Tuesday, 17 February 2009

"Secreta descobriu linha de financiamento desviada pelo Gen. Kopelika"


Luanda - O Presidente do PARTIDO ANGOLANO INDEPENDENTE – PAI, Prof. Doutor Adriano Parreira solicitou ao Procurador Geral da República, para instaurar um inquérito criminal a fim de se apurar a veracidade das acusações feitas em Luanda dando conta da existência de dinheiro "remanescente" que o General Kopelika "depositou numa conta bancária em Hong Kong" e da tentativa de assassinato ao General Miala.


CARTA AO PROCURADOR GERAL
Sua Excelência
Procurador Geral da República
Procuradoria Geral da República
LUANDANa ref. 12/345/APN/24.9.07
Assunto: Solicitação de inquérito criminal.


Excelência,

Preocupadíssimos com as acusações proferidas durante o pretérito fim de semana pelo sr. Francisco André, irmão de Miguel Francisco André, preso no chamado Caso Miala, envolvendo as mais prestigiadas instâncias do Estado e divulgadas pela Rádio Despertar durante toda a manhã do dia 24 de Setembro de 2007, e que passamos a transcrever na íntegra:

"Em finais de 2005, a Direcção do SIE realizou uma viagem à China a mando do Presidente José Eduardo dos Santos no sentido de investigar presumíveis desvios de fundos da China por parte do sr. Antoninho Van-Dúnem, então Secretário do Conselho de Ministros. Este recusara redondamente ter desviado fundos da China. A missão do SIE, Serviços de Inteligência Externa, conseguiu reunir provas e apresentou-as ao Presidente Dos Santos.


Ao sr. Antoninho Van-Dúnem não aconteceu absolutamente nada. Ficou por Londres no Consulado angolano sem fazer nada mas ganhando 5 (cinco) mil dólares mês sem fazer nada.



Os milhões por ele desviados nunca foram ressarcidos ao Estado angolano. Este senhor [Antoninho Van-Dúnem] não foi julgado nem condenado. Porquê que os nossos irmãos estão condenados? Por não levarem a farda ao quartel? Quando há pessoas que cometeram crimes graves e andam a passear por esta cidade, por esta Angola.



Entretanto, nas investigações do SIE, ou durante as investigações a missão do SIE, com a ajuda de um angolano que reside na China, não vou citar o nome, descobriu que havia outra linha de financiamento que já estava a ser desviada pelo General Kopelika [Chefe da Casa Militar do Presidente da República e Director do Gabinete de Reconstrução Nacional], antes mesmo das obras terem iniciado em Angola.



O General Kopelika toma conhecimento dessa descoberta, retira o remanescente deste dinheiro e deposita-o numa conta bancária em Hong Kong.



Abro aqui um parêntesis para dizer que é este dinheiro que estão a tentar reaver para acabar as obras, mas o Banco de Hong Kong recusa-se a devolver este dinheiro porque foi depositado a prazo.



Povo Angolano, é aqui que começa o calvário dos nossos irmãos. Desde a altura desta descoberta, o Presidente dos Santos nunca mais recebeu a Direcção dos Serviços de Inteligência Externa.



O Chefe da Casa Militar, o Primeiro Ministro [Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó"] e o General Zé Maria [Chefe dos Serviços de Informação Militar] montaram o falso cenário de golpe de Estado, usando o Brigadeiro Veríssimo para desacreditar a Direcção do SIE.



O resto é o teatro que o Povo conhece. Por isso nunca houve tentativa de golpe de Estado nem tão pouco a famigerada insubordinação.



O problema real está no dinheiro da China, que já não existe. A história de pedras preciosas no novo aeroporto é pura invenção.


O caminho-de-ferro ficará como está, mas os chineses continuam a carregar o nosso petróleo até que o país cubra a dívida.



Estão procurando novos financiamentos para acabar as obras. Alertamos aqui a comunidade internacionais (sic) e os possíveis financiadores para estarem atentos.Estas pessoas são terríveis, ficamos com a impressão que não são humanos. Já morreram várias pessoas desde o início deste problema. Durante estes dois anos os nossos irmãos foram perseguidos impiedosamente para serem eliminados.



Fomos submetidos a torturas psicológicas, escutas telefónicas, residências e viaturas sob escuta (sic), eles sofreram várias tentativas de assassinato, agora que estão nas mãos do Governo e do Estado nós apenas rezamos pelas suas vidas, porque este regime é maquiavélico, tudo pode acontecer. Numa das últimas perseguições, o chefe Miala conseguiu ludibriar e deter o perseguidor. O jovem, descreveu tudo. Havia sido orientado que a perseguição iria até 2009, altura das eleições.



Por favor, olhem para isto e para a sentença. Não há dúvidas, este processo foi encomendado. A sentença estava definida à partida. À última hora ouvimos que estão a preparar as celas na cadeia de São Paulo. As pessoas que prepararam as celas usaram máscaras.



Porquê? Apelamos aqui aos Organismos internacionais, para, e as entidades religiosas para reverem esta situação. Povo angolano, isto não é tudo. Existem situações mais graves que o Povo um dia saberá. Temos provas. Perante o que acabamos de exprimir pedimos à comunidade internacional, especialmente as Nações Unidas, que nos ajudem a libertar os nossos familiares.



As suas vidas correm perigo. Eles queriam apenas trabalhar para resolver os problemas do Povo, porque foi assim que o camarada Presidente Dr. António Agostinho Neto nos ensinou. Estamos prontos para apanhar uma bala na esquina, sermos envenenados, batidos ou atropelados. Somos vítimas do regime ditador implantado em Angola. Temos apenas a protecção de Deus, porque ele será o último a fazer justiça. Muito obrigado."


