Xefina engolida pela mar?

A Ilha Xefina, localizada no nordeste da cidade de Maputo e a cerca de cinco quilómetros da praia da Costa do Sol, está sob forte ameaça de ser engolida pelas águas do mar.

Segundo relatos da população local, o mar já penetrou cerca de sete quilómetros do lado norte, onde estava instalado um sistema de defesa militar, destruindo as infra-estruturas (paióis) e as rampas dos canhões. Além daquelas infraestruturas militares, a erosão marítima fez desaparecer parte do aeródromo que ali existia.

O facto foi testemunhado ontem pela governadora da cidade de Maputo, Rosa da Silva, que visitou a ilha com o objectivo de se inteirar da vida da população, estimada em cerca de 60 pessoas, correspondentes a 26 famílias.

De facto, e também como pôde testemunhar a nossa Reportagem, a parte norte da ilha está a ser engolida pelo mar e, caso não sejam adoptadas medidas urgentes para o controlo e minimização do fenómeno, os bairros mais próximos da ilha, nomeadamente Pescadores e Costa do Sol, na parte continental da cidade de Maputo, poderão, num futuro não longínquo, sofrer as consequências.

A governadora da cidade de Maputo pediu à população para, dentro das suas capacidades, ir realizando algumas acções paliativas, mas de grande impacto no combate à erosão, como seja o plantio de árvores em todo o território da ilha.

Um dos agentes causadores do aumento dos problemas ambientais é a população, tanto da ilha como do continente, que usa a parca flora como fonte de combustível lenhoso e material de construção. Neste contexto, Rosa da Silva apelou à redução do abate das árvores para a sua utilização como combustível lenhoso no dia-a-dia dos residentes da ilha.

A Ilha Xefina é um afloramento de uma extensa zona sedimentar protegida da erosão directa da ondulação do Oceano Índico. Apesar da sua pequena área, apresenta um elevado potencial de flora, incluindo mangais. Com a erosão costeira, que tem vindo a diminuir a área da ilha e a destruir as estruturas existentes, também se vive um sério problema ambiental que se caracteriza pela redução do número de espécies vegetais.

Entretanto, o arquitecto Arnaldo Simango, quando questionado sobre as acções que devem ser desenvolvidas para salvar a ilha disse, primeiro, que o problema ultrapassa o âmbito do Governo da cidade de Maputo. Afirmou ser necessária uma acção integrada entre os vários sectores, quer a nível local, quer a nível do Governo central, uma vez que a solução passa por grandes projectos de investimento.

“Não se trata de uma simples erosão. Só para ver, são cerca de sete quilómetros de terra consumidos pelo mar”, anotou Simango, frisando que a solução deve ser encontrada na conjugação dos vários factores, entre os naturais e os humanos.

Fonte:Notícias