Thursday 10 September 2009

A Opinião de Noe Nhantumbo

ROLAM OU NÃO CABEÇAS?
Após o descalabro documental remetido ao CNE que se espera?

Os partidos políticos moçambicanos tem de aprender a jogar o jogo nas circunstâncias reais e características do país. Não podem partir do ideal e fazer as coisas como se nos encontrassemos no país ideal, com as instituições ideais geridas por pessoas com altos níveis de altruismo e boa vontade. O panorama político moçambicano é cruel e é assim que as pessoas devem entender e fazer as coisas.
Agora já devia estar claro que a pretensão é repetir o MPLA de Luanda. Quando se aventa a hipótese de vitória retumbante existe alguma base para que as pessoas tenham esses e outros pronunciamentos parecidos.
O partido no poder não vai facilitar em nada coisa alguma que possa ser em benefício da sua oposição política. Se houve ou há excesso de zelo por parte da CNE ao analisar os documentos das diferentes candidaturas cabe aos partidos concorrentes provar. Se há erros nos documentos apresentados cabe a CNE esclarecer aos partidos. O que nao se pode permitir é que uma CNE proceda partindo de ilegalidades ou que seja forçada ou empurrada para decisões que ferem a legalidade do país.
Agora que temos que enveredar pelo caminho que todos os países do mundo adoptam da responsabilização individual por actos cometidos não me resta nenhuma dúvida. Não se pode ficar reclamando ou esperando que exista uma CNE toda favorável aos partidos da oposição até porque quem alimenta e atribui categoria de ministros com as mordomias e regalias correspondentes é o governo do partido no poder. Isso não pode deixar de ter a sua influência no momento de decidir.
Se alguma falha houve na máquina partidária cabe as estruturas dos partidos determinar o que foi e quem falhou. A partir da altura que se saiba disso há que tomar-se as correspondentes medidas sancionatórias.
Nada pode ficar a dever-se ao acaso e a depender da boa vontade deste ou daquele. Quem errou deve pagar pelos seus erros porque por causa disso todo um partido a nível nacional ou local fica prejudicado. Não se pode entrar pelo caminho fácil das acusações por vezes não bem fundamentadas. Cabe aos partidos fazer uma análise profunda de todo o expediente remetido a CNE e depois determinar onde se errou e onde se fez bem.
O que acaba de acontecer com muitas das candidaturas não aprovadas pela CNE é resultado do que se tem dito de que os partidos não trabalham em tempo útil. Preocupam-se com as coisas na última hora e daí advém erros e processos burocráticos mal estruturados.
Não se pode depender da boa vontade e compreensão da CNE ou qualquer outro orgão numa situação crítica e séria como eleições.
Os partidos políticos são máquinas que devem estar preparadas o tempo todo e equipadas com pessoal competente para aferir e verificar a autenticidade documental necessária ou requerida pela CNE.
Não se pode encomendar ou mandar fazer e depois não verificar se os processos estão conforme o requerido.
Não é difícil concluir que a CNE trabalhou mal e que está trabalhando mal em todo este processo. Parece que esta deve ser a pior CNE que o país já alguma vez teve.
Mas nada disso tira responsabilidade a quem tem sobre determinados actos que poderia ter controlado, verificado e não o fez.
Aquele hábito instalado entre nós de não prestar contas e de não nos responsabilizar-mos pelo que acontece de mal nos nossos diferentes pelouros transformou-se em doença contagiosa.
Se algo nao correu conforme e por culpa de alguém bem específico há que rolarem cabeças.
Essa é uma das diferenças mais pronunciadas entre os desenvolvidos e nós...

2 comments:

Anonymous said...

Esta fase pre-eleicoes esta cheia de complicaces. A CNE diz que tem razao (e nesse caso devem rolar cabecas nos partidos); mas os partidos excluidos tambem dizem que tem razao, e a CNE "agiu de ma fe" (o k implica k nao ha necessidade de "cabecas"!).
Talvez depois da posicao definitiva do CC(?), ai sim...
Grande reflexao essa do Noe. Parabens!

Anonymous said...

Senhor Noe Nhantumbo
Gostei da tua analise, mas julgo que falta mais uma PROVAVEL vitima: a CNE. Se os partidos devem se livrar daqueles que, eventualmente, prepararam mal os documentos das candidaturas, tambem se o CC validar as reclamacoes dos partidos, na CNE devem "rolar cabecas". Nao achas?