Wednesday 13 August 2008

O roteiro de uma longa historia “secretissíma”

O semanario Zambeze traz na capa da sua edicao de amanha um trabalho investigativo sobre o roteiro da droga em Mocambique, que pela sua importancia traze-mos aos leitores deste blog:
Moçambique e Portugal na rota do narcotráfico “diplomático”

Luís Nhachote e Brian Kubwalo (*)

* Dois dos traficantes acusados por polícias da Swazilândia e África do Sul são cônsules honorários das Syschelles, um radicado em Moçambique e outro em Portugal

* Fontes da PGR, asseguram que Augusto Raul Paulino vai fazer deste processo o tudo ou nada para resgatar a sua imagem manchada pelo processo-crime especial 12/2007-C


Há cerca de dez anos que “um grande segredo”, relacionado com o narcotráfico de mandrax, está “adormecido” nas gavetas da Procuradoria-Geral da República de Moçambique.
De tão quente que parece ser o dossier, por envolver figuras do statuo quo diplomático, o mesmo passou pelas equipas lideradas por Sinai Nhatitima, António Namburete e Joaquim Madeira. Mas não se moveu uma palha. O assunto tem características especiais. É muito sério.
Por se tratar de um caso com contornos transnacionais, que envolveu as policias e procuradorias moçambicanas, swazis, sul-africanas e indianas, fontes de ambos países ligadas ao melindroso dossier, forneceram ao ZAMBEZE, elementos que permitiram que a presente investigação viessem à luz do dia.


Miami Fashion House: Lembram-se?

No início da década de noventa, a capital moçambicana assistiu ao boom de duas lojas de vestuário que fizeram sucesso.
As duas «Miami Fashion House», estavam localizadas, na altura, uma no Bairro do Alto Maé, e outra na Av. 25 de Setembro, em frente do Hotel Turismo, hoje IBIS, na baixa de Maputo.
Havia ainda no grupo a «Miami Travel Agengy», situada na Rua da Mesquita. Hoje chama-se «Planet Travel Agengy». Perto do Mercado Central.
As lojas notabilizaram-se com a venda de «jeans» da marca «Sorex» e camisas estampadas com desenho do dólar americano. Eram as primeiras casas do género em Moçambique quando por todo o lado a poeira não tinha nada a perturbar o seu reinado nas prateleiras do vasto parque comercial adormecido. A marca pairava por tudo o que eram estações de televisão e rádio, jornais, painéis publicitários de rua. Até os carrinhos de bagagem no aeroporto tinham estampada esta marca: «Miami Fashion House».
A Rádio Moçambique (RM), de hora em hora, a anteceder os seus noticiários para o país, passava o spot publicitário da MFH.

Afinal quem era MFH?

Umar Abdul Sakoor Surathia, jovem na altura de 27 anos era o famoso dono deste empreendimento. Todo o jovem de então aspirava ter uma peça de vestuário da «Miami Fashion House». Para se sentir na moda…
Nestes tempos falava-se das ligações dele com a elite politica moçambicana, elite do regime, entenda-se…Mas na altura questionava-se em surdina, a opulência de que Umar Surathia. Os jovens, com o seu desejo de estar em dia com a moda, justificavam a fortuna que ostentava. É só e apenas da venda de roupas, dizia-se.
Um cronista renomado da praça, Machado da Graça, na época do boom deste grupo, chegou mesmo a acusar o mais histórico da Frelimo, Marcelino dos Santos de ser o protector deste cidadão.

