Saturday 16 August 2008

A OPINIAO DO BISPO SENGULANE SOBRE A CRISE ZIMBABWEANA E A SADC




SADC não faz o suficiente para resolver crise no Zimbabwe
- acusa Dom Dinis Sengulane, bispo anglicano moçambicano
Maputo (Canal de Moçambique) - Em Moçambique, nas vésperas de mais uma cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), uma das mais importantes figuras ligadas à Igreja, o Bispo Anglicano Dom Dinis Sengulane censurou o região por, na suas palavras, não fazer o suficiente para resolver a crise zimbabweana. Falando à BBC aquele prelado manifestou-se ainda preocupado pelo encerramento, previsto já para hoje, dos centros criados na África do Sul para acomodar imigrantes em fuga da onda de violência xenófoba que recentemente abalou aquele país. Tem sido a marca do Bispo dos Libombos, Dom Dinis Sengulane, não ficar indiferente e posicionar-se perante questões candentes, como aliás aconteceu durante a guerra civil em Moçambique quando jogou um papel preponderante no processo que culminou com o acordo de paz de Roma. Desta feita o assunto é Zimbabwe, a começar pelos mais recentes desenvolvimentos naquele país, nomeadamente as negociações entre a Zanu-FP, de Robert Mugabe, e o MDC. O Bispo Dom Dinis Sengulane disse e citamo-lo a partir da BBC: “Lamento dizer que não posso olhar para a situação com optimismo mas com esperança. Há muito que deve ser feito, especialmente para ver a urgência da situação, de salvar vidas humanas. Até organizações humanitárias são alvo de desconfianças, quando são uma das poucas esperanças que restaria ao povo do Zimbabwe para ter acesso a algo extremamente básico, e isso nem parece estar hoje nas agendas dos decisores. A lentidão nas conversações levam-nos a dizer: Por favor venham em nosso auxílio e no do povo Zimbabweano”. A BBC perguntou ao Bispo Dom Dinis Sengulane se sentia que mais devia ser feito em relação ao Zimbabwe pela região, que de uma maneira geral tem optado pela chamada ‘diplomacia silenciosa’. O clérigo respondeu “Eu sinceramente acho que não estamos a usar metade das nossas capacidades como região para resolver o problema. Temos de despertar e reconhecer que o problema do Zimbabwe é nosso problema. Estamos a fazer muito pouco uso das nossas capacidades. Até quando? O que é que ainda não aconteceu no Zimbabwe que nos impeça de considerar que é uma crise? Tudo já aconteceu!” O bispo fez ainda referência à decisão da África de Sul de encerrar os campos de acolhimento criados na sequência da onda de violência xenófoba naquele país. “É um passo imprudente, cedo de mais e extremamente perigoso para os cidadãos que se encontram nesses lugares. As informações indicam que a situação continua incerta, perigosa mesmo. É nesse contexto que pedimos à Igreja para interceder junto do Governo sul africano, pedindo que reconsidere, e apelamos que reconsidere essa decisão”, afirmou o bispo à BBC em entrevista Euleutério Finita.
(Redacção / BBC)

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