Tuesday, 15 September 2009

A Opinião de António de Almeida

Que pena do mal que têm feito a nossa democracia que já é muito pobre

É difícil Fazer um diagnóstico de um país extremamente complicado, principalmente quando se trata de um aprendiz em matéria de análises como é o meu caso. Mas o que peço é uma chance de poder exprimir os meus sentimentos nalguma página de algum jornal, assim como um feto pede a mãe que lhe carrega no ventre, a chance de existência.
Já nos outros tempos, os escravos da nossa pátria diziam que o colono branco era mau porque os chicoteavam nas costas ou em algum outro lugar do corpo. Mas no meu entender, mais vale as dores nas costas que uma dor na alma que é a que todos os moçambicanos sentem; dor essa causada pelos próprios irmãos que por alguma ironia do destino chegaram ao poder.
Mais vale sofrer nas mãos de um estranho que nas mãos do próximo, porque do próximo temos quase a certeza de que é o nosso protector e o estranho o nosso impostor. Mas não, nós os moçambicanos vivemos a Deus dará e se não fossem os estranhos talvez já tivéssemos naufragado num mar criado pelos corruptos deste país que só pensam nos seus interesses profanando o sangue daqueles que pereceram guerreando por uma verdadeira democracia, por uma verdadeira causa de existência dos moçambicanos mas que os outros não os deixaram progredir pela sua ganância ao poder.
Os outros que para os seus compatriotas agem como se estivessem a agir para um grupo de sarnentos; esse grupo a que me refiro é o povo que esse bando de indomesticáveis procura para poder arrancar deles o voto na época eleitoral, mas que depois de alcançar os seus objectivos, o povo que vá para a merda.
Hoje temos uma nação com um grupo de pessoas que dizem pertencer a uma camada intelectual ou que auto se proclama académica.
Que tipo de intelectuais ou académicos são esses que aceitam comprimir os seus ideais manipulados por um sistema conduzido por corruptos, ladrões, assassinos, sei lá qual o nome que lhes cabe melhor, mas que são eles que atribuem o intelecto aos nossos pobres intelectuais; a esses podem chama-los de intelectuais?
Acho eu que um intelectual tem uma causa, ou a sua intelectualidade tem uma causa. Mas os nossos intelectuais pela ganância ao poder ou ao dinheiro rompem o cordão umbilical com a escola da sua formação, tornando-se enteados perante os seus aprendizados, e consequentemente nem eles sabem onde estão e o que fazem.
Como disse no princípio, é muito difícil para um aprendiz fazer um diagnóstico lógico de um país que se diz democrática e um Estado que também se diz de direito mas que não se vê direito nenhum, mas vê-se uma justiça completamente desmoronada e corrompida pelo sistema dos poderes. Será que não é altura dos estudantes de ciências jurídicas pararem, reflectirem e perguntarem-se se é de facto para defenderem corruptos que vale os seus estudos.
Como eu existem se calhar um milhão de gentes com raiva desse sistema que não tem diferença com os grupos terroristas, mas os terroristas se calhar são melhores porque eles têm uma causa – matar. Mas os do sistema podre deste país, dizem que a causa é de paz mas meu deus do céu! Esses gajos também matam e como matam?
Temos no poder desta pérola do Índico Lobos com pêlos de Cordeiros, que na hora de cumprir com o que prometeram ao povo, esticam as mãos e enchem os bolsos seus e de seus próximos com os bens que vem da contribuição dos impostos cobrados e o povo que se lixe.
No domingo do início da campanha eleitoral e no bairro do Sinacura na cidade de Quelimane, estava uma viatura de marca Nissan de cor cinzenta e coberto com panfletos do Partido Frelimo com a chapa de inscrição MMR 13-75.
Parei, e vi que quem a conduzia era um amigo de infância. Disse-lhe logo que o carro era património do Estado e que era inconcebível que estivesse a fazer campanha para um partido politico.
O pobre jovem em mentalidade virou para mim e disse: se brincares com a Frelimo vais-te lixar.
Perguntei: vou-me lixar porque estou a perguntar sobre o uso incorrecto de um bem que existe a partir das nossas (povo) contribuições?
Como se não quisesse mais confusão, retirei-me do local. Horas depois, alguém que me conhece e que esteve no lugar da ameaça aliás, em que fui ameaçado, ligou-me e disse: afinal tens muita razão, porque aquele carro é do Instituto Nacional de Estatística.
Fiquei com pena do jovem que comigo quis discutir dizendo que a Frelimo era estado e que ele comprou o carro num abate.
Algum dia o estado moçambicano abateu carros novos? Perguntei ao jovem.
Afinal fiquei a saber que o meu amigo de infância havia partido o lápis e rasgado o caderno já há muito e que mal sabia escrever seu nome e que o carro estava em suas mãos porque estava na oficina de seu irmão onde ele é ajudante, tendo sido autorizado pela Frelimo para usar a viatura como forma de aumentar a caravana dos camaradas.
Com este tipo de comportamento podemos assumir ter uma democracia?
E se o povo reagir dirão que está a ser induzido?
“Muitos só sabem dizer que o mar é violento, mas se esquecem das margens que o comprimem”.

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