Os factos do narcotráfico

Em 1994, a Procuradoria-Geral da República recebeu uma denúncia a partir da polícia do Reino da Swazilândia que estava a trabalhar em coordenação com a polícia sul-africana.
Citamos uma parte da denúncia; “em 21 de Abril de 1994, a «Royal Police of Kingdom of Swaziland» interceptou um camião que transportava um contentor, e que neste havia vários tipos de mercadoria simulada de material eléctrico e entre este material havia cerca de 2 milhões de comprimidos de “mandrax”. Cada pacote tinha mil comprimidos e cada caixa tinha 9 pacotes.
Esta mercadoria vinha registada no contedor como lâmpadas florescentes. Ficou provado que esta mercadoria era para contrabando. Na altura, as polícias da swazilândia e sul-africana fizeram uma aturada investigacao e descobriram que a mercadoria foi expedida, através do porto de Chennai, na India.
O registo do despachante estava em nome de K.J.Export, 36 Seventh Street Shastri Nagar, Chennenai. O destino era a África do Sul, Joanesburgo, mas antes a mercadoria era descarregada em Moçambique como ponto de trânsito. Depois rumava, por terra, para a África do sul com passagem pela Swazilândia. Na África do Sul a mercadoria ia ser recebida em nome de «Dynamic Electronic Limited», South Africa (África do Sul). A policia sul-africana na altura deteve de imediato quarto indivíduos, nomeadamente (1. Arib K. Patel, 2. Y.V. Nagraj, 3. G.N. Venugopal, 4. M. Arumugam). Após a prisão destes indivíduos as duas policias fizeram uma investigacao e descobriram que o proprietário desta droga era Umar Surathia, na altura conhecido como Omar da «Miami Fashion House».
Na altura foram as autoridades aeroportuárias da Swazilândia e da África do Sul» solicitadas a deterem imediatamente o cidadão Uma Surathia.
Só que Umar não viajou nesta altura para estes países e ambas policias pediram apoio da PGR moçambicana, na altura lidera por Sinai Nhatitima. A Procuradoria fez na altura ouvidos de mercador.
As policias da Swazi e da RSA também fizeram pedidos ao Ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique uma vez que Umar Surathia já era cônsul honorário da Libéria radicado em Moçambique e possuía passaporte diplomático, o que quer dizer imunidade.
As polícias sul-africana e swazi, vendo que do lado moçambicano predominava um estranho silêncio recorrem aos serviços da Interpol e o diplomata Umar veio a ser preso no Saahara Internacional Airoport, em Mombay, na Índia. Na ocasião Umar terá exibido passaporte diplomático de Cônsul Honorário da Libéria em Moçambique. Na altura a Libéria tinha como presidente Charlles Taylor que agora está a contas com o Tribunal Internacional de Haia.
Como a Interpol estava no seu encalço as autoridades indianas já informadas não hesitaram e detiveram-no.
Foi levado de imediato para a cadeia de Madrasse, cidade de Tamil Nadoo, onde estavam acomodados os maiores narcotraficantes de «madrax» pelas bandas da Ásia.
Segundo fonte da Procuradoria sul-africana, a Interpor apresentou várias provas contra o diplomata honorário liberiano em Maputo, como contrabandista de drogas. Acusavam-no de ser o maior vendedor de drogas na Africa do Sul, de comprimidos de «madrax». Na acusação a Interpol acusava que a droga apreendida na swazi era avaliada em cerca de 16 milhões de randes, cada comprimido era vendido na África do Sul ao preço de 8 randes. Os investigadores, então, consideraram a droga de “top quality”.
O Tribunal Supremo da Índia acabou por conceder a liberdade por termo de «termo de identidade e residência sob condição de não se ausentar da Índia onde nasceu, em Mumbra em 1967.
Misteriosamente Umar regressa a Moçambique, e acaba com todas as empresas registadas em nome da Miami Fashion House. Deixa pouco tempo depois de ser cônsul da Libéria e é nomeado Cônsul Honorário da Syeshells.
Leonardo Simão, então ministro dos Negócios Estrangeiros e hoje director executivo da Fundação Joaquim Chissano aceitou as cartas credenciais de Umar Sorathia como Cônsul Honorário do Estado das Syeschels dando boas referências do ex-comerciante da Miami Fashion House.


Denuncia dos “scorpions” a Moçambique

Em Agosto de 2006, a PGR moçambicana, recebe uma segunda denúncia da polícia sul/africana, da recentemente extinta brigada especial de combate ao crime “Scorpions”. Pedia a «Scorpions» para se fazer a investigação de dois indivíduos de origem indiana que estavam a fazer investimentos na área da indústria e hotelaria em Moçambique, investimentos esses de largos milhões de dólares, que alegavam serem de origem duvidosa.
Foram citados nesta denúncia dois nomes. Umar Sorathia, Cônsul Honorário das Seysheles e Mohammed Salim Jussub.
Mohamed Salim Jussub, é de nacionalidade portuguesa, empresário, e está acreditado como Cônsul Honorário das Seysheles radicado em Portugal . Os «scorpions» praticamente facultaram o trabalho concluído à PGR dizendo que Umar podia ser localizado na Rua da Mesquita n.º 213 e a sua residência estava na Avenida Melo e Castro n.º 20 , no Bairro da Polana com o telemóvel +25882 3261190, actualmente dono da fábrica de bolachas Mobisco e da agência de viagens: a Planet Travel Agency. Através da «Maputo Indústrias», a sua empresa de produção de biscoitos, é membro n.º 213 da Câmara de Comércio de Moçambique, segundo informação disponível em websites do Governo de Moçambique.
Jussub estava a construir um hotel na baixa, ao lado do Maputo Shopping Center, próximo doGabinete do Primeiro-Ministro e junto e junto ao Porto de Pesca. O Zambeze foi informado de que o Hotel se irá chamar AFRIL Regente Hotel. Um outro do grupo é o Karibu Hotel cuja construção estava há anos paralizada e está agora a andar de novo, na margfinal, no Bairro do Triunfo, a caminho da Costa do Sol..
Segundo agentes do extinto «scorpions» o domicílio de Mohammed Salim Jussub, é agora no edificio 6, na Avenida Miguel Torga, num prédio «Empreendimentos Jardins de Campolide», oitavo piso, Lisboa, Portugal e usa o nr. de telemóvel +351.937867771.

