Thursday 14 August 2008

ANGOLA

MPLA distante de maioria absoluta e “dissidentes” da UNITA marginalizados

Maputo (Canal de Moçambique) – Num artigo de pesquisa e análise da responsabilidade de Xavier de Figueiredo proprietário e editor do Africa Monitor Intelligence, este órgão de comunicação social português, refere que “uma avaliação pertinente do processo eleitoral, que também contempla estimativas em relação ao resultado provável das eleições, admite que o MPLA ganhará” as eleições gerais que se avizinham “mas sem alcançar maioria absoluta”. “Um dos factores considerados na projecção é a presente impopularidade do MPLA, em razão da qual só conseguiria uma maioria absoluta se recorresse à fraude – e esta, a ocorrer, será pontual”. O AM aponta “razões pelas quais a fraude, a ocorrer, não será em larga escala: - A sociedade, em geral, apresenta uma consciência cívica e política mais aguda; a sua atitude é redutora de tais práticas. - A oposição aplicou-se em acções de formação eleitoral; a sua base de apoio, em que predominam os jovens, aparenta estar agora menos constrangida ou amedrontada que no passado em relação ao regime. O cenário de uma vitória expressiva nas eleições de 05 de Setembro (maioria absoluta, conforme terminologia usada) é alimentado em meios do MPLA e do regime, que o associam ao objectivo principal de reservar ao partido plena capacidade de iniciativa na aprovação de uma nova constituição”. O jornal escreve ainda que “a constatação da impopularidade do MPLA é corrente em avaliações sobre a actual conjuntura. Luanda é apresentada como principal foco de tal impopularidade”. A avaliação aqui referida acrescenta que “o fenómeno se reproduz com acuidade maior na província da Lunda-Norte (insatisfação da população face a excessos da exploração diamantífera), enquanto na província da Lunda-Sul há um equilíbrio entre MPLA, UNITA e PRS”. Diz ainda o AM que “as listas de candidatos a deputados do MPLA não apresentam nenhuma figura que no passado tenha renegado notoriamente a UNITA; a única excepção é Miguel Nzau Puna, o qual, porém, foi convidado a integrar as listas em circunstâncias e por razões plenamente relacionadas com a questão de Cabinda”. Acrescenta o AM que “de acordo com informações credíveis, a não inclusão de indivíduos com o perfil de “dissidentes da UNITA” nas listas dos MPLA foi ditada pelas seguintes considerações: - A sua utilidade política e prática esvaiu-se; a luta contra a UNITA, em particular contra o seu antigo líder, Jonas Savimbi, já não é moblizadora; poderia mesmo produzir efeitos perversos, por ausência de sentido. - Necessidade de fixar uma regra destinada a não atender a nenhuma das múltiplas pretensões de “dissidentes da UNITA” e de outros partidos, incluindo a FNLA, que se vinham insinuando ou movimentando, alguns dos quais ostensivamente, tendo em vista a sua inclusão”. “Entre os casos individuais mais sintomáticos de não inclusão de dissidentes de outros partidos avultam os de Jorge Chicoty, ex-UNITA, que aderiu ao MPLA e se tornou membro do CC; Hendrik Vaal Neto e Moisés Camabaya, estes ex-FNLA, também aderentes ao MPLA, de cujas estruturas dirigentes fazem parte”, prossegue o AM. “Em lugar de dissidentes de outros partidos, que também são alvo de subliminar animosidade e desconfiança da parte de quadros e dirigentes do MPLA (consideram-nos seus competidores), as listas recuperam históricos do partido como França Ndalu, Magalhães Paiva “Nvunda” e João Luis Neto, “Xietu”, entre outros”. “A par da marginalização dos chamados “dissidentes da UNITA” – há indicações consistentes segundo as quais a decisão respectiva foi de José Eduardo dos Santos – também não se apresentou às eleições nenhum dos partidos artificialmente criados pelo regime com o fim de fustigar a UNITA e J. Savimbi”. “Membros de um dos referidos partidos, a TRD, com sede na Maianga” – citamos o jornal – ainda promoveram iniciativas destinadas a reactivá-lo para se apresentar às eleições” mas “a intenção não teve seguimento”. “O facto de os principais dirigentes da TRD serem originários de Cabinda deu azo a suspeitas de que o propósito da reactivação do partido fosse o de agitar a questão do território”. Ainda segundo o AM o presidente da TRD é formalmente Miguel Nzau Puna. Os outros originários de Cabinda que integram a direcção, ambos também dissidentes da UNITA, são Tony da Costa Fernandes e Raul Danda; o principal não originário é Paulo Tjipilica, ex-ministro da Justiça, actual Provedor de Justiça”.
(Redacção / Africa Minotor Intelligence)

No comments: