Saturday 16 August 2008

A OPINIAO DE BENEDITO BULEIA

Radiografia da politica da juventude

... escrito por um defensor clandestino da causa da juventude Moçambicana...

Depois de ter acompanhado atentamente o debate promovido pela STV (Soico TV) no dia internacional da juventude, portanto 12 de Agosto; levou-me de seguida a escrever este artigo para situar a juventude Moçambicana com o divisionismo que se verifica a olho nu.
É sempre uma honra ver jovens como eu a discutirem a política da juventude publicada em 1996, algo que estes jovens não tem conhecimento profundo, uma vês que não participaram, e quando discutem a mesma politica, não convidam os que participaram na sua elaboração, a isso é um prazer enorme.
Em segundo lugar, não percebo que grupo ou qual juventude é beneficiária da tal politica, talvez os filiados ao CNJ (Conselho Nacional da Juventude) porque lá é onde devem ou deviam estar os jovens organizados independente da sua cor partidária, etnia, religião etc. A isso o governo já legitimou no número 3.1.1 alínea a) da referida politica; quando diz: A institucionalização do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), um órgão definido e assumido como interlocutor entre os jovens e o Estado, por um lado, e por outro como INSTRUMENTO de coordenação das actividades das associações e organizações juvenis do país...
Neste país existe dois tipos de grupos juvenis; primeiro: Os filiados aos partidos políticos e os que se organizam em forma de associações independentes. Logo, este documento reflecte a inclusão destes grupos numa única organização de âmbito nacional, que neste caso é o CNJ. Se algo vai bem entre estes grupos e o CNJ, me escuso de comentar.
Sem me alongar, eu gostaria de questionar ao Governo junto da sua Assembleia da República com as seguintes questões. Se por ventura ou aventura surgir uma resposta publica face a este artigo, pensaremos logo que já esta surgindo um maior cometimento do Estado na defesa destes jovens desamparados.
Agora interrogo:
Onde esta a tal promoção do fomento habitacional com vista a minimizar o problema habitacional dos jovens que querem construir os seus lares envolvendo instituições publicas e privadas? Mencionado na politica da juventude; e eu acrescento, onde esta a lei de mecenato??
Onde esta a tal promoção da formação e o fomento do auto-emprego?
Onde esta o sistema de formação para o trabalho com o intuito de facilitar a inserção dos jovens no mundo laboral?
Onde esta o regulamento sobre as formas de intervenção do Estado no apoio ao desenvolvimento das associações e organizações de âmbito juvenil, à luz da lei numero 8/91 de 18 de Julho?
Estas questões são apenas uma forma de recordar o que vem escrito na politica por eles escrita e organizada, sem dar fugas a esta juventude. Acredito que um numero muito reduzido de jovens conhecem esta politica, talves porque não lhes interessa, ou porque ouviram dizer que não existe muito subsidio nela. Não nos desfarçamos de santos, curvemos e observemos, ao invés de nos dispertamos no abismo e ja tarde. Vamos sugerir ao governo o que deve ser feito; alias se eles precisarem das nossas opiniões, ai faremos a questão de transmitir elementos coerentes e que espelham os reais anseios desta juventude. Esta tarefa não é para amanha, é para hoje. “alguém de vocês ainda se recorda com que idade Samora Machel se tornou presidente deste país? Muito jovem”
A politica da juventude vai mais longe quando diz que o objectivo desta politica é fazer da juventude a faixa mais participativa da sociedade no processo da construção da nação moçambicana constitui o objectivo fundamental da política do Governo relativa a juventude (analisem a frase em sublinhado). Que absurdo!
Bem, eu acredito que foi um sonho que o Governo teve, e como não se proíbe sonhar, foi bom para nos ajudar a pensar e repensar sobre a mesma e encontrar formas que se enquadram com a realidade do país, porque existe aqui alguma desfazagem. Não existe na Assembleia da república acções relativas aos jovens. Tudo esta apagado; os jovens que lá entram acabam envelhecendo.
Existem alguns jovens que na haste pública dizem assim: os jovens devem definir o seu papel... é uma grande vergonha quando oiço isto, afinal, neste país cada um decide sem a existência de algum instrumento regulador? Onde estão os legisladores? As pessoas devem ter consciência que não existem politicas públicas que favorecem esta juventude e que estamos a deriva. Estas teorias servem apenas para alegrar alguém ou alguns. São aprovadas tantas leis e decretos, mas nunca se pensou nesta juventude que transporta nas suas costas uma politica publicada em 1996, repito 1996, e é chegado a fase critica porque é quase nula aos desafios actuais, principalmente ao emprego e habitação.
Alguém dizia que os ricos deste país se preocupam em construir um casarão, uma mansão, num lugar enorme, ao invés de construir um prédio e encontrar formas de inserção dos jovens etc. Um outro disse que eles como libertaram a pátria, se preocupam em dividir os bens e espaços.
Quantos prédios altos já foram construídos após a independência em comparação aos deixados pelos Tugas? Não justifique, é só dizer tantos... se existe estes tantos, são edifícios mal feitos; não é preciso viajarmos para comparar, é so sair a rua e observar um edifício antigo e um da actualidade.
Eu não sei quem nos deu este sonífero? Não sei quem nos dará um guião orientador, porque na AR não existem jovens que possam lutar por tal.
Aqui fora só observamos diferenças, uns são jovens da FRELIMO e outros da RENAMO e uns outros andam à superfície lambendo deste e daquele lado num secretismo invisível ate que encontre a sua porta de entrada formal.
Não sou contra e nem a favor do Governo quando se fala da(s) politica (as) da juventude, mas o que espero deste governo é mais realismo com vista a inserção dos jovens nos órgãos de decisão e não abusarem dele em correcções etc. Nos precisamos de conquistar o nosso espaço e o governo deve abrir as portas. Se fizermos sem que o governo abra as portas, seremos escorraçados pelas avenidas através do uso de «kalashnicov» e seremos vistos deitados nas valas de dreno. Não podemos começar, mas se demorarem iremos tomar providencias e encontraremos saídas de alternativa e neste momento muitos serão envergonhados.
Não estamos aqui para recordar as palavras do dr. Kamati Mahoce, não.
Não estamos aqui para fomentar o espírito de revolta, não.
Não estamos aqui para dizer que uma minoria comanda este País, não.
Não estamos aqui para falar do assassinato de Eduardo Chivambo Mondlane, não.
Não estamos aqui para falar do bárbaro assassinato deLázaro Kavandame, não.
Estamos aqui sim para dizer ao governo que olhe na sua juventude e em conjunto encontre politicas que o ajudem a não ser visto como marginal, disseminador do vírus HIV, tipos que são pedidos mil anos de experiência para o primeiro emprego, etc. A isso é que queremos para nos sentirmos felizes e libertados.

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