Tuesday 26 August 2008

A OPINIAO DE MANUEL DE ARAUJO SOBRE AS INTERNAS DA FRELIMO


Canal de Opinião: por Manuel Araújo (*) O que será de Comiche? Maputo (Canal de Moçambique) - Eram cerca das 20.00 horas de Sexta feira, quando uma mensagem de um amigo, confirmava que David Simango acabava de vencer o pleito interno do seu partido para candidato as eleicoes municipais da capital do pais, deixando de fora o actual Edil, Eneas Comiche e Generosa Cossa. Ainda no mesmo dia, numa das nossas entradas (no blog) vaticináramos já este resultado, pois Simango parecia ser o candidato do Cachimbo (NR.: imagem de marca de Armando Guebuza). E que não faria sentido nenhum, pelo menos dentro da cultura do partido do «batuque e da maçaroca» (NR: os símbolos do Partido Frelimo), que um membro júnior do partido ousasse desafiar um membro da Comissão Politica! O Caso do mediático HM (NR: Helder Muteia) e paradigmático. Com a derrota de Eneas Comiche, termina assim, literalmente o reinado de Joaquim Chissano, uma vez que Comiche era o ultimo Chissanista não convertido à causa e música Guebuziana a manter-se no poder, mercê do mandato popular das ultimas eleições municipais. Comiche recusou terminantemente a ceder as pressões e chantagens de que era alvo no sentido de passar a cantar e a dançar a musica do novo DJ, AEG (NR: sigla do nome de Gubeuza). Como numa pista só se pode dançar a musica que o DJ principal toca, Comiche não tinha outra saída ou dançava ou então caía fora! Pelos vistos Comiche preferiu cair fora de cabeça erguida a vender-se por cinco cobres! O ponto mais alto da sua não conversão ocorreu quando Comiche desafiou a autoridade de AEG, no que se refere a nomeação da Governadora da Cidade de Maputo. Não era segredo para ninguémm que a «Mana» Rosa da Silva teria que se contentar com as migalhas da mana Luisa e não teria qualquer espaço de manobra governativa na gestão da capital enquanto Comiche tivesse o mandato popular. A partir daquele momento, Comiche assinara já a sentença da sua morte política, da mesma forma que HM o fez, quando desafiou AEG na sua ascensão triunfal ao Secretariado Geral do Batuque e da maçaroca. A lição ficou para a história: quem desafia o chefe, vai para a rua ou para o exílio forçado. As opções de Comiche: Comiche sai deste embate de cabeça erguida, apesar da derrota. Sai com uma folha de serviço impecável, e também sai com a vantagem de ter sido vítima, uma vez que sabia de antemão que não era o candidato do chefe. E mais, sabia que as regras de jogo haviam sido mudadas no meio do jogo, pois não faz sentido para ninguém que um membro da Comissão Política de um partido no poder não conheça as regras de jogo da casa. Ou é muito maquiavelismo ou então incompetência pura. Explico-me. Começou a ficar evidente que AEG jogaria qualquer cartada para descartar-se de Comiche, quando este aparentemente, não foi informado de que haveria primárias dentro do partido, facto que fez com que Comiche não participasse nelas, primárias essas que acabaram abrindo caminho para a homologação de David Simango como o candidato. Ora, que ginásticas legais foram feitas para incluir Comiche e Generosa sabendo-se que não foram às primárias, só a Pereira do Lago (NR. Rua da sede do Comité Central da Frelimo) nos pode dizer. O que será de Comiche? No entanto, a carreira política de Comiche pode apenas estar a começar. Ele tem várias opções: Umas férias no Algarve, Inhambane ou então um lugar discreto na Fundação Joaquim Chissano, à moda do ex-timoneiro da nossa diplomacia, Leonardo Simão, que não tendo conseguido ser eleito deputado, refugiou-se no cemitério dos ministros de Chissano. Haverá lugar para mais um desempregado na Fundação? A ver vamos. Ou vamos ter mais um banco, já que o lema dos ex-governadores do Banco Central e ou ex-ministros das Finanças passou a ser a criação de bancos! Oxalá seja um banco rural, lá em Cheringoma, Morrumbene ou Pebane! A última cartada de Comiche poderia ser, o lançamento de uma candidatura independente ou então tornar-se o candidato do Juntos pela Cidade. Esta atitude demonstraria a independência e coragem de Comiche. Aliás não seria a primeira vez no mundo que tal aconteceria. O ex-mayor de Londres, Ken Livingstone fez o mesmo e ganhou as eleições. Lembro-me de ter participado na campanha de Ken Livingstone e até de ter votado para Ken Levingstone, quando era estudante na Universidade de Londres. Livingstone era membro sénior do partido Trabalhista tendo liderado a Grande London Authority, que entretanto fora abolida pela Dama de ferro, Margaret Thatcher. Quando Tony Blair decidiu devolver o poder, o partido achou que Ken Levingstone não deveria ser o candidato dos Trabalhistas. Ao que Ken respondeu lançando uma candidatura independente e acabou ganhando a liderança do Município de Londres. A questão que se coloca é: será que um membro da comissão política (da Frelimo) pode dar tal salto? A realizar-se seria o cumprimento do vaticínio do Padre Couto (NR: Reitor da Universidade Eduardo Mondlane), segundo o qual o «batuque e a maçaroca» se desmembraria um dia. À luz da lei eleitoral que regula os pleitos municipais, Comiche ainda vai a tempo? Com a consagração de David Simango, pensamos que começou finalmente, apesar de tardia, a coroação de AEG à guiza de Luis XIV, que proclamou que O Estado Era Ele! ou seja L Etat Ce Moi, onde passara a reinar o quero, posso e mando! Uma nova era, onde o moto será sempre - faça aquilo que lhe mando fazer; não pense, execute! E, como não deixaria de ser o: se não estás comigo é porque estás contra mim! Agora resta sabermos quem será o concorrente de David Simango pela parte da Perdiz: Eduardo Namburete, Fernando Mazanga ou o mediático Jeremias Pondeca? (*) Manuel de Araujo,

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