O Sr. Francisco André acrescentou:

"Farei referência apenas a nomes do MPLA porque estou moralmente autorizado a citar estes nomes.


Camaradas; Roberto de Almeida, Kundi Payama, Francisco Magalhães Paiva "Vunda", Afonso Van-Dúnem "Mbinda", Lúcio Lara, António França Van-Dúnem "Ndalu", Julião Mateus Paulo "Dino Matross", Agostinho André Mendes de Carvalho "Wanyenga Xitu", Costa Andrade "Ndunduma", Júlio de Almeida "Juju", Artur dos Santos Pestana "Pepetela, Arlindo Santos, Teresa Cohen, Maria Mambo Café, Ângela Bragança, José dos Santos Gil, Luzia Sebastião, Ruth Neto, Maria Eugénia Neto, Lopo Ferreira do Nascimento, Marcolino Moco, França Van-Dúnem, João Lourenço, Santana André Pitra "Petrof", Alexandre Rodrigues "Kito", Cézar Augusto "Kilwanji", Joãp Liz Neto "Xietu", Alberto Van-Dúnem, Neto Van-Dúnem, Adriano Sebastião, Diogo Ventura, Amadeu Amorim, Bornito de Sousa, Bento Fernandes Bento "Bento Bento", Job Castelo Capapinha, André Passy, Bento Cangamba, Carlos Lamartine, Rui Vieira Dias Mingas, Manuel Rui Monteiro, Pedro Mutindi, João Ernesto dos Santos "Liberdade", Hermínio Escórcio, Norberto dos Santos "Kota Kanawa", Evaristo Domingos Kimba, Ludi Kissassunda, Henrique Santos "Onambwe", General Farrusco, General João de Matos, General Armando da Cruz Neto, General Sukissa, General Nguto, General Vietnam, General Eugénio, General Marques Banza, General Sanjar, General Antas, General Nzumbi, e tantos, tantos outros nomes que não nos vêem à memória.



Vós sois os nossos pais, as nossas mães e irmãos, vós fostes a nossa fonte de inspiração durante muitos anos. Mas aonde é que estarão neste momento? Será que estão vivos? Será que actualmente aceitam de consciência que este é o país pelo qual vocês lutaram? Por favor, despertem, façam ouvir a vossa vós, nem que seja o vosso último esforço para repararem a situação actual do nosso país.



Porque é que estão marginalizados? Porquê que não se ouve a vossa voz? Porquê que não podem expressar as vossas ideias e opiniões? Porquê que estão marginalizados, meu Deus? Qual é o vosso medo? Isto é grave, meus senhores.



O Povo está a morrer de todo o tipo de doenças. Aonde estão os hospitais, as estradas, as escolas, a água, a electricidade? Para onde é que nós vamos? Por favor, despertem? A vossa idade não vos impede de expressar as vossas convicções e ideias para o bem-estar deste país.



Peço-vos do fundo do meu coração, para que intercedam junto do Presidente José Eduardo dos Santos no sentido de libertar os nossos familiares, porque está provado que eles estão inocentes."


Perante estas declarações o PARTIDDO ANGOLANO INDEPENDENTE – PAI, profundamente chocado com o seu conteúdo que visa directamente as mais altas instâncias da Nação, nomeadamente Suas Excelências o Presidente da República, o Primeiro-Ministro, o Chefe da Casa Militar do Presidente da República e o Chefe dos Serviços de Informação Militar, envolvendo também os Serviços de Inteligência Externa e sua chefia, e por se afirmar:


1) a ocorrência de desvios do erário público de "milhões" pelo sr. Antoninho Van-Dúnem, "que nunca foram ressarcidos ao Estado angolano"; "sem nunca ser julgado ou condenado"


2) a existência de "pessoas que cometeram crimes graves e que andam a passear por esta cidade, por esta Angola", aparentemente impunes;


3) a existência de "outra linha de financiamento que já estava a ser desviada pelo General Kopelika, antes mesmo das obras terem iniciado em Angola";


4) a existência de dinheiro "remanescente" que o General Kopelika "depositou numa conta bancária em Hong Kong" a prazo;


5) a "procura de novos financiamentos para acabarem a as obras";


6) a "morte de várias pessoas desde o início do processo";


7) a realização das eleições em 2009;
a "existência de situações mais graves que o Povo um dia saberá";


9) a posse de provas sobre gravíssimos crimes urdidos contra os interesses superiores do Estado e do Povo angolano;


10) a vigência de "um regime ditador implantado em Angola"



11) o genocídio de que é vítima o Povo angolano que "está a morrer de todo o tipo de doenças", sem "hospitais, escolas, água e electricidade", devido aos afirmados desvios de "milhões, em nome do PARTIDO ANGOLANO INDEPENDENTE – PAI, venho por este meio muito respeitosamente solicitar que Va Exa Sr, Procurador Geral da República, acione imediatamente os mecanismos legais institucionalmente ao seu dispor na qualidade de zeloso defensor dos interesses do Estado, no sentido de mandar instaurar um inquérito criminal pelas Autoridades competentes a fim de se apurar com todo o rigor a veracidade dos gravíssimas acusações citadas de 1) a 11), de crimes aparentemente praticados de forma dolosa e por associação criminosa com vista ao desvio de importantes recursos do Estado, investigação que será com certeza facilitada uma vez que o acusador e os acusados estão perfeitamente identificados.



Com a certeza de que, atendendo à gravidade extrema das acusações, Va Exa dará sem demora célere seguimento, em forma de inquérito policial, a esta nossa solicitação, queira aceitar, Sr. Procurador Geral da República, os nossos melhores cumprimentos


Fonte: Le Cabinda Libre (CGSNE)

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