O passado do Cônsul honorário Mahomed Jussub

Esta denúncia, segundo a polícia, teve substância a partir de depoimentos de grandes vendedores de droga (dealers - distribuidores). Prestaram declarações à polícia sul-africana foram os próprios dealers que apontaram como os donos da droga. “Zangam-se as comadres descobrem-se as verdade”. Disseram que entravam na África do Sul e saiam sem que alguém lhes pudesse tocar. Ninguém lhes podia fazer algo pois eles alegavam que tinham o beneplácito das autoridades moçambicanas. Em suma tinham imunidade.
Jussuf, considerado um grande empresário em Portugal, segundo a polícia sul-africana tem hotéis e residenciais naquele país europeu. Esteve preso na África do Sul quando dois contentores vindos de países asiáticos, foram desembarcados em Port Elizabeth a caminho de Joanesburgo. Neles vinha Mandrax. Até agora jamais foram apanhados na África do Sul e a droga desapareceu segundo os «scorpions».
Jussub foi detido em 1999-2000 e ficou cerca de ano e meio. Foi solto mediante caução. Estava no posse de 10 milhões de comprimidos «mandrax», quando saia do porto na África do Sul. Nestas denúncias a PGR, desde os tempos de Nhatitima, Namburete e Joaquim Madeira, tem conhecimento disto. As polícias vizinhas acusam a PGR de nada ter feito e continuara nada fazer para colaborar com as suas congeneres swazi e sul-africana suspeitando estas de que os procuradores sofrem pressões políticas para não agirem dado que os PGR´s estão na dependência do Chefe de Estado.
Uma fonte da PGR mais precisamente um adjunto de Augusto Raul Paulino assegura agora que o assunto vai ser levado até às ultimas consequências, dada a gravidade das preocupações das polícias da Swazilandia e da Africa do Sul.
No tempo em que a PGR está a ser acusada de não agir o presidente da República era Joaquim Chissano. Agora que foi Armando Guebuza que nomeou Augusto Raul Paulino as polícias aguardam para ver se o comportamento moçambicano se alterará ou manter-se-á.
A fonte garante que Paulino quer reabilitar a sua imagem afectada pelo seu envolvimento no caso de desvio de fundos do Tribunal Judicial da Província de Maputo que deu origem ao processo 12/2007-C em que foi constituído arguido.
Haverá detenções, esclarecimento da origem dos dinheiros em que se sustenta a ostentação que exibem e como conseguiram estar a gozar do estatuto de diplomatas e usufruírem de passaportes diplomáticos com passivo criminal, garante a fonte da PRG.

Mortes ligadas à droga

No documento da «scorpions» a que tivemos acesso, diz que durante 15 anos já morreram várias pessoas ligadas ao negócio da trafico da droga: Mohomed Akil, cidadão paquistanês que foi envenenado na zona da Costa de Sol, na decada 90. Faizal Adbdala, tido como contrabandista e que no mesmo documento diz-se que residia em Portugal, e foi encontrado morto na sua viatura, próximo da Casa Branca, na Matola. Isto em 1994-5. Issufo Aly foi crivado de balas por pessoas desconhecidas a entrar na sua residência sita no Bairro da Coop, isto em1995. Mohamed Fakir, antigo proprietário da pastelaria Scala, vítima de envenenamento. Mohamed Asslam, proprietário da Electro Mundo, que foi crivado de balas na zona da Malhangalene, em 1997. No mesmo documento da scorpions escreve-se que na África do Sul já foram assassinados mais de 20 cidadãos de origem asiática ligados ao tráfico de droga.
Todas as tentativas de ouvir a versão do Cônsul honorário das Seysheles, redudaram em fracasso. Contudo o ZAMBEZE já enviou um e-mail ao ministérios dos Negócios Estrangeiros das Seysheles a pedir esclarecimentos dos factos atrás descritos, e ainda aguarda resposta. Voltaremos ao assunto (Z)

* Brian Kubwalo é um jornalista investigativo baseado em Joanesburgo

3 comments:

Anonymous said...

este e muito conhesido em maputo vem varias vezes a portugal em negocios teem varios apartamentos e hoteis algados
e e muito prigoso

Anonymous said...

este e muito mais prigosoele ja mandou matar varias pessoas em moçambique.
ele vai constantemete a londre...
a matricula do caro dele BMW 17-17-UA

Anonymous said...

ele ja mandou matar varias pessoas em maputo que faziam e transportavam adroga e os trabalhadores foram moretos por saberem demais quem se meteu com salim e umar sempre acabou morto depois de esses os aproveitarem pelo transporte de droga
salim constriu um hotel perto do centro comercial kayum center por isso tanto conflito com o dono da mbs.
informo que quem publicava os jornais anteriormnte fo morto e subornaram a zambeze o mutivo suficiente para nao publicarem mais jornais em moçambique sobre os traficantes dizem que deram uma boa grana para esquecer o asonto e................para acabar com essas publicaçoes-...............