipaios. A julgar também pela pesquisa
levada a cabo pelo Arquivo de Património Cultural (ARPAC), como também de
alguns generais que estiveram na frente de combate, existem dúvidas que o
primeiro tiro da luta pela independência não foi disparado em 25 de Setembro de
1964. Existem incertezas que o primeiro tiro tenha sido disparado no Posto
Administrativo de Chai. Existem relatos de alguns investigadores mostrando que
a MANU (União Nacional Africana de Moçambique) atacara em Agosto de 1964, a
Missão Católica de Nangololo. Por outro lado, a 24 de Setembro de 1964 foi tambem
reportado um ataque a Cóbuè, na província do Niassa, bem como outras operações
ao longo da margem norte do lago. Aqui na nossa provincia, tambem houve accoes
armadas a 24 de Setembro de 1964! Lancamos aos estudantes e estudiosos do nosso
processo de libertacao o desafio da clarificacao das paginas de penumbra na
nossa historia!
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Caras Munícipes
da Cidade de Quelimane,
Minhas Irmãs, Meus Irmãos, Minhas Mães, Pais, amigos,
moçambicanos e moçambicanas, companheiros, companheiras residindo nos
diferentes cantos deste Município da Cidade de Quelimane,
Decorridos
mais de 49 da data do início de um processo que tinha em vista libertar este
País os desafios nos parecem enormes. Os indicadores apresentados nos relatórios
nacionais e internacionais referentes à Moçambique não param de revelar que os
índices de percepção da corrupção estão aumentando sem qualquer plano de acção para o seu combate. Ao mesmo
tempo, os níveis de segurança reduziram em resultado de um fraco espírito de
diálogo, abertura, humildade e um verdadeiro sentimento democrático jogado pela
elite política nacional, em prol da defesa dos interesses locais e nacionais.
Consequentemente, a onda de criminalidade aumentou assustadoramente; o
branqueamento de capitais, o tráfico de drogas e de órgãos humanos, reportados
em muitos relatórios nacionais e internacionais, fazem parte de um sistema
político cujo embrião se encontra no 25 de Setembro e que actua de forma impune
dentro de um Estado Moderno, guiado sob os auspícios e dos valores
democráticos. Os raptos aos cidadãos nacionais e internacionais sucedem-se e
atingem números que aterrorizam a segurança e a estabilidade deste País. As
manifestações de vários segmentos (manifestações de 5 de Fevereiro de 2008; as
manifestações de 1 e 2 de Setembro de 2010; as manifestações de 15 de Novembro
de 2012; as manifestações dos ex-desmobilizados de guerra) mostraram o quanto
ágil é a Polícia de Intervenção Rápida para atirar sobre cidadãos no gozo dos
seus direitos e deveres protegidos dentro de um estado democrático.
A manifestação de descontentamento revelada pela Classe dos Médicos e do Pessoal Unido do Sector da Saúde, sem resposta inteligente por parte do Estado, que ainda continua mudo, tem efeitos trágicos para a garantia da assistência médica aos nossos munícipes e concidadãos e para a deterioração das condições de trabalho e de vida dos Médicos e do Pessoal Unido do Sector da Saúde. Por isso, celebramos o 25 de Setembro e questionamos se as perseguições, represalias, despedimentos, reformas compulsivas, desconto dos seus salários, levantamento de processos disciplinares aqueles moçambicanos estão ajustados aos objectivos e princípios que norteavam o 25 de Setembro de 1964.
Ao
celebrarmos esta questionável data e os factos que a eles surgem associados,
precisamos de ter a coragem para fazermos uma reflexão profunda sobre os desafios
que a onda do movimento libertário esta causando para nós munícipes da cidade
de Quelimane e para todos nós moçambicanos que fazemos parte deste País.
Impõe-se, a todos nós, Munícipes desta linda e bela cidade de Quelimane, a
todos nós moçambicanos, que no nosso dia-a-dia questionemos a cientificidade
dos factos históricos associados ao 25 de Setembro de 1964. Precisamos todos de
saber em que medida os propósitos do dia 25 de Setembro estão contribuindo para
a criação e redistribuição justa e equitativa da riqueza nacional,
principalmente no contexto da descoberta de recursos minerais e da proliferação
dos megaprojetos nas diferentes regiões do País. Sublinhamos aqui os conceitos
de justeza e de equidade porque temos a certeza da riqueza que o nosso subsolo,
o nosso mar, as nossas florestas, a nossa terra, as nossas habilidades e o
nosso potencial humano favorece o desenvolvimento deste País. A despeito deste
potencial geológico e humano que nos é característico, é necessário acautelar o
princípio de justiça e equidade social para que Moçambique seja verdadeiramente
um País onde todos tenhamos igual acesso aos recursos que asseguram o nosso
bem-estar social, económico e cultural. Precisamos de combater a lógica
estruturante de uma sociedade dividida em classes onde EXISTEM CIDADÃOS DA
PRIMEIRA E DA TERCEIRA CLASSE. Esta lógica estruturante que nos quer perpetuar
ainda hoje, é mais uma reprodução do modelo colonial que tinha dividido os
moçambicanos e os africanos em diferentes classes políticas, sociais e
económicas. Hoje precisamos sim, de desconstruir aquela lógica para erguermos
um País cujos pilares basilares são encontrados dentro de um verdadeiro sentido
prático da justiça e da equidade e de um MOÇAMBIQUE PARA TODOS.
Aproveitamos
o ensejo para agradecer a colaboracao e cooperacao que temos recebido dos
governos provincial (na pessoa de sua Excia o Governador da provincia e sua
equipa), do Governo Centra e de outras instituicoes na mudanca do espirito e da
face deste outrora martirizado municipio.
Queremos
tambem agradecer aos parceiros da Cooperacao que nao tem poupado esforcos para
complementar em mais de 40 por cento o nosso Orcamento Geral do Estado e outros
programas de desenvolvimento economico, social, cultural, academico e porque
nao politico!
De forma
singular queremos agradecer ao povo e governo dos Estados Unidos da America
pela generosa doacao, atraves do Millennium Challenge Corporation (MCA), de
mais de 34 milhoes de dolares americanos ao povo de Quelimane, doacao essa que
fui usada para construir o sistema de drenagens e asfaltagem de algumas
avenidas da Cidade de Quelimane!
Por ultimo agradecer aos municipes de Quelimane pela
forma sabia e organizada como souberam, apesar de todas as maquinacoes,
responder uma vez mais, ao apelo por nos feito para participarem de forma
ordenada e exemplar no recenseamento eleitoral tendo atingido a faixa dos 86
por cento!
Apelar para que da mesma forma como se comportaram
durante o recenseamento eleitoral participam de forma ordenada e organizada nas
eleicoes de 20 de novembro de 2013, porque o vosso futuro o nosso futuro, o
futuro dos nossos filhos, irmaos, maes e pais, o futuro e prosperidade de
Quelimane esta uma vez mais nas vossas maos!
Elabo edji djaani? Djeewu! Onthonga baani? Onthonga
diiyo!
Dinoutamaalelani abaalaga!
PRESIDENTE DO
CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE QUELIMANE
Manuel de Araújo